21.11.25

pico de novo

Não há nada além do pico. Nas relações de amor, depois que se atinge o pico só se pode cair. Portanto, uma boa solução para os casais amantes pode ser jamais atingir o pico, para evitar o conseqüente risco da queda. Ou, atingido o pico, optar por descer a ribanceira, com todo o cuidado — ou saltar profundo para os braços de um outro novo grande amor.

Mas a maioria morre sem sequer conhecer o pico, e tem gente que chama de pico o que não passa do sopé de uma colinazinha ali na esquina...


O que proponho com minha concepção de amor pode parecer um absurdo, mas é assim que penso, realmente. A lembrança de um grande Amor é infinitamente melhor que o risco de vê-lo morto em meio ao tédio. Portanto, separem-se no pico.


Essa questão do Pico do Amor, e da melhor forma de deixá-lo ou não, é bastante complexa. Mas acho que a melhor solução é aquela dos alpinistas: Chegando lá no alto, no pico do K2, fincam uma bandeirinha, curtem seus momentos de glória, entram em transe... e descem para uma nova aventura, uma nova conquista. Depois, vão ao Everest, etc. Pode até ser que um dia voltem ao K2, quem sabe.

Mas, se ficarem lá para o resto da Vida, perde a graça...
Perde completamente a graça!
Eu acho.

Mas cada um é cada outro...





19.11.25

Deus é um escritor

EU PENSAVA QUE DEUS ERA ESCRITOR

Quando eu era bem criança, diziam-me que Deus escreve no livro da nossa vida todas as coisas que fazemos. Esse livro deve ser enorme, eu pensava. E o pior: no dia do Juízo Final tudo seria revelado. Nada seria mantido em segredo — nem mesmo aqueles pecados maravilhosos que cometíamos, eu e Marina, no escuro do meu quarto, de portas fechadas e respiração suspensa. Só não me disseram que as páginas desse livro estão guardadas em nosso próprio coração. E que o Deus que escreve nelas somos nós mesmos. E que nada vai se apagar porque a tinta é indelével: escrevemos com sangue.

Sorte que, com a ajuda de minha Vó Vitalina, descobri cedo, e fui concluindo pelo lado certo. Ou seja, a hipocrisia me jogaria no abismo do inferno — mas a espontaneidade me salva. Por isso é que eu digo: Deus vê tudo o que você faz, porque Deus está lá, onde está o teu coração. Se você agir certo, será recompensado por teus atos. Não é preciso contar pra ninguém: Deus está vendo tudo. Mas, se agir errado, se você for injusto, cruel, insensível, hipócrita, ciumento — o Deus que te habita vai te foder. Mais cedo ou mais tarde, de um jeito ou de outro, Ele vai te foder! Desse Deus nada se oculta... Absolutamente nada.

Portanto, não adianta fazer nada escondido: Deus vê tudo. Essa é uma das metáforas mais criativas da mitologia cristã: Deus é Você, e nada do que faz pode ser feito sem que você mesmo saiba. E quem registra tudo no teu livro é você — que é Deus! Se contrariar a tua própria natureza, você mesmo é que vai registrar esse pecado no teu livro. Se disser uma mentira qualquer, não é preciso que os outros a descubram: — ela fica imediatamente registrada no teu próprio coração. E no inconsciente, é claro.




18.11.25

Razões para casar

Um casamento jamais será opressivo (ou torturante) — se os casais abdicarem da sua tão querida liberdade pessoal. Suprimida esta, preferencialmente de forma consensual, a harmonia se instala na relação. O sentimento de opressão só advirá se pelo menos um dos parceiros continuar amante da liberdade. Afinal, ninguém se casa para ficar mais livre. Seria uma contradição... Nesse sentido, requer-se apenas uma verificação do custo/benefício: quanto perco da minha liberdade pessoal — e quanto posso ganhar em outros campos. Quanto prazer pode me dar uma possível reclusão. Quanta segurança. Quanta garantia. Quanto sossego. Quanta tranquilidade. A gaiola é bonita? Tem comida? São essas algumas das questões que se podem levantar para entender uma relação de amor.

Toda relação é restritiva — por definição. O que varia é o grau de restrição e os propósitos mútuos dos que se relacionam. Mesmo as relações comerciais são restritivas, posto que fundadas em mútuas concessões. Eu te dou um desconto — e você só compra de mim. No casamento ocorre a mesma coisa. Eu tolero a tua cerveja e o futebol, e você não reclama por me ver descabelada. Eu só transo com você, e você não sai com mais ninguém. Você me dá um desconto, que eu te pago à vista. E por aí vai.

É uma troca, simplesmente.

Também influem os objetivos imediatos ou remotos de cada um, além da sua (i)maturidade emocional. Emprego está difícil, vou me casar. Quero ter um filho, e preciso de alguém que o produza, eduque, ou sustente. Quero sair da casa dos meus pais. Quero morar com meu atual namorado ou namorada. Quero alguém para ser a projeção da minha mãe. Quero ajudar alguém. Quero que alguém me ajude. Quero ter a chance de exercer minhas ganas autoritárias. Quero constituir uma família. Quero ser respeitável. Quero voltar a ser santa. Quero uma empregada doméstica. Quero seguir a tradição. Enjoei do meu estado civil original. Quero reproduzir a relação dos meus pais, exatamente igual — ou corrigindo-a. Quero mudar de vida. Quero melhorar a vida. Estou apaixonada. Quero desperdiçar minha vida. Cansei de ser livre. Quero me regenerar. Quero fazer uma grande besteira. Quero fazer uma besteira monumental. Nosso casamento será diferente. Quero fazer amor todo dia. Quero ser feliz. Quero engordar. Quero deixar completamente sem graça a minha vida sexual... Etc.


Como se vê, razões para casar é o que não falta.


Porém, no casamento tradicional, há quase sempre um componente meio maldoso que, contraditoriamente, estraga muito a relação — exatamente para tentar mantê-la em pé: ou seja, o ciúme. Esse sentimento horroroso chamado ciúme.  Mas aí já é outra história. /// No livro Solidão a Mil eu escrevo algo mais sobre essa minha tese.




Texto originalmente publicado em Abril de 2008 - Guarujá, quando eu estava reformatando meu quinto casamento. Em verdade, refinando a relação. Para que aquele amor não morresse no Pico. Como aliás não morreu, posto que cada um de nós prosseguiu, livremente, no seu respectivo e amoroso caminho florido.




16.11.25

Joyce Ann

 

Basicamente, ela chegou a essa conclusão porque, nesses trinta anos, nunca me viu triste. Nunca me viu brabo, nem ansioso, nem desesperado. Nunca me viu desequilibrado emocionalmente. Nunca me viu brigar com ninguém. Nunca me viu doente. Nunca me viu reclamar de coisa nenhuma.

Ao contrário: 

Ela sempre me viu alegre, sorrindo, cordial, empático, simpático, compreensivo. Sensato. Bem-humorado. Racional. Carinhoso. Criativo. Solidário. E ainda comunista chinês...


Ou seja, comparativamente aos demais, eu não pareço ser humano... rs!


E estamos completando quase trinta anos de convivência extremamente harmoniosa. Intensa. Quatorze anos na mesma casa. Mais treze anos no mesmo prédio. E nos três últimos anos (quando ela engravidou da Lunna) a convivência é quase toda virtual, com conversas geralmente diárias... Longas. Gostosas. Alegres.

Nunca brigamos.

🩷

Vou pedir pra ela gravar um depoimento sobre isso.

 

 

Chegamos a trabalhar juntos, no total por mais de quinze anos, em quatro das empresas que abrimos:


NorteSul, a PortoBelissimo, a Primeira Construtora e a Calçadas do Brasil. E ainda vamos abrir mais algumas.

🟩🟩🟩

 

E eu adoro que assim seja!

16.11.2025



Outras justificativas dela para ter chegado a essa conclusão podem ser vistas em:

www.MudeaVida.com

🟩🟥🟩


Edson Marques.


Minha Mãe também pensava isso a meu respeito.


Mais detalhes em

www.EdsonMarques.com

***

15.11.25

Declaração de amor à Vida

Minha honestidade pessoal me leva a ser autêntico. A nunca fazer o que eu não queira. Porque não preciso fazer aquilo que não quero. Posso perder algumas coisas por ser assim, agir assim, pensar assim. E seguramente perco mesmo muitas coisas — muitas! — mas todas não significativas para mim. Perco coisas, mas não perco liberdade. Não perco aventuras, não perco amor, tesão, gostosura, desejos, tentações. Ou seja, posso perder coisas, mas ganho na dimensão da minha personalidade, da minha alma, da minha alegria. Pois não abro concessões àqueles que possam querer me prender.

Não jogo minha própria vida em troco de salário, prestígio, poder, posses, coisas, tranqueiras. Não permito que me roubem esse único presente que tenho 
 em troca de um futuro que nem sei se vai haver.

Não assumo compromissos que me sufoquem, ou que me levem à exaustão para cumpri-los. Não crio dependências que me prendam, em hipótese alguma. Não me casei, não tenho filhos, não tenho noivas, não tenho muitas namoradas, não faço juras de amor eterno, nem tenho planos mirabolantes que possam sugar minha existência gostosa de agora.

Faço só o que me dá prazer — e apenas pelo prazer. Sem nenhuma maldade. Sem dor, sem pressa, sem esforço desumano, sem mágoas, sem ciúmes, sem cansaço e sem pressões. Sem explorar quem quer que seja.

E isso não é um mero jogo de palavras: Eu sou assim.

Sou o dono do meu tempo.

Sou o diretor da minha Vida.

E não deixarei de amar os meus amores em nome de nada!





13.11.25

Duas ou três gotas de Champagne

Nesta noite vitoriosa e de amor escandaloso a própria lua pára atônita no céu e nos assiste. Num voo imaginário de pássaro surpreso, meus doces lábios de morango tocam de passagem tua boca entreaberta: duas ou três gotas de champanhe caem no teu mamilo pontiagudo, como chuva de cristal no Pico do Everest. Ajoelho-me ao teu lado, e teu corpo já não é mais apenas o teu corpo: é uma catedral...

Como em liturgia, sussurro uma breve oração poética, uma prece de amor, e teu instinto felino salta por sobre os meus propósitos. Nossas humanas emoções se instalam de repente, porque tua inocência é o maior afrodisíaco. O infinito brilho nos teus olhos me fascina — outra vez — e então concluo que viver não tem limite:

Sinto-me agora como se Deus derramasse mil flores recém-colhidas na minha cabeça.

Só me resta beijar tua clavícula, meu amor.

Tua clavícula..

11.11.25

A colonia penal

Dizem que havia uma colônia de vermezinhos graciosos no fundo de um lodaçal. De vez em quando, alguns deles subiam à superfície e nunca mais voltavam. Isso deixava preocupados aqueles que permaneciam lá no fundo. O que será que tem lá em cima, que tipo de perigos pode haver? — eles se perguntavam. Até que certo dia um deles acordou, pôs as duas mãos no coração e prometeu sinceramente aos seus irmãos: 



Preparou-se bem, leu Nietzsche e Henry Miller, armou-se de inocência e de coragem, aguou suas plantinhas, atualizou o Facebook, despediu-se dos amores, desfez as suas malas — e subiu.




Mas, assim que chegou à superfície, viu Luz, transformou-se numa libélula livre, abriu as DUAS asas enormes — entusiasmou-se! — e voou alegremente para o azul anil do céu profundo... 

E agora já não pode mais voltar. 

Morreria se voltasse...




Volume 3.






Atualizei esse texto em 11.11.2025 e republiquei hoje, também no Facebook.

10.11.25

Restaurante Azul

Eu também gosto de cozinhar... Eis meu almoço de hoje. Acabei de fazer. Talharim Bonalle com alho cozido e bacon, mais brócolis e pimentão vermelho, com azeite, cebolinha e parmesão ralado.








Como sou um garimpeiro de verbos incendiados, só gosta de me ler quem já tem fogo e não se espanta. Mas se eu primeiro não tornar as emoções em gostosura, não serei capaz de abrir meu coração para ser lido com ternura por você. Por isso, só me mostro inteiro após o meu encanto, e só te dou estas palavras depois que as refino. Aliás, se eu primeiro não polir as minhas pedras preciosas com amor e liberdade, como poderia eu querer trocá-las por essa tua tão amável luz diamante?



Na faixa 4 Bial gravou meu poema Mude, com a voz sussurrante da Simone Spoladore.


9.11.25

Coração inocente

Meu coração não pode ser culpado por não cumprir aquilo que jamais conseguiu prometer.



Uma obra de arte: consertei com um barbantinho achado no chão a fratura no caulezinho da roseira. Um pedreiro preocupou-se mais com o cimento do que com as flores — e acabou cometendo esse desastre imperdoável.




7.11.25

Onde estão aqueles sonhos todos ?!

JÁ ESTAMOS NO FIM DO ANO... E você continua aí, do mesmo jeito, andando pelas mesmas ruas, girando as mesmas chaves para abrir as mesmas portas? Sentado nas mesmas cadeiras, ao lado das mesmas mesas, fazendo sempre as mesmas coisas? Com os mesmos amigos, os mesmos amores, a mesma visão do mundo? Com os mesmos medos e preconceitos? Abraçando as mesmas pessoas, tocando os mesmos corpos, com o mesmo jeito, os mesmos toques, e o mesmo estilo? A mesma instável estabilidade? Repetindo a mesma angustiante rotina? 




Onde está a coragem de mudar, a coragem de criar?


Onde aquela gostosura tão buscada? 

Onde estão aqueles sonhos todos?




6.11.25

Psicoxadrez Emocional - minha ideia 1132


A imperturbabilidade da alma 

é a primeira causa da Felicidade.

     

Minha melhor ideia 
nos primeiros dez dias de 2021.


Os principais inspiradores deste meu jogo serão Epicteto, Epicuro, Sócrates, Nietzsche, Espinosa, Capablanca e Lacan



Resumo:

Cada sessão terá dois players ou mais, em torno de uma mesa, numa sala ou num palco, debatendo questões que os envolvam (ou não), quer sejam filosóficas, políticas, amorosas, comerciais ou familiares. O fulcro do projeto é debater os respectivos temas com o máximo possível de rigor intelectual, e, principalmente, com equilíbrio emocional.  Aqueles que se desequilibrarem (além de uma certa pontuação pré-combinada) perdem o jogo, porém com a possibilidade de retomada futura, nas mesmas bases e com os mesmos temas e propósitos. Ou outros.

(...)


Será um jogo interativo, auto-incrementável, dinâmico, e que possa ser usado inclusive para tomada de decisões a respeito da própria vida, dos planos, dos negócios, das relações, dos caminhos a trilhar, etc. 


Eu acho, modéstia exclusa, que esta é uma das minhas melhores ideias nos últimos dez dias. Ainda estou definindo as regras básicas. E os modos mais elegantes de eventualmente quebrá-las.


Edson. 10.01.21. 10h08.


Leopardo Da Vinci




A propósito, hoje, 06.11.25, estou refinando minha ideia 1343.





4.11.25

Vó Vitalina

A Manteiga que a Vó Vitalina gostava.
Foto de hoje.



Ela me ensinou a pecar sem culpa — isso eu jamais esquecerei. Tinha um pé de café lá no fundo do quintal, ao lado de uma roseira, e eu ficava colhendo só os grãozinhos vermelhos, que eram doces. Havia também um velho torrador de manivela meio enferrujado, um fogão de lenha limpíssimo, e muitas histórias de amor. E uma ciência sutil que só as mulheres eleitas por Deus conseguem ter.

O processo todo das lições que ela me dava é muito longo — passa até por um despertador de alumínio Westclox, um Jesus de madeira brilhante, uma bicicletinha vermelha e várias tentações inocentes. Um dia desses vou descrevê-lo aqui.

Ela ainda assava queijo branco na palha de milho, todo dia, e me olhava com seus olhos de mistério. Mas, a imagem que mais me volta hoje à lembrança... é minha Vó Vitalina olhando o Botticelli pregado na parede da sala, e tomando café no bico do bule. Delicadamente — como se fizesse amor.



Vou agora fazer o meu.

Antes que a noite acabe e a lua se vá.


A propósito, veja AQUI algo sobre o maior amante do mundo.


2.11.25

Vida

Morrer é a última coisa que eu quero fazer na VIDA.

Eu tenho uma compreensão absoluta desse fato inexorável que é a morte biológica das pessoas que eu amo. A primeira morte marcante de que agora me lembro é da minha Vó Vitalina. Depois, há mais de vinte anos, a de meu Pai.  
A mais recente (e certamente a mais marcante) foi a do meu irmão Paulo, na véspera do Natal de 2011. E a segunda mais recente, em 2010, a do meu amigo José Ângelo Gaiarsa. São essas as quatro mortes que poderiam me fazer chorar. E mesmo assim não fizeram. Porque, para mim, a morte biológica nada mais é que uma separação radical irremediável. Porém, como não tenho sentimento de posse sobre aquele que morre, não posso dizer que lhe sinto a falta. Não há luto na situação que me resta. E se algum dia eu chorar por alguém que morreu, será mais por lembrança daquilo de bom que algum dia fizemos, um para o outro.

Não há sentimento de perda, nem um vazio me toma de assalto. Eu compreendo sempre o acaso que nos ligou — e o acaso que nos separa. Mas detesto supor que a morte pode lhe ter sido dolorida. Nesse sentido, um dedinho queimado de alguém me esquentando café no fogão de manhã me incomoda também. Sou contra a dor, não sou contra a perda. Aliás, só a perda pode abrir caminho para o novo — e o novo é sempre fascinante.

Claro que tem uma morte que vai me afetar diretamente: a minha. Embora remotíssima, eu também a compreenderei... Mas não quero ser chorado apenas porque fui. Aliás, imagino-me saudado em meu último dia como o personagem de Charles Denner no filme O homem que amava as mulheres. Mas digo isto porque sei que vou durar para sempre. Para sempre ou até os 120, pelo menos. Ou talvez eu morra como previ naquele meu poema que está no livro Solidão a Mil — no cume da montanha, louvado por Maria e minha Mãe. Não sei. Daqui uns oitenta anos eu talvez pense um pouco mais a respeito.


Esse texto ainda está sendo escrito. De vez em quando eu dou um mexida nele. Se bem que agora, em dezembro de 2012, tenho que atualizá-lo, especialmente porque morreu mais um irmão meu, o Beto — e para quem já escrevi esta homenagem. Mas o que me deixa bastante contente é o fato de que as pessoas que eu amo raramente morrem.


Só não quero que o texto acima passe a errada impressão de que sou frio. Não se trata disso. Sou emotivo no mais alto grau. Choro ao ver uma cena de amor, choro ao me lembrar de como sorri minha Mãe ao me encontrar, choro quando penso nos bons corações que já quebrei, choro ao me lembrar do Velhinho do Ibiti. Choro por Joyce Ann e seus gatinhos que sumiram terça-feira. Choro... Depois eu conto sobre mais coisas pelas quais eu choro.


  
Que está viva, é claro.

1.11.25

Todos os Santos

Hoje o céu está azul e o dia está lindo aqui onde estou. Hoje é dia de todos os santos. Então, tenho vontade de reunir esses deliciosos loucos e loucas, esses santos e santas que eu amo e amei, essas deusas e musas que já conheci e outras que ainda vou conhecer, convidá-los a subir num barco, enorme — um navio, transatlântico — levá-los todos para uma ilha luminosa, deserta e grega, e viver com eles para o resto das nossas vidas. Em liberdade absoluta. Falando todas as línguas, amando de todas as formas livres, bebendo de todos os vinhos, rezando a todos os deuses... A vida será uma festa interminável! Viveremos dançando todas as danças, ouvindo todas as músicas, escrevendo poesias de amor, plantando flores e colhendo estrelas, tomando sol, sorrindo e gargalhando.

E transando com a própria Vida — todo dia, o dia todo.






29.10.25

Os meus primeiros 1539 amores que deram certo.

Ter um irmão como eu não deve ser fácil: há mais de trinta anos que não perco a calma, não brigo nem xingo, nem reclamo da Vida. Sempre dou valor secundário às coisas secundárias, e sou um poeta zen, feliz e alegre. Cheio de amores e com muito tempo livre. Empresário de construção civil com robusta independência financeira.  Analista de Sistemas e criador da Liberdata Uruguay. Sannyasin e estoico. Autor do Mude - Comercial da Fiat. E o que é muito importante, o único solteiro entre os irmãos. Além disso, tenho uma saúde inabalável. Não fico doente nunca! Há mais de setenta anos que eu não tomo nem aspirina. (Nem Rivotril... rs!). Nem vacina da Covid eu tomei. E ainda sei cozinhar pratos maravilhosos na Casa Azul. Isso tudo talvez possa causar um certo desconforto psíquico e espiritual naqueles que imaginam que poderiam ser iguais a mim por terem nascido, supostamente, da mesma Mãe. Mal sabem eles que a Mãe de um primogênito é sempre diferente da Mãe dos demais filhos. A propósito, eu nunca briguei com minha Mãe, e Ela nunca brigou comigo. E isso é motivo de ciúmes cotovelares... Acontece que tudo muda. E talvez aquela injusta medida, tomada por algumas irmãs, no caso da censura ao telefone da Mãe (em 2007), foi só uma vã tentativa de arrastar-me para o mundo escuro e depressivo em que elas "vivem", chafurdando em conceitos mal elaborados. 

Não conseguirão me arrastar!



    

Mas, com a ajuda do Tempo, e da Biologia, tudo se resolverá.

Bom ressaltar ainda que nossa convivência sempre foi amorosíssima, em todos os sentidos, em todas as circunstâncias. Até que todas elas começaram a tomar antidepressivos...


Edson. Texto básico escrito no Flat Palladium, em 09.01.2008.





Republicando hoje a propósito de minha vontade de enfim publicar meu livro cujo título, ano passado, era Os Meus Primeiros 1533 Amores Que Deram Certo, mas que agora será alterado para 1539.









28.10.25

Somos diferentes

Capacidade de observação meticulosa, impecável raciocínio lógico formal, e um extraordinário poder de dedução. 

É mais ou menos isso que alguns têm, e outros não.

Portanto, a depender do assunto, é impossível haver sempre discussão de igual pra igual.








26.10.25

Omelete na Casa Azul

Ontem, por sugestão amorosa da estrela Rayara, eu comi o melhor omelete de toda a minha vida, na Das Brot Aclimação. Depois,  eu e ela fomos tomar um vinho Pictor, rosé.



E no fim da noite, já quase rayando o Sol nos braços da Lua, refinei este poema:


Sou o autor da minha peça e o próprio personagem. A dança e o bailarino, a música, o maestro, compositor. A ternura mais vermelha e delicada, o lóbulo da orelha e o copo de vinho do meu amor. O beijo e o abraço, a delícia e o licor. O êxtase, e todas as auroras que ainda vão chegar.

Sou o céu do precipício, a língua do horizonte — e mais além. Sou o sagrado e o profano, o profundo e o supérfluo, a origem da tragédia, e o brilho da cor. Sou mínimo e tanto, pouco e princípio, paixão, excesso e glória.

Sou relâmpago, transitório, passageiro, imprevisível, pétala de estrela solitária, um pingo de ocidente no teu mel desnorteado.

Sou todo infinito no entusiasmo, e a última labareda amorosa de uma espécie de fogo em extinção...






24.10.25

Divórcio amoroso

Minha ideia 774.



Nesse dia eu estava tomando o café  da manhã no Itararé Hotel, onde morei por um ano e quatro meses. Aliás, neste hotel eu sempre volto, para ressuscitar saudades. Inclusive dos quatro ou cinco grandes amores que lá eu tive em 2019-2020.


A ideia básica é a seguinte: Existe um modo racional de tomar decisões. Sejam estas amorosas, comerciais, familiares ou profissionais. E se existe tal modo racional, não é logicamente recomendável a opção por qualquer outro que não seja.


No caso de uma eventual separação conjugal, e se existem filhos  de pouca idade envolvidos no relacionamento em questão, maior ainda é a responsabilidade de se tomarem decisões racionais.


Racionais e, se possível, amorosas. Ou, pelo menos, compreensivas.


Amar é permitir sempre. Amar é deixar que o outro vá – ou que fique, se assim o desejar. Amar é ter um respeito absoluto pela própria liberdade e pela liberdade do outro. Amar é compreender sempre. E isso não significa apenas entendimento racional, vai além, muito além: Amar é reconhecer afetuosamente o direito que o outro tem de fazer suas escolhas. Mesmo que essas escolhas eventualmente me excluam.



Incluir Perfemina.

Empresas e projetos criados por mim até 20.07.2020.





23.10.25

Ontem eu salvei uma vida

Às vezes, salvar uma vida nos dá tanto prazer quanto ter um orgasmo. Por isso é que eu adoro salvar vidas — algumas, pequenas; outras, enormes. Houve até um dia em que salvei a vida de uma bela formiguinha. Mas, ontem à noite, salvei Tereza. Ela cometeu o desatino de aventurar-se num projeto muito arriscado. Em busca talvez de comida, e por imprudência, foi até onde não devia. 

Eis como tudo aconteceu. 

Era madrugada quando cheguei. Acendi a luz da cozinha e lá estava ela, no fundo da pia, tentando desesperadamente subir pela parede lisa e fria, inoxidável, da cuba de aço. Não tenho certeza se era mesmo Tereza, mas dei-lhe esse nome. Assisti, por dois ou três minutos, o seu desespero e o seu esforço. Coitadinha, pensei. Se eu abrisse a torneira ela seria levada para dentro do cano escuro...


Eu poderia abandoná-la ali, à própria sorte — ou falta de. 

Mas, não! 

Então, tomei de um pedaço de papel e a convidei para que nele subisse. A princípio, ressabiada, recusou. Talvez por ser uma baratinha órfã, cuja mãe tenha sido morta a chineladas. Porém, depois, confiante nas minhas boas intenções, concordou: olhou para mim, e subiu na plataforma de papel. Em seguida, conduzi-a até a janela dos fundos e coloquei-a no lugar mais seguro que encontrei ali. Olhamo-nos nos olhos, docemente, e pude ver duas lágrimas descendo pelos dela. Acenou-me com suas duas anteninhas — e se foi.








Edson na Wikpédia.

21.10.25

Tua hora está chegando

A vida está por um fio. Tua casa tá pegando fogo, teu amor se despedaça, tua hora está chegando... Não a hora da morte biológica, que pode até demorar, mas a hora da verdade, a hora de virar gente, a hora de assumir o comando. A hora de tomar consciência.

A cebola da vida está descascando, inexorável, aí, ao teu lado; o leão do tempo, feroz, rugindo no teu cangote — e você não reage. Nem se mexe. Acontece que há conclusões às quais você tem obrigação de chegar, hoje

Ou você se salva — ou você se fode.



É isso que eu quero dizer novamente hoje, mas você teima em não me ouvir. Porque todos temos uma certa tendência neurótica em deixar as coisas como estão, em salvar as aparências, em manter as estruturas — mesmo que apodreçam. Quase todos temos uma enorme preguiça de agitar as circunstâncias. Propendemos a deixar tudo como está, embora vivamos fazendo promessas de mudar o mundo.

Como disse Göethe no Fausto, "a quem persiste na Esperança ainda resta a Salvação". Mas você sempre deixa pra depois. Você chuta o agora. Você adia o instante. Você posterga o hoje. 

Você pensa que vai viver mais mil anos...
Mas não vai, não.
Nem eu.




Texto publicado em 24.07.2005 no Guarujá.







19.10.25

Nova Teoria do Acaso

 




Se ele, fazendeiro que era em Minas Gerais, não tivesse raptado amorosamente a Vitalina, nada disso estaria acontecendo. Se o meu corajoso e culto bisavô Luiz Marques não tivesse decidido morar no Sul (Porto Alegre ou talvez Uruguay) com sua amada adolescente (treze anos de idade!), ele, vindo do norte de Minas, não teria passado por Itararé, numa noite enluarada de 1905, onde seria preciso trocar de trem, da Estrada de Ferro Sorocabana para o da Rede Paraná Santa Catarina. Não teria, portanto, e por acaso, conhecido o Sr Tonico Adolfo, que o convenceu a comprar umas terras por aqui, inclusive a propriedade onde ficam hoje a Casa Azul e a Churrascaria dos Gaúchos. Não fosse por isso (por esse maravilhoso conjunto de acasos), Luiz Marques e Vitalina teriam seguido viagem para o Sul. E Maria, a primeira filha de Vitalina e mãe do meu Pai, não teria nascido aqui. Nem teria conhecido o Joaquim dos Santos, obviamente. E meu Pai, portanto, não seria concebido por esse casal. Nem por outro. E nem eu nem meus irmãos existiríamos. Minha Mãe teria existido, é claro, posto que viera do Salto, mas seus eventuais filhos seriam outros. Logo, como se pode facilmente concluir, se não fosse o ACASO, se não fosse a coragem do apaixonado Luiz Marques (nem o dinheiro e os oito livros que ele trazia na mala), nada disso teria acontecido. Nada disso. E eu não estaria aqui, agora, ouvindo pássaros na Casa Azul.

Nem você estaria lendo essa minha história.

Aliás, eu tenho a impressão de que teu pai e tua mãe também se conheceram por acaso... Assim como os teus quatro avós.

Pense nisso.

19.10.25.

A história ainda vai continuar.

(...)


E eu fico aqui pensando sobre esse ousado fazendeiro, que teve a coragem sexagenária de abandonar a própria esposa e mais de mil cabeças de gado, só para seguir um grande amor...


O mestre Antonio Abujamra interpreta aqui, no vídeo acima, um breve texto que escrevi sobre meu bisavô.



17.10.25

Tempestade de emoções

Deverei assumir o risco sinuoso dos projetos fascinantes, ou deixar que se esmaguem no meu peito essas paixões enlouquecidas?

Continuo abraçado como sempre à gostosura da surpresa, ou me derreto em nome de pecados que nem fiz?

Deverei permitir que as vontades puras que hoje tenho em mim sejam cada vez mais satisfeitas, ou submeter meu coração apaixonado às regras neuróticas daqueles que ainda nem sabem amar?

Assumirei o compromisso luminoso com essa estética erótica que permeia minha existência — e a torna melhor — ou devo aceitar a proposta de retorno ao passado que me dão de presente?


O que fazer com a negação persistente da minha pureza?

Terei forças disciplinadas para vencer as fraquezas que eventualmente me ataquem?

Continuarei sendo o fogoso corcel negro em disparada absoluta, ou conseguirão eles (os moralistas, os conservadores, os donos da força bruta...) fazer com que morram, por perigosas, essas paixões que me libertam?



Página 352.