7.11.25

Onde estão aqueles sonhos todos ?!

JÁ ESTAMOS NO FIM DO ANO... E você continua aí, do mesmo jeito, andando pelas mesmas ruas, girando as mesmas chaves para abrir as mesmas portas? Sentado nas mesmas cadeiras, ao lado das mesmas mesas, fazendo sempre as mesmas coisas? Com os mesmos amigos, os mesmos amores, a mesma visão do mundo? Com os mesmos medos e preconceitos? Abraçando as mesmas pessoas, tocando os mesmos corpos, com o mesmo jeito, os mesmos toques, e o mesmo estilo? A mesma instável estabilidade? Repetindo a mesma angustiante rotina? 




Onde está a coragem de mudar, a coragem de criar?


Onde aquela gostosura tão buscada? 

Onde estão aqueles sonhos todos?




6.11.25

Psicoxadrez Emocional - minha ideia 1132


A imperturbabilidade da alma 

é a primeira causa da Felicidade.

     

Minha melhor ideia 
nos primeiros dez dias de 2021.


Os principais inspiradores deste meu jogo serão Epicteto, Epicuro, Sócrates, Nietzsche, Espinosa, Capablanca e Lacan



Resumo:

Cada sessão terá dois players ou mais, em torno de uma mesa, numa sala ou num palco, debatendo questões que os envolvam (ou não), quer sejam filosóficas, políticas, amorosas, comerciais ou familiares. O fulcro do projeto é debater os respectivos temas com o máximo possível de rigor intelectual, e, principalmente, com equilíbrio emocional.  Aqueles que se desequilibrarem (além de uma certa pontuação pré-combinada) perdem o jogo, porém com a possibilidade de retomada futura, nas mesmas bases e com os mesmos temas e propósitos. Ou outros.

(...)


Será um jogo interativo, auto-incrementável, dinâmico, e que possa ser usado inclusive para tomada de decisões a respeito da própria vida, dos planos, dos negócios, das relações, dos caminhos a trilhar, etc. 


Eu acho, modéstia exclusa, que esta é uma das minhas melhores ideias nos últimos dez dias. Ainda estou definindo as regras básicas. E os modos mais elegantes de eventualmente quebrá-las.


Edson. 10.01.21. 10h08.


Leopardo Da Vinci




A propósito, hoje, 06.11.25, estou refinando minha ideia 1343.





4.11.25

Vó Vitalina

A Manteiga que a Vó Vitalina gostava.
Foto de hoje.



Ela me ensinou a pecar sem culpa — isso eu jamais esquecerei. Tinha um pé de café lá no fundo do quintal, ao lado de uma roseira, e eu ficava colhendo só os grãozinhos vermelhos, que eram doces. Havia também um velho torrador de manivela meio enferrujado, um fogão de lenha limpíssimo, e muitas histórias de amor. E uma ciência sutil que só as mulheres eleitas por Deus conseguem ter.

O processo todo das lições que ela me dava é muito longo — passa até por um despertador de alumínio Westclox, um Jesus de madeira brilhante, uma bicicletinha vermelha e várias tentações inocentes. Um dia desses vou descrevê-lo aqui.

Ela ainda assava queijo branco na palha de milho, todo dia, e me olhava com seus olhos de mistério. Mas, a imagem que mais me volta hoje à lembrança... é minha Vó Vitalina olhando o Botticelli pregado na parede da sala, e tomando café no bico do bule. Delicadamente — como se fizesse amor.



Vou agora fazer o meu.

Antes que a noite acabe e a lua se vá.


A propósito, veja AQUI algo sobre o maior amante do mundo.


2.11.25

Vida

Morrer é a última coisa que eu quero fazer na VIDA.

Eu tenho uma compreensão absoluta desse fato inexorável que é a morte biológica das pessoas que eu amo. A primeira morte marcante de que agora me lembro é da minha Vó Vitalina. Depois, há mais de vinte anos, a de meu Pai.  
A mais recente (e certamente a mais marcante) foi a do meu irmão Paulo, na véspera do Natal de 2011. E a segunda mais recente, em 2010, a do meu amigo José Ângelo Gaiarsa. São essas as quatro mortes que poderiam me fazer chorar. E mesmo assim não fizeram. Porque, para mim, a morte biológica nada mais é que uma separação radical irremediável. Porém, como não tenho sentimento de posse sobre aquele que morre, não posso dizer que lhe sinto a falta. Não há luto na situação que me resta. E se algum dia eu chorar por alguém que morreu, será mais por lembrança daquilo de bom que algum dia fizemos, um para o outro.

Não há sentimento de perda, nem um vazio me toma de assalto. Eu compreendo sempre o acaso que nos ligou — e o acaso que nos separa. Mas detesto supor que a morte pode lhe ter sido dolorida. Nesse sentido, um dedinho queimado de alguém me esquentando café no fogão de manhã me incomoda também. Sou contra a dor, não sou contra a perda. Aliás, só a perda pode abrir caminho para o novo — e o novo é sempre fascinante.

Claro que tem uma morte que vai me afetar diretamente: a minha. Embora remotíssima, eu também a compreenderei... Mas não quero ser chorado apenas porque fui. Aliás, imagino-me saudado em meu último dia como o personagem de Charles Denner no filme O homem que amava as mulheres. Mas digo isto porque sei que vou durar para sempre. Para sempre ou até os 120, pelo menos. Ou talvez eu morra como previ naquele meu poema que está no livro Solidão a Mil — no cume da montanha, louvado por Maria e minha Mãe. Não sei. Daqui uns oitenta anos eu talvez pense um pouco mais a respeito.


Esse texto ainda está sendo escrito. De vez em quando eu dou um mexida nele. Se bem que agora, em dezembro de 2012, tenho que atualizá-lo, especialmente porque morreu mais um irmão meu, o Beto — e para quem já escrevi esta homenagem. Mas o que me deixa bastante contente é o fato de que as pessoas que eu amo raramente morrem.


Só não quero que o texto acima passe a errada impressão de que sou frio. Não se trata disso. Sou emotivo no mais alto grau. Choro ao ver uma cena de amor, choro ao me lembrar de como sorri minha Mãe ao me encontrar, choro quando penso nos bons corações que já quebrei, choro ao me lembrar do Velhinho do Ibiti. Choro por Joyce Ann e seus gatinhos que sumiram terça-feira. Choro... Depois eu conto sobre mais coisas pelas quais eu choro.


  
Que está viva, é claro.

1.11.25

Todos os Santos

Hoje o céu está azul e o dia está lindo aqui onde estou. Hoje é dia de todos os santos. Então, tenho vontade de reunir esses deliciosos loucos e loucas, esses santos e santas que eu amo e amei, essas deusas e musas que já conheci e outras que ainda vou conhecer, convidá-los a subir num barco, enorme — um navio, transatlântico — levá-los todos para uma ilha luminosa, deserta e grega, e viver com eles para o resto das nossas vidas. Em liberdade absoluta. Falando todas as línguas, amando de todas as formas livres, bebendo de todos os vinhos, rezando a todos os deuses... A vida será uma festa interminável! Viveremos dançando todas as danças, ouvindo todas as músicas, escrevendo poesias de amor, plantando flores e colhendo estrelas, tomando sol, sorrindo e gargalhando.

E transando com a própria Vida — todo dia, o dia todo.






29.10.25

Os meus primeiros 1539 amores que deram certo.

Ter um irmão como eu não deve ser fácil: há mais de trinta anos que não perco a calma, não brigo nem xingo, nem reclamo da Vida. Sempre dou valor secundário às coisas secundárias, e sou um poeta zen, feliz e alegre. Cheio de amores e com muito tempo livre. Empresário de construção civil com robusta independência financeira.  Analista de Sistemas e criador da Liberdata Uruguay. Sannyasin e estoico. Autor do Mude - Comercial da Fiat. E o que é muito importante, o único solteiro entre os irmãos. Além disso, tenho uma saúde inabalável. Não fico doente nunca! Há mais de setenta anos que eu não tomo nem aspirina. (Nem Rivotril... rs!). Nem vacina da Covid eu tomei. E ainda sei cozinhar pratos maravilhosos na Casa Azul. Isso tudo talvez possa causar um certo desconforto psíquico e espiritual naqueles que imaginam que poderiam ser iguais a mim por terem nascido, supostamente, da mesma Mãe. Mal sabem eles que a Mãe de um primogênito é sempre diferente da Mãe dos demais filhos. A propósito, eu nunca briguei com minha Mãe, e Ela nunca brigou comigo. E isso é motivo de ciúmes cotovelares... Acontece que tudo muda. E talvez aquela injusta medida, tomada por algumas irmãs, no caso da censura ao telefone da Mãe (em 2007), foi só uma vã tentativa de arrastar-me para o mundo escuro e depressivo em que elas "vivem", chafurdando em conceitos mal elaborados. 

Não conseguirão me arrastar!



    

Mas, com a ajuda do Tempo, e da Biologia, tudo se resolverá.

Bom ressaltar ainda que nossa convivência sempre foi amorosíssima, em todos os sentidos, em todas as circunstâncias. Até que todas elas começaram a tomar antidepressivos...


Edson. Texto básico escrito no Flat Palladium, em 09.01.2008.





Republicando hoje a propósito de minha vontade de enfim publicar meu livro cujo título, ano passado, era Os Meus Primeiros 1533 Amores Que Deram Certo, mas que agora será alterado para 1539.









28.10.25

Somos diferentes

Capacidade de observação meticulosa, impecável raciocínio lógico formal, e um extraordinário poder de dedução. 

É mais ou menos isso que alguns têm, e outros não.

Portanto, a depender do assunto, é impossível haver sempre discussão de igual pra igual.








26.10.25

Omelete na Casa Azul

Ontem, por sugestão amorosa da estrela Rayara, eu comi o melhor omelete de toda a minha vida, na Das Brot Aclimação. Depois,  eu e ela fomos tomar um vinho Pictor, rosé.



E no fim da noite, já quase rayando o Sol nos braços da Lua, refinei este poema:


Sou o autor da minha peça e o próprio personagem. A dança e o bailarino, a música, o maestro, compositor. A ternura mais vermelha e delicada, o lóbulo da orelha e o copo de vinho do meu amor. O beijo e o abraço, a delícia e o licor. O êxtase, e todas as auroras que ainda vão chegar.

Sou o céu do precipício, a língua do horizonte — e mais além. Sou o sagrado e o profano, o profundo e o supérfluo, a origem da tragédia, e o brilho da cor. Sou mínimo e tanto, pouco e princípio, paixão, excesso e glória.

Sou relâmpago, transitório, passageiro, imprevisível, pétala de estrela solitária, um pingo de ocidente no teu mel desnorteado.

Sou todo infinito no entusiasmo, e a última labareda amorosa de uma espécie de fogo em extinção...






24.10.25

Divórcio amoroso

Minha ideia 774.



Nesse dia eu estava tomando o café  da manhã no Itararé Hotel, onde morei por um ano e quatro meses. Aliás, neste hotel eu sempre volto, para ressuscitar saudades. Inclusive dos quatro ou cinco grandes amores que lá eu tive em 2019-2020.


A ideia básica é a seguinte: Existe um modo racional de tomar decisões. Sejam estas amorosas, comerciais, familiares ou profissionais. E se existe tal modo racional, não é logicamente recomendável a opção por qualquer outro que não seja.


No caso de uma eventual separação conjugal, e se existem filhos  de pouca idade envolvidos no relacionamento em questão, maior ainda é a responsabilidade de se tomarem decisões racionais.


Racionais e, se possível, amorosas. Ou, pelo menos, compreensivas.


Amar é permitir sempre. Amar é deixar que o outro vá – ou que fique, se assim o desejar. Amar é ter um respeito absoluto pela própria liberdade e pela liberdade do outro. Amar é compreender sempre. E isso não significa apenas entendimento racional, vai além, muito além: Amar é reconhecer afetuosamente o direito que o outro tem de fazer suas escolhas. Mesmo que essas escolhas eventualmente me excluam.



Incluir Perfemina.

Empresas e projetos criados por mim até 20.07.2020.





23.10.25

Ontem eu salvei uma vida

Às vezes, salvar uma vida nos dá tanto prazer quanto ter um orgasmo. Por isso é que eu adoro salvar vidas — algumas, pequenas; outras, enormes. Houve até um dia em que salvei a vida de uma bela formiguinha. Mas, ontem à noite, salvei Tereza. Ela cometeu o desatino de aventurar-se num projeto muito arriscado. Em busca talvez de comida, e por imprudência, foi até onde não devia. 

Eis como tudo aconteceu. 

Era madrugada quando cheguei. Acendi a luz da cozinha e lá estava ela, no fundo da pia, tentando desesperadamente subir pela parede lisa e fria, inoxidável, da cuba de aço. Não tenho certeza se era mesmo Tereza, mas dei-lhe esse nome. Assisti, por dois ou três minutos, o seu desespero e o seu esforço. Coitadinha, pensei. Se eu abrisse a torneira ela seria levada para dentro do cano escuro...


Eu poderia abandoná-la ali, à própria sorte — ou falta de. 

Mas, não! 

Então, tomei de um pedaço de papel e a convidei para que nele subisse. A princípio, ressabiada, recusou. Talvez por ser uma baratinha órfã, cuja mãe tenha sido morta a chineladas. Porém, depois, confiante nas minhas boas intenções, concordou: olhou para mim, e subiu na plataforma de papel. Em seguida, conduzi-a até a janela dos fundos e coloquei-a no lugar mais seguro que encontrei ali. Olhamo-nos nos olhos, docemente, e pude ver duas lágrimas descendo pelos dela. Acenou-me com suas duas anteninhas — e se foi.








Edson na Wikpédia.

21.10.25

Tua hora está chegando

A vida está por um fio. Tua casa tá pegando fogo, teu amor se despedaça, tua hora está chegando... Não a hora da morte biológica, que pode até demorar, mas a hora da verdade, a hora de virar gente, a hora de assumir o comando. A hora de tomar consciência.

A cebola da vida está descascando, inexorável, aí, ao teu lado; o leão do tempo, feroz, rugindo no teu cangote — e você não reage. Nem se mexe. Acontece que há conclusões às quais você tem obrigação de chegar, hoje

Ou você se salva — ou você se fode.



É isso que eu quero dizer novamente hoje, mas você teima em não me ouvir. Porque todos temos uma certa tendência neurótica em deixar as coisas como estão, em salvar as aparências, em manter as estruturas — mesmo que apodreçam. Quase todos temos uma enorme preguiça de agitar as circunstâncias. Propendemos a deixar tudo como está, embora vivamos fazendo promessas de mudar o mundo.

Como disse Göethe no Fausto, "a quem persiste na Esperança ainda resta a Salvação". Mas você sempre deixa pra depois. Você chuta o agora. Você adia o instante. Você posterga o hoje. 

Você pensa que vai viver mais mil anos...
Mas não vai, não.
Nem eu.




Texto publicado em 24.07.2005 no Guarujá.







19.10.25

Nova Teoria do Acaso

 




Se ele, fazendeiro que era em Minas Gerais, não tivesse raptado amorosamente a Vitalina, nada disso estaria acontecendo. Se o meu corajoso e culto bisavô Luiz Marques não tivesse decidido morar no Sul (Porto Alegre ou talvez Uruguay) com sua amada adolescente (treze anos de idade!), ele, vindo do norte de Minas, não teria passado por Itararé, numa noite enluarada de 1905, onde seria preciso trocar de trem, da Estrada de Ferro Sorocabana para o da Rede Paraná Santa Catarina. Não teria, portanto, e por acaso, conhecido o Sr Tonico Adolfo, que o convenceu a comprar umas terras por aqui, inclusive a propriedade onde ficam hoje a Casa Azul e a Churrascaria dos Gaúchos. Não fosse por isso (por esse maravilhoso conjunto de acasos), Luiz Marques e Vitalina teriam seguido viagem para o Sul. E Maria, a primeira filha de Vitalina e mãe do meu Pai, não teria nascido aqui. Nem teria conhecido o Joaquim dos Santos, obviamente. E meu Pai, portanto, não seria concebido por esse casal. Nem por outro. E nem eu nem meus irmãos existiríamos. Minha Mãe teria existido, é claro, posto que viera do Salto, mas seus eventuais filhos seriam outros. Logo, como se pode facilmente concluir, se não fosse o ACASO, se não fosse a coragem do apaixonado Luiz Marques (nem o dinheiro e os oito livros que ele trazia na mala), nada disso teria acontecido. Nada disso. E eu não estaria aqui, agora, ouvindo pássaros na Casa Azul.

Nem você estaria lendo essa minha história.

Aliás, eu tenho a impressão de que teu pai e tua mãe também se conheceram por acaso... Assim como os teus quatro avós.

Pense nisso.

19.10.25.

A história ainda vai continuar.

(...)


E eu fico aqui pensando sobre esse ousado fazendeiro, que teve a coragem sexagenária de abandonar a própria esposa e mais de mil cabeças de gado, só para seguir um grande amor...


O mestre Antonio Abujamra interpreta aqui, no vídeo acima, um breve texto que escrevi sobre meu bisavô.



17.10.25

Tempestade de emoções

Deverei assumir o risco sinuoso dos projetos fascinantes, ou deixar que se esmaguem no meu peito essas paixões enlouquecidas?

Continuo abraçado como sempre à gostosura da surpresa, ou me derreto em nome de pecados que nem fiz?

Deverei permitir que as vontades puras que hoje tenho em mim sejam cada vez mais satisfeitas, ou submeter meu coração apaixonado às regras neuróticas daqueles que ainda nem sabem amar?

Assumirei o compromisso luminoso com essa estética erótica que permeia minha existência — e a torna melhor — ou devo aceitar a proposta de retorno ao passado que me dão de presente?


O que fazer com a negação persistente da minha pureza?

Terei forças disciplinadas para vencer as fraquezas que eventualmente me ataquem?

Continuarei sendo o fogoso corcel negro em disparada absoluta, ou conseguirão eles (os moralistas, os conservadores, os donos da força bruta...) fazer com que morram, por perigosas, essas paixões que me libertam?



Página 352.




15.10.25

Minha Vó Vitalina

Hoje uma homenagem à minha inesquecível Vó Vitalina. E ao meu bisavô maluco Luiz Marques.

Mais uma coisa sobre minha vó Vitalina. No dia em que voltei da Primeira Comunhão, ela me abençoou duas vezes com o sinal da cruz, me abraçou, deu parabéns, assou um pedaço enorme de queijo branco na palha de milho, tomou um gole demoraaaaado de café preto — e me deu um conselho inesquecível:


Meu filho, quando a Tentação do Pecado passar por você — e for um pecado gostoso — você tem um único caminho a tomar: Pense em Deus, ponha a mão no coração, olhe para os lados...

...e peque!




14.10.25

Dia dos Professores

A tabuada não basta. Como não bastam funções hiperbólicas, logaritmos, variáveis complexas, orações subordinadas. Não bastam Euclides e sua geometria, não bastam as teorias. O professor deve ensinar ao aluno a arte de viver com dignidade, com amor, com liberdade.


Não basta falar das guerras, das batalhas, das conquistas — tem que ensinar o aluno a conquistar-se primeiro a si próprio. Ensinar-lhe medir distâncias é pouco — necessário vencê-las. Não basta saber o nome dos rios, temos que fluir. Equações algébricas não resolvem tudo, antes é preciso resolver-se. Em vez das mentiras históricas, o professor deve ensinar as verdades, e o melhor modo de encontrá-las.


Não basta falar de política, o professor tem que ser democrata. Deve olhar nos olhos do aluno e dizer-lhe como a vida é. Aumentar-lhe a coragem de crescer. Ensinar-lhe a lógica das emoções e o amor pelo raciocínio. O professor transmite sabedoria, incentiva o bom senso e o bom gosto. Mergulha fundo no oceano de dúvidas que o aluno tem no coração, e traz o tesouro pulsante lá submerso. Educa, orienta, aviva a chama na consciência de cada. Ao polir a pedra bruta consegue intenso brilhante. Bom professor é aquele que não exige, não cobra — obtém. Não corrige — mostra o porquê. Não hesita quando avalia, não constrange quando examina. E nunca faz da nota uma espada.


O bom professor não só ensina, compreende. Não levanta a voz, amplifica o verbo, convence. É sério — mas ri da própria seriedade. Fala do êxtase, da alegria e da profunda emoção que explode no seu peito quando ensina, como pétalas no riso de quem ama.


O professor mostra ao aluno a diferença entre o silogismo e a serpente. Ensina-o a extrair raiz quadrada com poesia. Demonstra como ser ousado sem ser burro. Jamais abusa da confiança do aluno, não lhe invade o espaço, não procura condicioná-lo. Não cria relações de dependência, nem exerce dominação sádica sobre ele. Infunde-lhe o respeito absoluto pela vida. Prefere o aluno criativo ao bem-comportado. Nunca o explora, é só o conquistador de um novo mundo, que leva o aluno a ver mais — mais alto e mais longe.


Não levanta paredes em torno do aluno, e sim derruba aquelas que houver. Abre-lhe as portas da vida, com veemência. Não o repreende, não o censura, não o recrimina. Mostra ao aluno a importância da inteligência na determinação do seu futuro. O velho dilema entre a caneta e a vassoura...


Como Sócrates, o bom professor não vê glórias no que sabe, não esconde o que conhece, nem oculta o que possa não saber. Brinca, tem confiança em si, e não faz da escola uma cela.


Moderno, convence o aluno a saltar os muros da tradição, porque a aventura está sempre do outro lado. Lógico, respeita aquele que aprendeu a questionar. Não o sufoca com preconceitos nem com juízos de valor. Nem lhe causa medo algum. Transmite confiança, pega na mão, aplaude, incentiva, suporta, conduz, ampara na travessia. Não é hipócrita, faz o que diz e diz o que pensa. É um farol que não vela o que descobre. Mostra um caminho. E não apenas mostra — demonstra, comprova, define.


Aranha em teia de luz, o professor não prende — liberta. Carrega o giz como fosse uma flor, com amor. E quando faz a linha tem firmeza, mas não separa. Ora Dali, ora Picasso, vai colocando a tinta, pondo seu traço, amando seu gesto, compondo a canção. Enaltece o risco do sonho, o círculo do fogo, a pureza da alma, o princípio da vida, o anel da esperança.


Considera o aluno obra de arte quase inacabada. Ama-o como se fosse um anjo. E nunca vai matar-lhe no peito a vontade de ser livre.


O professor é o amigo sincero que ajuda o aluno a superar os limites da vida, desbravando com determinação e ousadia essa fantástica região chamada Experiência.



Enfim — o professor é o Mestre.




www.EdsonMarques.com


Em abril 2024 eu conheci a Professora Guilhermina, que deu aulas no Rodeio. Ela precisava até de um banquinho para subir na carroça que a levava até a escola. E esta publicação é uma homenagem a ela. E também aos Professores Samuel Barbosa, de Itararé, e Oswaldo Porchat Filho, da USP.




O novo livro a ser lançado em Julho de 2025.


13.10.25

Sou responsável

No Caminho da Vida há circunstâncias que eu mesmo crio por ser livre, e outras que me caem na cabeça como se fossem um manto espesso de neblina. Ao aceitá-las — as circunstâncias que eu crio e as que outros criam para mim — acabo tornando-me o único responsável por elas todas. Ou seja, sou o cúmplice do que me ocorre. Há uma vasta teia de relações que mantenho, milhões de papéis que desempenho, alguns agradáveis, outros nem tanto. E quando, supondo-me livre, não reajo no sentido de escolher apenas as circunstâncias agradáveis; quando, supondo-me livre, continuo mantendo relações que me oprimem — tenho que assumir que a culpa é toda minha. Sou o único responsável por minha vida. Pelos acertos e pelas burradas...

Não estou me referindo apenas a relações amorosas. Vale para todas as outras.




12.10.25

Quatro pedaços de pizza

Ontem à noite, comi de novo quatro pedaços de pizza. Eu não tinha almoçado, passei o dia refinando as obras do Condomínio Brasil Colonial, mas isso não justifica tal absurdo. Também tomei vinho branco e coca-cola zero. Devo ter engordado uns quarenta quilos... Acabei dormindo no Palladium (*) sem fazer os mil exercícios de braço. Não fiz os costumeiros abdominais. Nem sequer amor eu fiz. Como se pode notar, preciso tomar providências radicais urgentemente. Vou instalar uma balança nos pés da minha cama. Nos quatro pés da minha cama.

(*) Gostei. E depois fiquei morando quatro anos no Palladium.


Quantos pedaços de pizza você é capaz de comer?



Volume 004.





Vou colocar essa questão no meu livro

Lógica Para Crianças.


Eu aos 13 meses de idade.

Hoje é o Dia das Crianças.

10.10.25

Aulas de mandarim


Seis volumes.

Até a Lunna já está aprendendo mandarim


]

Até a aula número 600
🌷🩵🌷

E ensino também, usando o mesmo método.

O nome talvez seja

Shinese com S mesmo.


E também tenho o Projeto de 
Click acima para ver.


9.10.25

Um simples imortal

Eu não escrevo para o futuro: eu escrevo do futuro. Porque hoje já é futuro — mas muitas pessoas ainda estão no passado. Por isso não me compreendem. Minha linguagem, embora refinada, é bastante simples. Eu uso metáforas e parábolas para facilitar o entendimento daquilo que eu pretendo dizer. O fato de muitas pessoas não me compreenderem (inclusive da minha família) não quer dizer que eu esteja necessariamente errado — nem elas. Apenas não estamos no mesmo tempo. A compreensão de um texto pode demorar muito... Veja, por exemplo, o caso de Jesus: há dois mil anos ele disse coisas maravilhosas que ainda hoje não são compreendidas. Então, por que é que eu, um simples imortal — que em certos aspectos sou bem menos capaz do que Jesus — teria que ser sempre compreendido naquilo que escrevo?





7.10.25

Te deixarei voando

Se eu já te amasse tudo deixaria agora mesmo de te amar o resto, meu amor. No dia em que atingirmos o pico, nosso amor se completa. Por isso, quando a hora chegar, te deixarei voando...



Que não se perca o triplo sentido da minha última frase. Este é o ponto: Te deixar voando. Porque, na maioria das vezes, quando as relações ditas amorosas se quebram, um sempre deixa o outro caído, espezinhado, humilhado. Nas separações, raramente se deixa o outro em condições de voar — e voando! Mais precisamente: é raro querer deixá-lo assim. Quase sempre impera o rancor (quando não ódio) entre os separantes — antes tão amorosos... 

Nos meus casos ocorre exatamente o contrário: eu sempre deixo meus amores voando, em três principais sentidos. Quais sejam: 

1 — Eu as deixo imediatamente, assim que concluímos que nenhuma novidade pode mais haver entre nós. 

2 — Eu saio voando, planando, deliciosamente nos braços do vento, e sem sequer olhar para trás. 

3 — Elas também ficam voando: exercendo o voo que aprenderam comigo e amando a própria liberdade mais ainda.

Claro que tem algumas que não sabem voar quando as conheço. Tem mesmo. Muitas. Mas, a primeira coisa que faço com esses meus novos amores não alados é fazer com que lhes cresçam as asas. E que estas sejam maravilhosas, magníficas, enormes, inquebráveis. 

Quero que esses meus amores adorem voar o próprio voo e que amem fundamente a liberdade. Faço isso porque não quero ter sentimento de culpa quando as abandono lá no Pico. Sei que jamais cairão, pois eu as deixo sempre extremamente capazes de voar. E com suas duas asas abertas...

Só pra finalizar: tem algumas que voam muito melhor do que eu. 

Aprendo com elas!





5.10.25

Paulo vive

Ele era um louco por metáforas e céus azuis enluarados. Ficou cego porque via demais. Assim como Jesus, todas as irmãs, com duas ou três exceções, o detestavam. Criativo, montava estruturas geodésicas já aos cinco anos de idade. Dizem que, quando criança, transformava bujões de gás em lança-chamas. Peralta como um saci.

Era bom de cálculo: aos dezessete, passou direto no vestibular de Engenharia da Poli-USP. Mas não fez o curso porque sentia-se responsável pelas próprias razões... Ou por outras, que talvez não saibamos quais.

Bebia um pouco muito
, e ficava meio chato quando bebia. Nessas horas, costumava desenterrar defuntos. Por isso a distância entre nós era quase sempre necessária. Mas, nos momentos de lucidez (se é que podemos chamar de lucidez esses períodos em que o sangue está seco), nos raros momentos de lucidez, ele tinha uma conversa boa, amável, carinhosa.

Formou-se em Pedagogia, virou jornalista, criou um site de negócios, comprou um sítio no Paraná, plantou trinta mil pés de eucaliptos, fabricou carvão, e teve um açougue. Três ou quatro filhos. Gostava de política, e era crítico da esquerda. Sua coluna no jornal da cidade durou dez anos.

Na última vez em que nos vimos, janeiro de 2011, almocei na casa dele, na área enorme cheia de flores e lembranças. O almoço foi ele que fez. De vez em quando eu dizia, olha, tá queimando... E ele então corria lá pra cozinha. Por sugestão minha, pegamos a comida nas próprias panelas. Sentamos ali, ao lado do jardim, e ficamos conversando por três horas. Sobre a vida, que ele, contraditoriamente, amava tanto. Sob um caramanchão esquisito que tinha até um pé de bucha... Me deu uma, que ainda está na mala que nunca desfaço.

Na saída ele me disse, leve uma rosa. Era a mais bonita, lá no alto da roseira. Levei. E dei pra Mãe.



Morreu hoje.

Não o Paulo, mas a rosa.







Duas das coisas que o mataram, além do álcool: excesso de genialidade, e a incompreensão da família, especialmente das irmãs. Pedi aos filhos dele que lhe guardassem os papéis, os originais, os rascunhos, os recortes — pois vou escrever um livro sobre ele, ano que vem. Talvez uma biografia romanceada.




Uma homenagem ao Paulo, cujo aniversário de nascimento é hoje, 05 de outubro. Quando nos encontramos pela última vez, na casa dele, não foi sequer possível tomarmos uma cerveja. Mas ele fez um almoço delicioso.  Inesquecível.

E ele morreu sem me avisar...


E só agora eu descubro que ele era muito mais inteligente do que deixava transparecer.


Comentário do Professor Samuel Barbosa em 05.10.2015.






Também escrevi um poema de amor para o Beto.
Click neste link para ler.

E estou escrevendo um para o Zezé.
Já tenho parte escrita.