19.3.24

Deu certo, felizmente!

A vida é um jogo, e eu precisava de riscos. Se eu não mudasse, afundaria junto com as circunstâncias. Era preciso, portanto, que eu sumisse dali, que abandonasse tudo o que me envolvia. Tudo o que me cercava. Tudo: o Pai, a Mãe, os irmãos, a família, os amigos, a escola, o restaurante, o professor. O time, o futebol, as duas namoradas, minha Vó, meus espetos de picanha e o cheirinho de carvão. Eu tinha que abandonar tudo, inclusive minhas idéias, especialmente as preconcebidas. Os cobertores azuis, a pátria, a religião, e até mesmo o meu querido cavalo Estrela. Eu tinha quinze anos. E tinha que abandonar tudo. Meus lençóis branquinhos de algodão, meu quarto, minha mesa, meus livros, meu baralho, meus recortes de jornal e meu jogo de xadrez. Eu tinha que abandonar TUDO — antes que chegassem a acomodação e a certeza do conforto absoluto. Eu precisava me desligar daquele passado, urgentemente. Eu precisava me salvar. Então, montei um Plano de Salvação. Enchi meu peito de futuro e de coragem, de alegria e de relâmpagos — e mergulhei de cabeça na incerta e gloriosa correnteza da vida. Nas águas revoltas do coração poético do mundo lívre.

Deu certo, felizmente.




A vida é um jogo, e eu precisava de riscos.

Aliás, preciso ainda.

18.3.24

A Vida

A Vida é um jogo, belíssimo, onde só podemos ganhar aquilo que arriscamos.
Mas você parece que não anda ganhando muito, nem perdendo muito.
Nenhuma derrota acachapante, e nenhuma vitória inesquecível.
Nenhum ato grandioso, nenhum espetáculo...
Nenhuma desgraça horrorosa, mas também nenhuma paixão infinita.
Nenhuma queda profunda, nenhum salto mortal.
Nem pra cima, nem pra baixo.
Nada!
Nem escuridão, nem brilho, nem glória, nem tragédia.


Assim — a tua vida.

Segura, pacata, certinha, e normal.
Tudo em ordem, tudo estável e bem comportado.
Tudo em brancas nuvens.
Tudo meio morno, meio tépido, meio frouxo, meio mole.
Meio apagado.
Meio cinzento e meio sem graça.


Assim — a tua morte.





17.3.24

Shinese Class

Faz 549 dias (*) que eu escrevo minhas aulas de mandarim e alemão. Uma a uma, dia por dia. Ininterruptamente. 




Daqui uns dois ou três anos vou criar um Escola de Mandarim, onde aplicarei esse meu método de aprendizagem. Que hoje chamo de Walking Shinese. Shinese, com Sh mesmo, posto que brilhante.


Em 23.08.2020, numa tarde ensolarada nas praias do Guarujá, eu já estava na minha aula 125. Click AQUI para ver.




Em 21.01.2023 eu estava na Aula 754.

15.3.24

E se teus Amores fossem eternos

O amor é simples. Mas também complexo...


Se meu amor por Marina (aos sete anos) fosse eterno, eu estaria com ela ainda hoje — e não teria estado com Sandra aos doze e nem teria conhecido Suzana, que é uma deusa inesquecível. Se eu tivesse ficado com Suzana para sempre, não teria conhecido Patrícia, nem Vera, nem Alessandra, nem Janaína, nem Carol, nem Beatriz, nem outras mil. Se eu tivesse sido exclusivo de Vera ou Janaína, não teria me apaixonado por Joyce Ann — que ainda é a musa número um. Mas se eu ficasse apenas com Joyce, não teria conhecido a morena maravilhosa de ontem à noite. 

E assim por diante... 

O que me encanta é a liberdade absoluta, incondicional. Aliás, pensando bem, se o amor de Marina por mim também tivesse sido eterno, ela não teria conhecido nenhum dos seus outros amores. Assim deve ter acontecido com todas que eu amei e que me amaram — e que depois tomaram novos rumos. Se eu esperasse (ou, o que é pior, se eu tivesse exigido) que cada uma delas ficasse só comigo, nem consigo imaginar como as coisas estariam hoje. Minha vida certamente seria um pandemônio. Ou eu já estaria meio morto e soterrado por uma avalanche de complicações que isso envolve. Filhos, inclusive.

A ideia de exclusividade amorosa e sexual, se não for espontânea, não me agrada nem um pouco. O amor tem que ser livre — em todos os sentidos — e de todas as formas.



Tomando vinho com  minha Mãe.

13.3.24

Meu comercial

Como já escrevi texto até para um Comercial da Fiat, agora posso fazer este "meu comercial". Dentre os projetos que estou criando, alguns requerem parcerias especiais brilhantes. Neste momento, inicialmente em São Paulo, quero contratar duas ou três advogadas e duas arquitetas — criativas, não fumantes. Se for o teu caso, deixe telefone ou e-mail no formulário de contato do site www.EdsonMarques.com. De preferência, recém-formadas.



Uma nova versão do poema Mude, com interpretação de Antonio Abujamra.

11.3.24

Se eu pudesse

A vida é muito curta.

Isto é fatal.

Mas,
se eu pudesse começar de novo,
tomaria certos cuidados que nem sempre tomei:
Jamais teria permitido que me prendessem,
ainda que em nome do amor.


Teria quebrado as correntes logo no início.

Teria tido menos pressa
e mais coragem.

E nenhum sentimento de culpa.

Daria valor secundário
a todas as coisas secundárias,
e consideraria secundário tudo aquilo
que não tivesse o efetivo poder de causar
mudanças significativas no rumo
da minha vida.

Todas as manhãs começariam
com meditação, orgasmo e frutas leves.


Se pudesse começar de novo,
dançaria muito mais
do que dancei,
e brincaria muito mais do que brinquei.

Minha Vida seria uma festa...

Se pudesse mesmo começar de novo,
seria mais espontâneo.

Seria mais ousado:
A ousadia move o mundo.

Desobedeceria
todas as regras injustas,
e afastaria os preconceitos e a hipocrisia.

Procuraria respeitar sempre
o Deus de cada um.

Teria viajado muito mais do que viajei.

Correria mais riscos.

E teria tido seis milhões de amores profundos...

Se eu pudesse começar outra vez,
iria aprender com os erros dos outros,
e com os acertos também.

Andaria mais leve:

não levaria comigo nada que fosse
apenas um fardo.


Não teria desperdiçado tanta vida
e tanto tempo.


Não teria tentado salvar todo mundo.

Amaria muito mais a liberdade.

Viveria cada minuto
como se Deus
derramasse flores e estrelas na minha cabeça.

Tentaria uma coisa nova
todos os dias.

Em tudo que fizesse colocaria
mais Poesia,
mais Amor, mais Alegria.


E teria feito a opção de ser feliz
muito mais cedo
do que fiz.


Edson Marques

Manual da Separação
página 71



Este meu texto (apenas o tema) foi inspirado num poema chamado INSTANTES, erradamente atribuído a Jorge Luís Borges. Veja detalhes AQUI e também no Jornal de Poesia. (uma explicação.)



Eu optei por ser feliz aos doze anos de idade. Já lia muito, inclusive Pitágoras, Neruda e Karl Marx, mas não foram (só) esses três que iluminaram os meus caminhos. Eu olhei para os lados, e vi a vida sem graça que as pessoas do meu meio viviam. Aquilo me chocava. Eram pessoas infelizes, que só reproduziam relações antigas, só seguiam as regras. Acomodadas e passionais. Então, analisei as circunstâncias, vislumbrei um futuro, estudei ainda mais — e tomei a decisão. Conscientemente. Elaborei um Plano de Salvação. E o segui à risca. Com disciplina, com amor, com muita leitura, com estudos profundos, com determinação.

Deu certo.

Esse poema, portanto, não foi feito para mim, pois a a maior parte do que ali se diz eu já faço desde que me conheço por gente. Cometi alguns erros, é claro. Liguei-me quatro ou cinco vezes a pessoas ciumentas, e sofri por manter tais relações por períodos demasiado longos (no total dessas relações, perdi uns três ou quatro anos de vida). Por descuido, também tomei algumas decisões equivocadas, em outras áreas, mas tudo se resolveu a seu tempo. O que lamento mesmo, e lamentarei até o fim dos meus dias, é ter perdido aqueles quase três ou quatro anos com pessoas muito ciumentas. Esse tempo é irrecuperável. Houve também alguns jacarés nos quais depositei confiança e saquei mordidas — mas essa é outra história...

9.3.24

Decisão Original

 


Às vezes, como nesta madrugada de sábado e bem no meio de uma dose de absinto, temos que tomar duas cervejas:

uma Original e uma Decisão.

8.3.24

Dia das Mulheres

MULHERES

Não me bastam os cinco sentidos para perceber-lhes toda a beleza. Não me bastam os cinco sentidos para viver com totalidade o mistério profundo que elas trazem consigo. Eu tenho é que tocá-las, cheirá-las, acariciá-las, penetrar-lhes o sorriso, sentir o seu perfume, beijar-lhes o céu da boca, ouvir suas histórias, transformá-las em deusas. Tenho que dar-lhes o amor que o meu corpo conduz e sustenta-me a alma. O belo amor natural por todas as coisas do mundo. Como espelho de paixões em labareda, tenho que sentir nos seus olhos um raro brilho diamante.

Eu as respeito e as venero — com a graça de um cisne que dança num lago tranqüilo e a ousadia de um touro selvagem recém-despertado. Não lhes faço perguntas, não as pressiono por nada, não lhes tiro a liberdade, não quero mudá-las jamais. Sempre imagino o que estejam sonhando, e pulo de cabeça no sonho delas. Cavalgo o vento para visitar-lhes as razões, as emoções e as loucuras. Como um deus escandaloso e surpreso por sua própria criatura, entro no coração de cada uma delas, deliciosamente, como se entrasse numa pulsante catedral. Mergulho na essência dos seus desejos e cada vez me espanto mais com tanta fantasia. Os cinco sentidos, por não serem precisos, ainda não bastam, e preciso mais do que isso para compreendê-las.

Toda mulher é silenciosa por dentro. A existência pura se manifesta em cada detalhe. Assim na terra como no céu, amar as mulheres é uma experiência religiosa. E eu as amo, fina substância, como deve amar quem ama de verdade — incondicionalmente. Sem ciúmes. Eu amo as morenas, as loiras, as baixinhas, as altas, as lindas, as quase feias. Amo as virtuosas, as magras, as gordinhas, as diabólicas, as tímidas — e até as mentirosas. As iluminadas, as pecadoras, e as santíssimas. Amo as virgens, as pobres, as ricas, as loucas, as muito vivas, as inocentes. As bronzeadas pelo sol, e as branquinhas. As inteligentes — e as nem tanto. Desde que sensíveis, eu amo as jovens, as maduras, as solteiras, as casadas, as separadas. As bem-amadas, e as abandonadas. As livres, e as indecisas. E se me dessem o poder, o tempo e, principalmente, a chance, eu a todas elas daria, todos os dias, um êxtase cósmico, poético e sublime.

Apanharia flores silvestres, tomaria sol com todas elas, todo dia. Andaríamos descalços na areia, contemplaríamos crepúsculos cor de abóbora, jantaríamos à luz de velas, dançaríamos, tomaríamos vinho branco, olharíamos as estrelas. E eu lhes faria poesias de amor. Puro como um anjo, amaria cada uma delas eternamente — uma por vez. Com delicadeza, com doçura, com profundidade, com inocência. Entusiasmado, como se cada uma fosse a única. Como se no mundo inteiro não houvesse mais nada, nem ninguém.

Todas as noites, eu passaria cremes e encantos no seu corpo. Falaria sobre fábulas, contaria histórias românticas, as veria dormir. Ouvindo Beethoven, velaria por um tempo o sono delas, e, de madrugada, antes do sol raiar, antes do primeiro pássaro cantar, as cobriria com o resto de luar que ainda houvesse, e sairia em silêncio. Como um felino lógico, sensual e saciado, deslizaria pelo cetim azul-celeste dos lençóis, saltaria por sobre todas as metáforas — e sorrindo iria embora.

Enfim, se por acaso fosse Deus, eu com certeza não mais ficaria cuidando do universo e dessas outras coisinhas banais. Não ficaria controlando o destino das pessoas, o tempo, os compromissos, a pressa, o caminho dos planetas, a economia, o cotidiano, o infinito, os genes, a Internet, a geografia...    Não!

Eu somente iria amar as mulheres, como elas merecem — e como nunca foram amadas.


Só isso, definitivamente. Nada mais, nada mais!





6.3.24

A clavícula de Afrodite



Nesta noite vitoriosa e de amor escandaloso a própria lua pára atônita no céu e nos assiste. Num voo imaginário de pássaro surpreso, meus doces lábios de morango tocam de passagem tua boca entreaberta: duas ou três gotas de champanhe caem no teu mamilo pontiagudo, como chuva de cristal no Pico do Everest. Ajoelho-me ao teu lado, e teu corpo já não é mais apenas o teu corpo: é uma catedral...

Como em liturgia, sussurro uma breve oração poética, uma prece de amor, e teu instinto felino salta por sobre os meus propósitos. Nossas humanas emoções se instalam de repente, porque tua inocência é o maior afrodisíaco. O infinito brilho nos teus olhos me fascina — outra vez — e então concluo que viver não tem limite:

Sinto-me agora como se Deus derramasse mil flores recém-colhidas na minha cabeça.


Só me resta beijar tua clavícula, meu amor.





5.3.24

O Universo é feminino

Considerando a quantidade enorme de mulheres maravilhosas que eu já conheci na minha vida — e ainda conhecerei. Considerando as centenas de meninas lindas que amei profundamente até agora e também aquelas que ainda certamente amarei. Considerando os jantares delicados, os passeios amorosos, os brinquedos e as delícias todas que juntos vivemos e ainda viveremos, eu e minhas musas e deusas. Considerando as alegrias fascinantes que tivemos e ainda teremos. As energias luminosas que já trocamos e ainda trocaremos, eu e esses meus amores todos tão brilhantes. Considerando tudo isso, sou levado a concluir que o mundo é feminino. Sou levado a concluir que a vida é feminina. A arte, a música, a dança, a glória — tudo é feminino. Até o canto dos passarinhos é feminino. As flores são femininas. O orgasmo é feminino. A Galáxia é feminina. O átomo é feminino. O Espírito é feminino. O Amor é feminino.




Releitura de Modigliani feita por Joyce Ann. Guarujá. 2004. 

4.3.24

Onde fica o Céu

Em Lucas 17:21 Jesus nos diz que o paraíso está dentro de nós. O céu não é um lugar nem uma situação: é um estado de espírito. E somente aqueles que têm bons propósitos e dominam seus estados de espírito é que podem ter o céu no seu próprio coração. Acredito. Da mesma forma e ao contrário, aqueles que não têm um bom equilíbrio emocional, aqueles que se desesperam e se estressam, que gritam e que berram, sapateiam — os invejosos e ciumentos, os maus e os gananciosos — esses acabam tendo apenas o inferno profundo dentro de si.

Muitas pessoas supõem, erradamente, que o Céu e o Inferno são lugares. Lugares físicos, com três dimensões mais o tempo, e cheios de átomos e moléculas. Inclusive de oxigênio — que, no caso do Inferno, é para poder pegar fogo... Pois, sem moléculas de oxigênio, é impossível produzir fogo. Outro dado importante: se o Céu e o Inferno fossem lugares geográficos, eles deveriam estar localizados numa determinada região da Galáxia — e daí as mitologias todas se espatifam. Mas essas historinhas eu só conto no meu livro Lógica para Crianças. Os adultos já estão cansados de saber dessas coisas tão óbvias.


Texto escrito originalmente em 23.04.2012.

2.3.24

Meu Pai e os Girassóis

 

A melhor lição que meu Pai me deu.

Se. Eu. Não. Estudar. Eu. Vou. Me. Foder.



MESTRE ZEN COM VARA DE MARMELO

Meu pai era racional demais, disciplinado demais, e ético demais. Dominava o cálculo, era íntimo dos números, ensinou-me a tabuada do 13 quando eu tinha sete anos. Quem não sabe a tabuada não vai longe, ele me dizia. Nasceu para o comando. Era dono de uma violência verbal impressionante — e nunca deixava pra depois as broncas que pudesse dar. Exagerado, tinha seus momentos de loucura: de vez em quando mandava fazer almoços festivos para crianças pobres. Era comum se reunirem duzentas ou trezentas em nosso restaurante. Absteve-se do jogo, não fumava, mas bebia um pouco mais do que eu supunha o certo. Com duas exceções, nunca o vi de fogo. Ele nunca nos disse que gostava de poesia, mas certa vez mandou que plantassem trezentos e sessenta pés de girassol no fundo do quintal da nossa casa. Depois que as plantas cresceram, ele ficava toda tarde um tempão lá no fundo, sentado num banquinho improvisado de madeira, sorrindo, encantado, tomando vinho vermelho — e olhando os girassóis girarem... Meu pai, portanto — e no fundo — talvez não fosse apenas um simples comerciante atarracado e ex-delegado de polícia. Talvez fosse um poeta. Pena que não teve tempo de ficar completamente louco: morreu aos 49, por erro de um médico que tinha a morte até no nome.

O vinho é feito de agulhas, meu copo um dedal. Costuro à mão pedaços da infância — com eles faço um lençol. Peço à Lorenna que me cante cantigas de natal da Idade Média, e ouço a Singer rangendo seus pedais no meu CD. Minha mãe também costurava com linhas de cor, pregava remendos bonitos, trocava meus botões, lavava roupas de amor. Vejo até sabão de cinzas no fogo forte que tanto me arde agora no rio do peito, espumas de lembranças incendiadas.




Carta que escrevi a ele em 28.02.1978.


RECOMENDAÇÕES DO MEU PAI

Além das suas recomendações sobre sempre respeitar a propriedade alheia — e nunca usar sapatos velhos — há outras dele das quais agora me lembro:



2. Não carregue pacotes.
4. Seja dono do teu próprio negócio.
5. Beba pouco.
6. Estude bastante.
7. Não fume.
8. Não transe com as empregadas.
9. Não minta — exceto se for para salvar a vida.


Quando morreu, ele trazia no bolso, na carteira de couro marrom, uma carta, dobradinha, meio amarelada e com sinais evidentes de muitas leituras. Não sei onde pode estar o original. Talvez tenha tido o mesmo destino daquelas fotos que as doentes rasgaram. Felizmente a memória não se perde. Não é possível rasgar uma lembrança, destruir um símbolo, esconder um coração. Manifestações de amor, como essa do meu Pai ao carregar minha carta consigo — até no dia da sua própria morte —, não se apagam. É uma honra para mim.





Hoje é aniversário dele.

1.3.24

Pássaro surpreso

Há dias em que é preciso que eu te perca inteiramente. É preciso que eu siga o que me pede o coração apaixonado — e o que suplica um novo grande amor aos pés da nova cama. Tua imagem, minha flor, fumaça escandalosa desprendida de si mesma, some em meio à volúpia da minha próxima lembrança. Então, te esqueço — carinhosamente. Mas, de repente, num voo alado de pássaro surpreso, entro em mim pra te buscar. Se te encontro, a busca me alucina intensamente, e se me encanto, ao contrário, é meu verbo que engravida o teu espanto.

27.2.24

Meio quilo de sal

O VELHINHO DO IBITI   

Eu tinha cerca de nove anos e cuidava do armazém. Na verdade era um boteco em fase de expansão. Os estoques encostavam no teto, sacarias aos montes, caixas de óleo em latas, açúcar, arroz, macarrão. Desmanchou-se um quarto para se criar mais depósito. A carteira de clientes era grande e o fiado era enorme. Geralmente, anotávamos em cadernetas, que os clientes levavam para casa. Mas também havia o pequeno fiado, o eventual, que anotávamos em vários cadernos. Pois bem. Certa manhã de domingo, antes de sair para o quintal, meu pai comentou comigo que "precisávamos reduzir o fiado". Sim, eu também concordei. E o primeiro cliente que chegou em seguida foi o Velhinho do Ibiti. Eu estava desenhando no papel de embrulho. Ele contou seus trocadinhos, desenrolou suas notinhas de um cruzeiro, e me estendeu sua mão. Naquele tempo não havia moedas, não havia centavos. Nem perguntou quanto devia, ele sabia de cor. Guardei o dinheiro na gaveta do balcão e peguei meu lápis para continuar desenhando. Em silêncio. Mas o velhinho ficou ali, me olhando, e esperando o que sempre levava. Meio quilo de sal – fiado. Que seria pago na semana seguinte, como sempre. Acontece que eu, naquele momento, havia decidido mudar a política financeira da empresa: nada mais fiado... E cometi a maior injustiça social da minha vida. Neguei ao velhinho do Ibiti o seu meio quilinho de sal.

Quando meu pai chegou contei-lhe sobre a minha decisão. Ele apenas sorriu, passou a mão na minha cabeça e pediu-me que fechasse as portas do boteco: sairíamos. Meia hora depois, numa estradinha poeirenta, sacolejando na charrete azul puxada pelo Estrela, tentávamos alcançar o velhinho do Ibiti. Nas minhas mãos, o meio quilo de sal.

Alcançamos.

E nossa conversa na volta, entre mim e meu Pai, foi muito esclarecedora. É provável que tenha sido nessa tarde de domingo que eu me tornei socialista. Comunista. E o velhinho do Ibiti continuou tendo crédito semanal para o seu meio quilinho de sal – e o que mais precisasse.

O Sr. Luizito – esse era o nome dele – nunca dava aprovações antecipadas nem broncas por agenda. Tínhamos a obrigação de conhecer-lhe os critérios de verdade, os conceitos sobre as coisas, a filosofia de vida. No fundo, ele era um mestre zen com vara de marmelo. Faça o que você decidir, ele me dizia. "Se bem feito e se correto, tudo bem. Se errado, você apanha". Tudo sem frescura. Simples. Direto. Funcional.

Assim era o meu pai: um bruto com coração.

26.2.24

Devassa

Há exatamente oito anos. Eu passei pelo Shopping West Plaza, para tomar um Chopp, num sábado à tarde, após sair da obra que eu estava fazendo no Condomínio Milano Torino, na Avenida Francisco Matarazzo, em São Paulo.



24.2.24

Teoria do Acaso

Com base na tese que defendo no livro Teoria do Acaso, só somos o que somos porque fomos o que fomos. O destino não passa de uma inegável sucessão de acasos. A liberdade é sempre condicionada pela base material da existência. Se meu bisavô não tivesse raptado sua amada Vitalina em 1920, eu nem sequer existiria. Se alguém batesse à porta da casa do meu Pai minutos antes de ele transar com minha Mãe no dia em que fui gerado, eu também jamais existiria.

Isso vale inclusive pra você.

E se eu tivesse me casado com o primeiro grande amor da minha vida, certamente não estaria aqui, agora, solteiro — e feliz. Ou talvez meu conceito de felicidade fosse outro, e eu hoje poderia estar mais feliz ainda — e casado. Mas, com base nas estatísticas, e se o casamento é mesmo o túmulo do amor, tivesse casado, eu hoje estaria morto — no sentido figurado, ou de verdade, tanto faz.

Como se vê, o acúmulo das decisões tomadas por nós determina a situação presente. Nesse sentido, se eu mudasse qualquer das decisões que tomei, por menores que fossem, em qualquer momento anterior da minha vida, nada do que vivi após essa decisão teria acontecido como aconteceu. E hoje eu não seria o que sou. Poderia estar melhor ou pior, não importa. O que realmente importa é que toda decisão é crucial. Portanto, reflita bastante sobre as decisões que você estiver tomando hoje. Elas determinarão o teu futuro, necessariamente. E como mudar o passado não é mais possível, tente mudar o futuro. Se o caminho que você hoje percorre pode desembocar na escuridão, tome providências.

Às vezes, na vida da gente, logo ali à frente pode haver uma emboscada. Ou talvez uma porta escancarada para o céu, não se sabe.




Você pode ler os capítulos iniciais desse livro AQUI




22.2.24

Vida

Morrer é a última coisa que eu quero fazer na VIDA.

Eu tenho uma compreensão absoluta desse fato inexorável que é a morte biológica das pessoas que eu amo. A primeira morte marcante de que agora me lembro é da minha Vó Vitalina. Depois, há mais de vinte anos, a de meu PaiA mais recente (e certamente a mais marcante) foi a do meu irmão Paulo, na véspera do Natal de 2011. E a segunda mais recente, em 2010, a do meu amigo José Ângelo Gaiarsa. São essas as quatro mortes que poderiam me fazer chorar. E mesmo assim não fizeram. Porque, para mim, a morte biológica nada mais é que uma separação radical irremediável. Porém, como não tenho sentimento de posse sobre aquele que morre, não posso dizer que lhe sinto a falta. Não há luto na situação que me resta. E se algum dia eu chorar por alguém que morreu, será mais por lembrança daquilo de bom que algum dia fizemos, um para o outro.

Não há sentimento de perda, nem um vazio me toma de assalto. Eu compreendo sempre o acaso que nos ligou — e o acaso que nos separa. Mas detesto supor que a morte pode lhe ter sido dolorida. Nesse sentido, um dedinho queimado de alguém me esquentando café no fogão de manhã me incomoda também. Sou contra a dor, não sou contra a perda. Aliás, só a perda pode abrir caminho para o novo — e o novo é sempre fascinante.

Claro que tem uma morte que vai me afetar diretamente: a minha. Embora remotíssima, eu também a compreenderei... Mas não quero ser chorado apenas porque fui. Aliás, imagino-me saudado em meu último dia como o personagem de Charles Denner no filme O homem que amava as mulheres. Mas digo isto porque sei que vou durar para sempre. Para sempre ou até os 120, pelo menos. Ou talvez eu morra como previ naquele meu poema que está no livro Solidão a Mil — no cume da montanha, louvado por Maria e minha mãe. Não sei. Daqui uns oitenta anos eu talvez pense um pouco mais a respeito.


Esse texto ainda está sendo escrito. A parte acima é de 2011. De vez em quando eu dou um mexida nele. Se bem que em dezembro de 2012 tive que atualizá-lo, especialmente porque morreu mais um irmão meu, o Beto — e para quem já escrevi esta homenagem. Mas o que me deixa bastante contente é o fato de que as pessoas que eu amo raramente morrem.


Só não quero que o texto acima passe a errada impressão de que sou frio. Não se trata disso. Sou emotivo no mais alto grau. Choro ao ver uma cena de amor, choro ao me lembrar de como sorri minha Mãe ao me encontrar, choro quando penso nos bons corações que já quebrei, choro ao me lembrar do Velhinho do Ibiti. Choro por Joyce Ann e seus gatinhos que sumiram terça-feira. Choro... Depois eu conto sobre mais coisas pelas quais eu choro. E muitas outras pelas quais eu rio. Fluente. Profundo. Cristalino. Transparente.

21.2.24

Omelete

Ontem, por sugestão amorosa da Rayara, eu comi o melhor omelete de toda a minha vida. Depois,  eu e ela fomos tomar um vinho Pector, rosé.





E no fim da noite, nos braços da Lua, refinei este poema:


Sou o autor da minha peça e o próprio personagem. A dança e o bailarino, a música, o maestro, compositor. A ternura mais vermelha e delicada, o lóbulo da orelha e o copo de vinho do meu amor. O beijo e o abraço, a delícia e o licor. O êxtase, e todas as auroras que ainda vão chegar.

Sou o céu do precipício, a língua do horizonte — e mais além. Sou o sagrado e o profano, o profundo e o supérfluo, a origem da tragédia, e o brilho da cor. Sou mínimo e tanto, pouco e princípio, paixão, excesso e glória.

Sou relâmpago, transitório, passageiro, imprevisível, pétala de estrela solitária, um pingo de ocidente no teu mel.

Sou todo infinito no entusiasmo, e a última labareda amorosa de uma espécie de fogo em extinção...

20.2.24

Junte-se aos melhores

As Quarenta Coisas mais importantes para você fazer em 2024


01. Tome mais água, mais vinho e mais sol.
02. Escolha melhor os teus próximos amores. Prefira os livres.
03. Viva com mais Entusiasmo, com mais Energia, e com mais Coragem.
04. Arranje sempre algum tempo para planejar o teu futuro.
05. Faça atividades que estimulem o teu cérebro.
06. Leia mais livros do que você leu em 2023.
07. Fique em silêncio alguns minutos todo dia. Pense. Reflita. Medite.
08. Procure dormir tranquilamente, para acordar de bom humor.
09. Faça exercícios físicos. Caminhe pelo menos 30 minutos por dia.
10. Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
11. Não compare a tua vida com a de ninguém. Cada um tem sua história.
12. Seja sempre um otimista racional.
13. Mantenha o controle absoluto dos teus estados de espírito.
14. Não se torne sério demais. Só os alegres vão pro Céu.
15. Só gaste tua preciosa energia com coisas importantes.
16. Sonhe mais. Sem sonho não se cria absolutamente nada.
17. Saiba que a inveja é um desesperado sinal de fracasso.
18. Jamais conclua apressadamente. Analise antes as premissas.
19. A vida é curta demais para ser tão pouca. Viva mais!
20. Faça as pazes com o teu passado para não estragar o teu presente.
21. Ninguém comanda a tua própria felicidade, a não ser você mesmo.
22. Tenha consciência de que você não vai viver mil anos.
23. Sorria mais. Encontre motivos para dar umas boas gargalhadas.
24. Não é preciso vencer todas as discussões. Aceite a discordância.
25. Entre mais em contato com teus amigos e com teus amores.
26. Nunca perca uma oportunidade de ajudar alguém.
27. Se não puder perdoar a todos, ao menos os compreenda.
28. Misture-se aos melhores.
29. Jogue fora tudo que não presta.
30. O que outros dizem a teu respeito nunca vai mudar a tua essência.
31. Não permita que um simples idiota comprometa o teu destino.
32. Faça sempre o que é correto, justo e verdadeiro.
33. Procure não trair jamais a tua própria natureza.
34. Deus cura todas as doenças — exceto o mau humor e a maldade.
35. Valorize a própria liberdade, acima de qualquer outra coisa.
36. Estude. Estude sempre. Estude o máximo possível.
37. O melhor ainda está por vir — em todos os sentidos.
38. Só o que está morto não muda.
39. Preencha o teu coração com alegria, esperança e gostosura.
40. Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.


TransCriação de Edson Marques sobre um texto da internet + partes do poema Mude.


Um arco-íris embaixo da Capela da Mãe.


19.2.24

Desejo ardente

Quantas palavras novas você aprendeu ontem?



E quantas vai aprender hoje?




.



 Sou um poeta.


Mas também sou saniasyn, e meu nome, Paritosh Keval, foi dado por Osho, em Poona, India. Sou leitor voraz de Nietzsche, Jung, Cioran, Sartre, Freud, Reich, Leminski, Henry Miller, entre outros.


Acabei de relançar meu livro "Solidão a Mil". Esta edição tem 380 páginas. Filosoft.


Autor do polêmico "Manual da Separação", 160 páginas, Ed. Filosoft, 1998. SP. Que, naquela época, já era um revolucionário blog de papel. VEja isto:

Meu testamento tem apenas três palavras: Me enterrem Nu. E se possível me lambuzem todo com óleo de amêndoas doces, para que os vermes deslizem por sobre o meu corpo, dancem feito loucos sobre mim, e depois me beijem, poeticamente, ao vivo. Em pelo.

O texto acima é da página 14 do meu livro Manual da Separação, que, aliás, não é um "manual": são breves ensaios poéticos sobre amor e liberdade. Livro que agora, em meados de 2012, teve uma reedição, revista e ampliada, com 240 páginas.


Sou o autor do poema "Mude", texto do belíssimo comercial da FIAT, feito pela Agência Leo Burnett. Há muitas outras versões em vídeos no meu blog Mude.


Em 2006, foi publicado o livro Mude - pela PandaBooks Editora Original, com prefácio de Antonio Abujamra, a quem concedi entrevista no programa Provocações - TV Cultura.



Sou sócio fundador da Ordem Nacional dos Escritores, ocupando a cadeira número 6, cujo patrono é Graciliano Ramos. Fui Diretor do Clube de Poesia de São Paulo, na Gestão Ives Gandra da Silva Martins.



Vencedor do Prêmio Cervantes/Ibéria/1993, categoria Narración em Portugués, com o conto mágico-realista cujo título é A orelha. (Leia).




Fui também Editor do "internetjornal" (publicado até fins de 2000 pela Folha de S.Paulo Gráfica). Um ousado Projeto editorial com fulcro na Internet.


Sou um Psicodramatista inquieto. Trabalhei, entre outros, com Alfredo Soeiro. Claro que adoro também a Psicanálise. Já experimentei (quase) todas as linhas terapêuticas, a fundo. Mas, em princípio — e exceto para casos gravíssimos — rejeito frontalmente as soluções químicas.


Estou terminando meu romance "Quero Que Você Morra !", que terá posfácio de Antonio Abujamra, um gênio que eu amo demais.



Também finalizando o Tratado do Arrependimento, livro em que falo das relações familiares, basicamente. Além do livro Teoria do Acaso — cujo título, por sugestão da minha Mãe, será alterado para Tudo é por Acaso.


Estudei Filosofia na USP. Fui aluno de Marilena Chauí, Oswaldo Porchat, Franklin Leopoldo e Silva, entre outros. Sou quase jornalista pela ECA (parei na metade). Estudei Direito também na USP (Largo São Francisco), onde meu maior Mestre era Gofredo Silva Telles. Abandonei a faculdade de Direito no sexto semestre para tornar-me um fotógrafo profissional. Também estudei Economia, por uns tempos, mas isso agora não vem ao caso.


Por sugestão do meu professor de Lógica, Oswaldo Porchat, comecei a estudar Alan Turing fora da USP. Em seguida, fascinado que fiquei, entrei de cabeça na computação. Sem abandonar a poesia, aprendi várias linguagens, inclusive Cobol, Assembler, Pascal e Fortran. Tudo isso em apenas um ano de dedicação integral. Fui ser programador, e três meses depois era Analista de Sistemas e em seguida, aos 22 anos, promovido a Gerente de Informática numa empresa chamada Protin. Meu salário, impulsionado pela Lógica, decuplicou. Cheguei a abrir uma empresa chamada K-Misster. E continuava na Filosofia — amando a Lógica cada vez mais. Por isso hoje esse meu respeito absoluto pela lógica e pela poesia. Eu respiro lógica e poesia o dia inteiro.


Quantas dimensões será que tem o tempo?


Nas horas vagas, viro um "construtor de pirâmides": sou empresário romântico na área de Construção Civil, onde pude constatar que a Classe Operária jamais irá para o Paraíso.


No começo de 2013, eu pretendia abrir no Guarujá uma filial dos 
Jardins de Epicuro — que será um Centro de meditação, dança, discussões filosóficas e demais porraloquices do gênero. Acabei adiando para 2023 por questões de logística.


E sei que é impossível ser feliz sem liberdade.


Mas também sei que tudo que foi dito acima, — exceto a última frase — não tem a mínima importância.



Sei que tenho contradições — porém são todas não antagônicas.


Sou ateu, mas Deus me adora! E Jesus é um dos meus heróis. Nunca fico doente: há mais de dez anos que não tomo nenhum remédio, exceto vinho. Não tenho dor de cabeça, nem de barriga, nem de garganta. Não tenho dor alguma. Não tomo sequer aspirinas. Continuo achando que o Capitalismo não é o Fim da História. Gosto de Fidel Castro e até de Hugo Chávez, assim como gosto de Beethoven e Velazques. Nunca briguei com minha mãe – nem ela comigo. Há cerca de vinte anos que não perco a calma: tenho completo domínio dos meus estados de espírito. Embora tenha casado cinco ou seis vezes, com seis ou sete mulheres encantadoras, meu estado civil ainda é o original. Mas, antes de morrer solteiro, vou VIVER solteiro.


Sou amigo profundo de todas as minhas ex-namoradas. Especialmente Joyce Ann.


Sou a favor do amor livre, mesmo porque seria burrice defender o amor preso. Sou "amante dos Beatles e dos Rolling Stones". Moro sozinho, mas adoro jantar com os meus amigos e com os meus amores. Não tenho medo, não tenho ciúmes, não tenho pressa. 
Sempre me afasto das pessoas perigosamente normais. E penso que só quem salta inteiro no belo escuro azul profundo da vida é que pode viver de verdade.


Dentre as muitas frases que já escrevi, destaco estas:

Se você não encontrar razões para ser livre, 
invente-as!

Só o que está morto não muda.

Um homem sem causa é um inconsequente.

Sempre danço conforme a música. Mas, antes, escrevo a partitura.

Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.


Blog principal = 
www.MUDE.blogspot.com
(Onde escrevo breves ensaios poéticos sobre o Amor, a Loucura e a Liberdade.)

E também no www.desafiat.blogspot.com


Livros que eu levaria para uma ilha deserta: a Biografia de James Joyce, escrita por Richard Ellmann; todos os de Henry Miller. E os meus, é claro... rs!

Mulheres que eu levaria para uma ilha deserta: Joyce Ann, Rose, Dora, Vera, Verinha, Suzana, Beatriz, Paloma, Fábia, Fernanda, Janaína, você, e aquela por quem me apaixonei ontem à tarde — todas numa viagem só.


Em síntese:

É melhor dançar no arco-íris do que andar na linha do trem.





















Obras publicadas:


"Manual da Separação", 160 pág, Ed. Filosoft, 1998, SP.

O mais recente relançamento: Solidão a Mil

Em 2011, com o pseudônimo de Paritosh Keval: O Evangelho de Edson Marques

"O Canto dos Poetas", antologia da Ordem Nacional dos Escritores.

"Beijos no céu da boca", Ed. Do Autor, 1985, esgotada.

"Mude", poema ilustrado, 96 pág, 
PandaBooks Editora Original, SP, 2006.

"Rodamundo 2005" – escritores de vários países. Ed. Ottoni, 2005.

"Blog de papel" – 
Editora Gênese, 128 pág, SP, 2005.

Poema MUDE – 
faixa 4 do CD Filtro Solar – de Pedro Bial.

Inúmeras antologias publicadas.

Textos publicados em milhares de sites e blogs.

Artigos em jornais, teses e bilhetes.
(Claro que os bilhetes são hoje muito mais interessantes do que as teses...)


Mas aqui tem um outro resumo da minha biografia



Enfim, sou apenas um poeta...
Nada mais.

Nada menos!



.




18.2.24

Coração escancarado

Adoro ovo frito. Mas tem que ser recém-botado por galinha nova criada solta.


Esta frase eu escrevi domingo no Pedra Baiana, restaurante onde, há quase dois anos (2006), escrevi muitas frases soltas, inclusive esta:

Minha Mãe até hoje não entende muito bem por que, no dia em que eu nasci, chegaram à nossa casa aqueles três desconhecidos trazendo ouro, incenso e mirra.


Essas 36 frases eu as escrevi no dia em que estava lendo Vida, de Paulo Leminski, ao lado de um chardonnay argentino. Caso você as leia, considere estas ressalvas:


Eu respeito e amo Jesus, incondicionalmente. É o mais belo poeta revolucionário de todas as mitologias!

E também respeito quem o vê como Filho do Deus Criador. O Jesus que fez o Sermão da Montanha deve ser louvado todo dia por todo mundo!

Mas, lembrem-se: estou escrevendo um livro chamado "The Master of Jesus". E algumas das frases são falas de um personagem. Ou de vários personagens. Esse livro pode virar peça, que seria levada ao teatro por Antonio Abujamra (mas ele morreu antes).

Quem sabe, um filme.

Além do mais, como escritor, tenho que manter a liberdade de criação. E essa liberdade é sacratíssima, em todos os sentidos!

Que poeta eu seria se uma ideia me viesse à cabeça e ao coração e eu tivesse que escondê-la (ou sufocá-la) porque poderia, talvez, ferir suscetibilidades de algumas pessoas?

Que poeta eu seria se condicionasse minha inspiração aos preconceitos, crenças ou visões do mundo de outras pessoas?

Já pensou se eu não pudesse defender o amor livre porque muita gente é contra? Se eu não pudesse falar do Buda porque o cristão é contra? Se eu não pudesse amar Jesus porque os judeus o negam? Se eu não pudesse escrever sobre Zeus só porque ele é um Deus que nasceu antes de Jesus, ou de Alá, ou Maomé?

Se eu não pudesse amar a rosa porque o lírio a quer toda para si?

Seria muito difícil viver assim!

Pautar nossa vida exclusivamente pelas opiniões alheias deve ser um horror!


Por isso, eu me exponho inteiro. Eu abro minhas entranhas sem medo de mostrar os meus avessos... Escancaro meu coração porque creio na Vida!


Espero que tenham por mim a mesma compreensão amorosa que eu tenho por todos. Mas essa compreensão não afasta o direito de crítica ao que escrevo. Aliás, o reforça.

Abraços, flores, estrelas...