26.7.24

Lógica e Poesia

Eu adoro a Matemática desde pequenino. Aos oito anos eu já sabia a tabuada do 15 e a regra de três. Aprendi a descontrolar meu mundo com o Teorema de Pitágoras. Aos dez, já era íntimo de PA e PG e de equações exponenciais. Depois, me apaixonei pela Lógica de modo inescapável. Mais tarde, virei amante excitado da Estatística e da Teoria dos Nós. Vibrei com Fibonacci, e fui fazer computação. Mas tudo isso abraçado a flores e estrelas, e sem jamais abandonar a Poesia. E foi assim, dançando nos versos dos meus sonhos, é que descobri a existência de uma coisa gloriosa, que se chama Divina Proporção. O modo mais brilhante de levantar uma parede ou desenhar uma calçada. O modo mais gracioso de colocar as vogais tônicas nos meus cantos e poemas, e a maneira mais elegante de massagear os pés do meu amor.



Por sugestão do meu professor de Lógica na USP, Oswaldo Porchat, comecei a estudar Alan Turing de modo profundo. Em seguida, fascinado que fiquei, entrei de cabeça na computação. Sem abandonar a poesia, aprendi várias linguagens, inclusive Cobol, Assembler, Pascal e Fortran. Tudo isso em apenas um ano de dedicação integral. Fui ser programador, e três meses depois era Analista de Sistemas e em seguida, aos 22 anos, promovido a Gerente de Informática numa empresa chamada Protin. Meu salário, impulsionado pela Lógica, decuplicou. E eu continuava na Filosofia — amando a Lógica, lógico, cada vez mais. Por isso hoje esse meu respeito absoluto pela lógica e pela poesia. Eu respiro lógica e poesia o dia inteiro.



Como me disse meu Pai,
Se. Eu. Não. Estudar. Eu. Vou. Me. Foder.




Veja o que é a Divina Proporção.

25.7.24

Um pé de alface

Um dia, passou por frente à loja da Tia Ana uma menina descalça vendendo alface. Era 1979. Era inverno, pouco antes do meio-dia. Uma cestinha de taquara trançada, com dois pezinhos de alface — um bonito, vistoso, e o outro, feio, mirradinho, quase murcho. Minha tia, negociante, perguntou o preço, achou caro, mesmo assim comprou um. Um. Comprou um pé de alface, só. O maior, é claro. O mais bonito. E pediu que a garotinha descalça e magrinha fosse entregá-lo, lá naquela porta, a quem atendesse à campainha. Atendeu Mariana, dez anos de idade, bonita, protegida, tratada à cenoura e leite Ninho, pele saudável, com blusa de lã, ainda com o gosto do chocolate quente no céu da boca. Ainda lambendo os lábios úmidos da manteiga Aviação recém-comida no pão sovado. E a menininha descalça, filha do Ridogério, tremendo de frio, com a cestinha de alfaces na mão esquerda, disse à outra: "Tua avó mandou entregar esse pé de alface, aqui". E entregou o mais feio, o mais murcho, o mais difícil de ser vendido depois...

Quando eu soube da história — abominável, segundo minha tia, mas genial, do meu ponto de vista — eu vibrei. Eu e minha Mãe vibramos. E concluímos que, de certo modo, a humanidade ainda não está totalmente perdida. Ainda tem gente inteligente e racional entre os humildes. Entre os famintos. Entre os que passam frio. Como aquela menininha descalça, que vendia alfaces numa cestinha de taquara...




24.7.24

Rotinas prazerosas

Também tenho certas rotinas. Todos os dias acordo naturalmente. Abro a janela do meu peito, sorrio, gargalho, saúdo-me, estico-me, alongo-me, beijo-me. Amo-me, loucamente. Celebro-me! Dou uma espreguiçada orgástica, felina, demorada, inspiro fundamente muitas vezes, faço yoga, leio algo leve, como Lorca ou blog Mude, excito meus neurônios, faço alguns planos, desfaço muitos outros — e então me levanto, em todos os sentidos. Arrumo a cama zen que me abraçou a noite toda e beijo a imagem de quem me deu a vida. Dez minutos de pilates, mil e quatro socos poéticos no ar, e me torno Bruce Lee. Nem sequer me lembro da palavra pressa. Arrumo as flores, rego as plantas, rasgo alguns papéis, falo sozinho, canto, giro e danço...

Viro uma festa.

Depois, medito com ajuda de Beethoven, como fosse um jogo. Faço café com amor e água benta, quase fervida na chaleira que ganhei de minha Mãe. Aprendo uma palavra nova numa língua diferente, e então me sento aqui, ao lado do segundo pé de lírio, pra te contar os meus sonhos.

Mais tarde, vou ver o mar azul do Guarujá — e caio no mundo...

É a vida!











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22.7.24

Junte-se aos melhores

As Quarenta Coisas mais importantes para você fazer ainda este ano


01. Tome mais água, mais vinho e mais sol.
02. Escolha melhor os teus próximos amores. Prefira os livres.
03. Viva com mais Entusiasmo, com mais Energia, e com mais Coragem.
04. Arranje sempre algum tempo para planejar o teu futuro.
05. Faça atividades que estimulem o teu cérebro.
06. Leia mais livros do que você leu no ano passado.
07. Fique em silêncio alguns minutos todo dia. Pense. Reflita. Medite.
08. Procure dormir tranquilamente, para acordar de bom humor.
09. Faça exercícios físicos. Caminhe pelo menos 30 minutos por dia.
10. Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
11. Não compare a tua vida com a de ninguém. Cada um tem sua história.
12. Seja sempre um otimista racional.
13. Mantenha o controle absoluto dos teus estados de espírito.
14. Não se torne sério demais. Só os alegres vão pro Céu.
15. Só gaste tua preciosa energia com coisas importantes.
16. Sonhe mais. Sem sonho não se cria absolutamente nada.
17. Saiba que a inveja é um desesperado sinal de fracasso.
18. Jamais conclua apressadamente. Analise antes as premissas.
19. A vida é curta demais para ser tão pouca. Viva mais!
20. Faça as pazes com o teu passado para não estragar o teu presente.
21. Ninguém comanda a tua própria felicidade, a não ser você mesmo.
22. Tenha consciência de que você não vai viver mil anos.
23. Sorria mais. Encontre motivos para dar umas boas gargalhadas.
24. Não é preciso vencer todas as discussões. Aceite a discordância.
25. Entre mais em contato com teus amigos e com teus amores.
26. Nunca perca uma oportunidade de ajudar alguém.
27. Se não puder perdoar a todos, ao menos os compreenda.
28. Misture-se aos melhores.
29. Jogue fora tudo que não presta.
30. O que outros dizem a teu respeito nunca vai mudar a tua essência.
31. Não permita que um simples idiota comprometa o teu destino.
32. Faça sempre o que é correto, justo e verdadeiro.
33. Procure não trair jamais a tua própria natureza.
34. Deus cura todas as doenças — exceto o mau humor e a maldade.
35. Valorize a própria liberdade, acima de qualquer outra coisa.
36. Estude. Estude sempre. Estude o máximo possível.
37. O melhor ainda está por vir — em todos os sentidos.
38. Só o que está morto não muda.
39. Preencha o teu coração com alegria, esperança e gostosura.
40. Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.


TransCriação de Edson Marques sobre um texto da internet + partes do poema Mude.


Um arco-íris embaixo da Capela da Mãe.


20.7.24

Projeto NorteSul




Veja o Projeto revolucionário que, como criador e Diretor de Arte da Construtora NorteSul, desenhei para o quinto dos onze prédios de um Conjunto Residencial, na cidade de São Vicente, SP. Levemente inspirado em Gaudí, com cerâmicas Portobello, 9.5 x 9.5. /// Depois eu publico aqui as fotos dos outros quatro prédios anteriores, e explico como foi que concebi a ideia gráfica do revestimento. Pena que o Santiago Calatrava não pôde me ajudar...



Estas paredes não são virtuais: estão prontas e lindas. Desenhadas por mim, ao som de Vangelis e tomando Lambrusco. Fotografei com uma máquina simples, digital, foco automático. Se quiser ver detalhes, dê um click sobre a foto. E lá também havia uma Rose....


No fundo,
 sou apenas um pedreiro inspirado e parabólico... Mas, talvez em 2025, vou fazer pós-graduação em Arquitetura. Só para poder frequentar o escritório do Calatrava, lá em Valencia. Ou em Nova York, tanto faz.



Nada de verdadeiramente grandioso foi criado até hoje na história da Humanidade — sem paixão, ousadia e liberdade!

19.7.24

Tudo que existe



Foto que fiz de uma carroça conversível que estava estacionada em frente ao boteco do meu Pai, com uma máquina fotográfica Kodak, comprada por reembolso postal.

Eu tinha 11 anos, e já era um Cartier-Bresson.



Tudo que existe no mundo — existe duas vezes : primeiro, na cabeça do Criador. Toda mudança tem que antes ser sonhada. A realidade só se transforma de verdade, na prática, depois que transformou-se em teoria. Primeiro no cérebro — depois, no mundo. Sem sonho e sem loucura inteligente, nada de concreto se produz. Nem sorvete, nem avião, computador, arranha-céu. Nem igreja, nem poesia, nem romance, nem boteco, nem Calçadas do Brasil.


Os inventores, os poetas, os artistas, os cantores, e os sonhadores empreendedores — são todos visionários. Einstein, Jesus Cristo, Picasso, Buda, Galileu, John Lennon, Espinosa, Niemeyer e o dono do boteco ali da esquina: um bando de malucos. Se dependesse apenas dos normais, ainda andaríamos de carroça. Talvez nem mesmo de carroça, pois a roda foi criada por um louco... Sem fantasia e liberdade não se encanta o cotidiano. A imaginação descontrolada é que dá cor e vida ao mundo livre. Por isso é que a Loucura Criativa é necessária, desejada — e tão temida.





17.7.24

Viva a velocidade do Espírito


Quase todas as verdades são relativas.

Existe hoje na internet uma "cultura do WhatsApp e do TikTok": muitos repassam para seus contatos aquilo que julgam importante ou interessante. Mas parece que nem todos se preocupam se o que repassam é também VERDADEIRO! Suponho que ninguém, em sã consciência, repassaria uma falsa informação aos seus amigos e contatos. Mas acontece. Por descuido, aconteceu comigo: Repassei aos meus contatos um pps muito bonito, que julgo interessante, mas que contém uma astronômica inverdade matemática. Agi como um leigo em astronomia.

Nesse referido arquivo, chamado "Terra em velocidade" afirma-se que "você viaja a 1.675 km por hora". Isto equivale a aproximadamente 465 m/s. E é verdade. Mas é uma verdade que só vale se você estiver na zona do Equador. O astrônomo que fez os cálculos (mencionados no arquivo citado) não teve a necessária preocupação científica de fazer uma ressalva. Fui conferir — e constatei um crasso erro conceitual. E agora estou comunicando esse erro.

Caso você ainda não tenha conseguido perceber que, quanto mais longe da linha do Equador você estiver, menor será sua velocidade — depois eu explicarei melhor.

Enquanto isso, você pensa. Raciocina.

E considera o seguinte: a cidade de São Paulo está a 23,5 graus de latitude sul. Nossa velocidade, portanto, em São Paulo, é de apenas 1.535,77 km/h. Isto porque a distância de São Paulo ao eixo da Terra (raio R) é de apenas 5.869,18 km. Se você estiver, por exemplo, em Buenos Aires, será menor ainda. E assim por diante, até chegar no Polo. Isto vale também para o hemisfério Norte.


Se for de seu interesse, consulte o Centro de Divulgação Científica e Cultural da USP:

E nunca repasse coisas vistas na internet ou recebidas por e-mail — sem checar as fontes e sem conferir sua validade.



Estou aproveitando este mesmo espaço do blog para discutir um pouco de Astronomia. É uma das ciências que me encantam, e eu gosto muito de estudá-la. Talvez eu ainda prepare um texto mais extenso sobre o assunto. Inclusive a questão que discutimos hoje no Gaúcho, sobre as velocidades de translação da Terra (107.218 km/h) , da Lua (3.700 km/h em torno da Terra), do Sol (720.000 km por hora dentro da Galáxia, e arrastando a Terra e os demais planetas juntos), etc. Na parte inferior desta postagem, permanece um texto sobre controle dos estados de espírito, que escrevi em 1997.






O domínio absoluto sobre os meus estados de espírito é minha maior conquista como ser humano. Há mais de vinte anos que não perco a calma. Há mais de vinte anos que não brigo, não xingo, não me estresso, nem fico com nózinho na garganta.
Como consigo? — você pode perguntar.
É muito simples:

Dou valor secundário às coisas secundárias, e considero secundário tudo aquilo que não tem o poder de causar mudanças significativas no rumo da minha vida.
É muito simples — e é uma delícia!
Experimente.



Adoro fazer o Bem

Ontem eu ajudei tanta gente na rua, quando estava voltando do almoço, lá na Churrascaria Brasa Gaúcha, da Avenida Rio Branco. Todas as pessoas que eu encontrava eu transmitia energias boas para elas. Todas, uma a uma, conscientemente. As meninas sorridentes que atravessavam a rua, que seguissem livres e seguras para onde quer que fossem. O senhor de olhos tristes na calçada que poderia estar com fome, que conseguisse um bom almoço. O homem que vende livros na banquinha, que vendesse muitos. O soldado sério e meio estressado, que fosse feliz desde já. A senhora apressada com cara de viúva, que arrumasse um namorado sincero que lhe amasse por uns tempos. A criança com mochila da escola, que se torne um doutor de sucesso. A gordinha quarentona, que encontrasse um tarado bonito que lhe desse algumas noites de amor. E assim por diante... Foi uma experiência maravilhosa! Vou agora fazer isso todo dia. Embora já fizesse isso antes, era sempre algo pontual, e para determinadas pessoas apenas, e não em larga escala como foi ontem.


Edson. 20.04.2017. 03h33.





16.7.24

Liberdade Ultra Sônica

Sônia tem treze anos, e é linda. Sensualíssima. Convidado por ela, vamos ao cinema. Sentamos na última fila. Quando as luzes se apagam, ela desliza sua mão esquerda por minha perna e ficamos de mãos dadas, enternecidos. Meu coração dispara de alegria. Nem me lembro do filme, mas sei que, quando a sala se ilumina um pouco, eu vejo que a outra mão dela está entre as duas do Júnior, um amigo meu. E assim, por muitos filmes e muitas e muitas noites de amor, eu aprendi a compartilhar a musa até hoje inesquecível. Eu tinha doze anos.


Rose. Essa namorada tem um capítulo inteiro no livro da minha vida. Vou à casa dela, como tantas vezes já fora. Entro, beijo-lhe a boca com a mesma paixão de sempre e ela me pede para ajudar na escolha das roupas. Experimenta dois ou três vestidos, participo da maquiagem, na escolha dos sapatos, nos retoques finais, ajeito-lhe os cabelos. Vai encontrar-se com Marcelo, que eu não conheço mas que está apaixonadíssimo por ela. Fico olhando pelo vidro da sala, ele a recebe delicado lá na rua, abre a porta do carro, e se vão. Durante três ou quatro meses ficamos assim, compartilhando. Aos sábados e domingos, ela saía com Marcelo. Nos outros dias, jantávamos, dançávamos e fazíamos amor. Isto aconteceu em São Paulo, 1996. Casaram-se em 2001, têm uma filha chamada Raíssa. Hoje ela mora em Paris. Nunca mais nos encontramos.


Marina. Guarujá, 2018. Manhã de domingo, ensolarada. Acordo no quarto do fundo, levanto, faço um café e ponho Andrea Bocelli, que ela gosta. (Ela está no post de ontem, AQUI. Ainda nos amamos!) Vivo a música... Pouco depois, os dois saem do outro quarto, e nos sentamos os três na sala. Sirvo-lhes o café completo, gentilmente. Fui até comprar pãozinho quente na padaria. Ele quase nem acredita. Como pode um namorado (eu) permitir que a namorada (ela) ame um outro homem (ele) na mesma casa (a minha) ?! Pois, é: pode: a Liberdade é a coisa mais importante do mundo. A mais gostosa. E, se o amor não for livre, chame-o de qualquer outro nome — menos de Amor.



Quando você conhece a verdadeira Liberdade, nunca mais vai querer outra coisa.

Como se pode concluir, não tenho ciúmes. Nunca tive. Nunca terei. Não sou do tipo de homem hipócrita, que acha que o que é bom para ele deve ser proibido para sua namorada.


Aliás, o ciumento traidor a pior espécie de ser humano.





15.7.24

Dia do Homem Livre

Em 15 de Julho comemora-se no Brasil o Dia Internacional do Homem. Uma curiosidade histórica: tal dia foi instituído em julho de 1992, pela escritora Mariazinha Congíglio, pelo maestro Mário Albanese, pelo jornalista João Marcos Ciccarelli, e por mim. E o dia escolhido (15) foi uma brincadeira minha, homenagem indireta à Mãe de um certo aniversariante...

E assim, num jantar da Ordem Nacional dos Escritores, no Terraço Itália, no ano de 1992, foi criado o Dia Internacional do Homem, com notícia publicada nos jornais da época. Chegamos até a escrever um "Estatuto", que foi redigido por Geraldo Vidigal. Porém, como sou co-autor da ideia, estou sugerindo que se mude o nome para: Dia do Homem Livre.


Afinal, se não for livre — vai comemorar o quê?


Quatro rosas e três botões hoje no quintal da Casa Azul.


Jantar preparado ontem por mim.

12.7.24

Eu te convido a ter Coragem

Minha proposta é a Liberdade Absoluta. Eu venho é para semear razões, quebrar paradigmas, romper limites e derrubar padrões. Não trago nenhuma resposta pronta: só faço perguntas. Eu quero é mexer no coração da tua cabeça, carinhosamente. Fazer um delicioso cafuné nos teus neurônios enrolados. Passar um pente fino nos caracóis da tradição. Quero questionar tuas verdades mais queridas. Chacoalhar tuas convicções inabaláveis. Não vim, portanto, te propor sossego — nem venho te trazer a paz cansada... Eu te convido a ter coragem. Eu te convido a um salto profundo. Um salto escandalosamente profundo em direção à Vida.





10.7.24

Subir ao Mundo

Aquilo que planejamos não nos surpreende. O que é planejado nunca emociona, não tem encanto. Toda aventura tem que ser imprevisível. Se você não subir ao mundo, o mundo é que acaba caindo, desabando sobre você — e te esmaga sem dó. Se você não saltar profundo, não saberá o que é viver.

Eu escrevo e fico pensando no que escrevi. Claro que aquilo que planejamos não nos surpreende, realmente. Porém, ainda preciso questionar um pouco mais a frase seguinte, sobre a falta de encanto daquilo que é planejado. Talvez possa, sim, nos encantar e emocionar. Pensarei melhor a respeito. Mas, quanto a subir ao Mundo, à gostosura de subir ao mundo — não tenho dúvidas! A propósito:

Dizem que havia uma colônia de vermezinhos sonolentos e graciosos no fundo de um lodaçal. De vez em quando, alguns subiam à superfície e nunca mais voltavam. Isso deixava perplexos aqueles que não se arriscavam a subir. "O que será que tem lá em cima? Que tipo de perigos pode haver?" — se perguntavam. Até que certo dia um deles acordou, pôs as duas mãos no próprio coração e prometeu sinceramente aos seus irmãos: "Vou subir e depois volto para contar a vocês como é o Mundo lá em cima". Preparou-se muito bem, leu Osho e Henry Miller, armou-se de inocência e de coragem, aguou suas plantinhas, despediu-se dos amores, atualizou o blog, desfez as suas malas — e subiu.

Ele tinha mesmo a real intenção de voltar ao fundo. Mas, assim que chegou à superfície, viu Luz, transformou-se numa libélula, abriu as duas asas — entusiasmou-se! — e voou livre para o azul do céu profundo... Por isso, agora já não pode mais voltar. Morreria se voltasse.

Certas promessas jamais serão cumpridas.





8.7.24

Três tipos de relacionamentos

Eu quero que neste ano de 2024 você mantenha apenas três tipos de relacionamentos:

1.
Os que te dão prazer e alegria;

2.
Os que são necessários à tua sobrevivência;

3.
Aqueles que te trazem boas informações e alguma sabedoria ou estimulam a criatividade.


E que todos os demais sejam considerados dispensáveis.


Extremamente dispensáveis!



6.7.24

A colônia penal

Dizem que havia uma colônia de vermezinhos graciosos no fundo de um lodaçal. De vez em quando, alguns deles subiam à superfície e nunca mais voltavam. Isso deixava perplexos aqueles que permaneciam lá no fundo. O que será que tem lá em cima, que tipo de perigos pode haver? — eles se perguntavam. Até que certo dia um deles acordou, pôs as duas mãos no coração e prometeu sinceramente aos seus irmãos: 



Preparou-se bem, leu Nietzsche e Henry Miller, armou-se de inocência e de coragem, aguou suas plantinhas, atualizou o Facebook, despediu-se dos amores, desfez as suas malas — e subiu.




Mas, assim que chegou à superfície, viu Luz, transformou-se numa libélula livre, abriu as DUAS asas — entusiasmou-se! — e voou alegremente para o azul anil do céu profundo... 

E agora já não pode mais voltar. 

Morreria se voltasse...






Atualizei esse texto em 31.12.2022 e republiquei hoje.

3.7.24

Vitalina e os sinais

Minha Vó Vitalina olhava para a flor de laranjeira ou para o arame farpado da cerca e já sabia ver se vinha chuva ou não. Ela sabia LER os sinais. Até no circo da lua ela sabia ver se a chuva vinha. Quando certa vez lhe sugeriram que se casasse de novo ela disse não. Quando apareceu um pastor pedindo que fôssemos à igreja domingo ela não foi. Ela sabia SER os sinais. No dia em que vieram lhe dizer que carne de porco fazia mal à saúde ela me deu um pratinho de torresmo com virado de feijão. Ela sabia TER os sinais. Ela nunca perdeu a calma. Ela gostava de manteiga Aviação. Ela gostava de tomar café olhando as nuvens. Ela sabia VER os sinais... E quando eu lhe contei que queria ser poeta, ela disse sim. Ela gostava de LER os sinais.


Eu deitado no colo da Vó Vitalina.


1.7.24

Ombros de um Mestre

Os grandes mestres sempre nos disseram que a vida tem dois caminhos: o caminho da doença e o caminho da cura. Mas algumas pessoas, infelizmente, optam pelo caminho da doença, supondo erradamente ser este o mais correto. É compreensível, mas não vai dar certo. Entretanto, há uma solução (emocional e racional ao mesmo tempo), que requer coragem e disciplina: abrir-se à experiência do aprendizado. Abrir os olhos, o coração e o cérebro — e subir nos ombros de um grande mestre, até para ver mais longe. E fazer do Amor Livre a razão maior da própria Vida.


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30.6.24

A gaiola dourada seduz

A liberdade é perigosa. A vida livre é arriscada, insegura, incerta, é cheia de surpresas, cheia de perigos e de buscas, mudanças, sobressaltos. A liberdade é muito perigosa... Só quem ama o risco é que pode ser livre. Só quem é dono de si mesmo é que pode ser livre de verdade. Só quem é dono do próprio destino é que arrisca a vida para salvar a própria vida. A liberdade, portanto, não é para qualquer um: os acomodados e os covardes jamais serão livres. Escravos não conseguem ser livres. E a segurança da gaiola seduz.

28.6.24

Escrevo

Eu não escrevo para qualquer um:  eu escrevo pra você. Eu escrevo para gente que pensa e brilha como você. Gente que reflete. Por isso é que meus textos são breves, puros, cortantes, refinados e cuidadosamente iluminantes.

Desenhados com amor e doçura, demoro a escrevê-los. Tem dias que eu demoro duas horas para escrever uma frase. Mas tem dias que eu preciso me cegar para te abrir os olhos. Porque você passa o tempo todo em busca de uma coisa inexistente. Você quer segurança, estabilidade e certezas absolutas... Parece que você não sabe que isso é impossível. E parece que você vai continuar procurando quimeras: o homem da tua vida, a mulher da tua vida, o emprego ideal definitivo, um amor eterno, um filho perfeito, um milagre exclusivo.

Essas coisas não existem.

Mas você, ingenuamente, parece que deseja continuar desperdiçando energias vitais nessa luta inglória.

As coisas vivem dançando.


Dance!




26.6.24

Viver agora

Sempre nos disseram que a vida pode ACABAR a qualquer momento.

Mas eu venho para dizer exatamente o contrário:

A vida pode COMEÇAR a qualquer momento.


E você — já se decidiu?





24.6.24

Alexandre


Por que deveria ser eu como Alexandre:
primeiro, conquistar o mundo, 
para só depois relaxar? 

Comecei a relaxar quando descobri 
que o mundo que eu deveria conquistar 
já está dentro de mim mesmo. 


Conquistar-me por dentro, 
portanto, 
foi meu trabalho mais significativo. 


Assim como Cortez no México, 
logo que cheguei neste novo mundo
em que meu mais íntimo Eu se transforma,
mandei que ateassem fogo 
a todos os barcos 
para que nunca mais 
daqui se possa 
voltar. 









22.6.24

Vitalina Flor

A escrita é o código do Verbo. A roda do vinho faz tudo girar. Depois de dois ou três copos minha voz Vitalina, e realiza sinapses verbais. Ideias escorrem pelas pontas dos meus dedos falantes. Eu começo a desenhar flores e planos nos guardanapos do boteco divino, enquanto as delícias dançam no meu próprio coração. Meu peito entusiasmado, pleno de espírito, quase explode de alegria. Trilhões de átomos já estão se reunindo, sonho a dentro e mundo afora, desde hoje, para que eu os encontre em forma de estrelas e corpos em dezembro do ano que veio. E é por isso que eu escrevo declarações de amor a Deus nesta noite açucarada. A roda da vida faz tudo girar. O vinho deve ser redondo, e o Universo — também.



Nesta primavera
vou encher de flores vermelhas
todos os meus vasos
sanguíneos.



Em 2021 fizemos este estacionamento na Onodera Aclimação - SP.

Canteiros do Brasil.

20.6.24

Quando eu chegar aos 80

Quando eu digo que ao chegar aos 80 vou contratar duas gueixas lindas de Kyoto para me deliciar com elas — nos intervalos das minhas caçadas românticas na floresta — eu desperto dois tipos básicos de reação.

Tem a reação das pessoas grosseiras, pessimistas, deselegantes, supostamente desgraçadas, que me dizem que nessa idade eu já estarei morto, ou, no máximo, sendo atendido por uma velha senhora cuidadora de idosos.

Mas tem a reação das pessoas saudáveis, otimistas, cordiais, que dizem acreditar em mim, me desejam vida longa (muito mais do que 50% além dos 80), e me apoiam nesse projeto sensual de atividade amorosa. E até me oferecem um estoque novo de arcos e flechas.

E eu acabo concluindo que a reação dessas diferentes pessoas diz muito sobre a própria vida delas. Cheia de Graça — ou desgraça.








19.6.24

Vira-lata com pedigree

Se uma pessoa tem charme e gostosura — não precisa de mais nada para manter-me junto dela, deliciosamente solto a seus pés... Não preciso de alianças no dedo anular, nem de cordinhas de seda no pescoço. Não preciso de coleiras. Não preciso de promessas nem de garantias em papel. Nas questões do amor, sou só um cãozinho inocente, bonitinho, um verdadeiro vira-lata zen. Mas sou um vira-lata com pedigree. Vivo abanando meu rabinho pra todo mundo que tem charme, inteligência e gostosura — e que ame a Liberdade sobre todas as coisas.



Diógenes e o Cinismo


18.6.24

Filosofia de Vida

Minha filosofia de vida pode fazer muito bem para muitas pessoas que leem os meus livros e sites, e mais ainda para aquelas com as quais eu às vezes convivo. Acontece que, exatamente por lhes fazer tão bem, pode também lhes causar um certo desconforto... Minha presença e meu estilo de viver pode às vezes desestabilizá-las. Porque eu lhes abro novos horizontes, um leque enorme, fascinante, de opções inesperadas e gostosas.

Acontece que a liberdade assusta. Essas pessoas estavam quietinhas, sossegadas em sua própria escravidão emocional, aninhadas nos seus próprios preconceitos, abraçadinhas às suas crenças opressivas — e eu venho lhes dizer que a liberdade é possível. Eu venho lhes dizer que o amor é possível. Que a felicidade é possível. (*)

Então, essas pessoas começam a se questionar. Começam a rever os seus conceitos... Algumas criam coragem e chutam seus medos inexplicáveis. Suas cabeças viram corações enlouquecidos. Suas estruturas, antes tão estáveis, começam a ruir. Suas bases tremem. Relações se desfazem com facilidade espantosa. Seus "amores" perdem o sentido. Seus deuses dançam...

Porém, nem todas estavam preparadas para esse fascinante mundo novo que se abriu de repente. E algumas querem de volta o mundo antigo. Porque sentem falta da segurança, daquela quietude, daquela paz de cemitério. Daquela velha vida. Sentem falta da comodidade contraditória que o tédio dá.



Afinal, ser livre dá trabalho... Muito trabalho.




Mas ser livre é uma delícia.










(*) Um depoimento. Nos últimos dez anos todos os meus sete irmãos biológicos (**) se afastaram de mim. Todos. E isso não é porque eu lhes estava fazendo mal. Não. É porque eu lhes estava fazendo bem. Eu lhes demonstrava que a felicidade é possível. E isso, para eles, é insuportável.





(**) Uma ressalva importante. Só se mantiveram afastadas de mim TRÊS das minhas sete irmãs biológicas, além de um cunhado e duas cunhadas.  Mas nenhum dos meus amores se afastou de mim. E nenhum dos meus amigos se afastou de mim.

Nenhum.



Muito interessante.

16.6.24

Razões para casar

Um casamento jamais será opressivo ou torturante — se os casais abdicarem da sua liberdade pessoal. Suprimida esta, preferencialmente de forma consensual, a harmonia se instala na relação. O sentimento de opressão só advirá se pelo menos um dos parceiros continuar amante da liberdade. Afinal, ninguém se casa para ficar mais livre. Seria uma contradição... Nesse sentido, requer-se apenas uma verificação do custo/benefício: quanto perco da minha liberdade pessoal — e quanto posso ganhar em outros campos. Quanto prazer pode me dar uma possível reclusão. Quanta segurança. Quanta garantia. Quanto sossego. Quanta tranquilidade. São essas algumas das questões que se podem levantar para entender uma relação de amor.

Toda relação é restritiva — por definição. O que varia é o grau de restrição e os propósitos mútuos dos que se relacionam. Mesmo as relações comerciais são restritivas, posto que fundadas em mútuas concessões. Eu te dou um desconto — e você só compra de mim. No casamento ocorre a mesma coisa. Eu tolero a tua cerveja e o futebol, e você não reclama por me ver descabelada. Eu só transo com você, e você não sai com mais ninguém. Você me dá um desconto, que eu te pago à vista. E por aí vai.

É uma troca, simplesmente.

Também influem os objetivos imediatos ou remotos de cada um, além da sua (i)maturidade emocional. Emprego está difícil, vou me casar. Quero ter um filho, e preciso de alguém que o produza, eduque, ou sustente. Quero sair da casa dos meus pais. Quero morar com meu atual namorado ou namorada. Quero alguém para ser a projeção da minha mãe. Quero ajudar alguém. Quero que alguém me ajude. Quero ter a chance de exercer minhas ganas autoritárias. Quero constituir uma família. Quero ser respeitável. Quero voltar a ser santa. Quero uma empregada doméstica. Quero seguir a tradição. Enjoei do meu estado civil original. Quero reproduzir a relação dos meus pais, exatamente igual — ou corrigindo-a. Quero mudar de vida. Quero melhorar a vida. Estou apaixonada. Quero desperdiçar minha vida. Cansei de ser livre. Quero me regenerar. Quero fazer uma grande besteira. Quero fazer uma besteira monumental. Nosso casamento será diferente. Quero fazer amor todo dia. Quero ser feliz. Quero engordar. Quero foder a minha vida sexual... Etc.

Como se vê, razões para casar é o que não falta.


Porém, no casamento tradicional, há quase sempre um componente meio maldoso que, contraditoriamente, estraga muito a relação — exatamente para tentar mantê-la em pé: ou seja, o ciúme. Mas aí já é outra história. /// No livro Solidão a Mil eu escrevo algo mais sobre essa minha tese.




Texto originalmente publicado em Abril de 2008 - Guarujá, quando eu estava reformatando meu quinto casamento. Em verdade, refinando a relação. Para que aquele amor não morresse no Pico. Como aliás não morreu, posto que cada um de nós prosseguiu, livremente, no seu respectivo e amoroso caminho florido.




15.6.24

Evangelho de Tomé - 64

Estava na Bíblia:

Jesus gostava muito de festas.

Certo dia pediu Ele a um discípulo que convidasse alguns de seus amigos para jantar. Ao primeiro convite,
o amigo respondeu: Hoje não é possível, tenho um compromisso: minha filha vai se casar e preciso conversar com o futuro genro. O segundo amigo disse: Peça desculpas ao mestre porque hoje não posso ir. Aluguei uma casa, espero o inquilino que virá pagar-me o aluguel. O outro também disse: Desculpas ao Mestre, pois "tenho compromisso, dinheiros a receber, alguém vai me trazer um cheque do Bradesco e tenho que ir depositá-lo no caixa eletrônico." 

Ao quarto convite o amigo mandou dizer que estava fazendo "a contabilidade das empresas, o contador viria mais tarde", coisas assim. O quinto convidado disse que havia um programa na TV a respeito da globalização, que lhe perdoasse o Mestre, outro dia, quem sabe. O último convidado também deu uma desculpa qualquer, esfarrapada, problemas na família, nos negócios, etc.

O discípulo voltou e fez um relato das razões furadas que os amigos alegaram para que nenhum deles viesse jantar. 

Estavam todos ocupados.


Então Jesus disse:

— Negociantes jamais entrarão no Reino de Deus.

Nessa noite Jesus jantou sozinho. Chegou depois a chutar uma canequinha de lata que havia caído da mesa e voltou a dizer: "Seus bobos!" E antes de dormir ainda fez questão de resmungar, virando-se de lado e puxando o cobertor:

— Vocês ainda não viram nada, seus idiotas!

(...)

Esta é a minha versão do versículo 64 do Evangelho de Tomé.






Para ler o Evangelho de Tomé click AQUI.

14.6.24

Todos os Santos

Hoje o céu está azul e o dia está lindo aqui onde estou. Então, tenho vontade de reunir esses deliciosos loucos e loucas, esses santos e santas que eu amo e amei, essas deusas e musas que já conheci e outras que ainda vou conhecer, convidá-los a subir num barco, enorme — um navio, transatlântico — levá-los todos para uma ilha luminosa, deserta e grega, e viver com eles para o resto das nossas vidas. Em liberdade absoluta. Falando todas as línguas, amando de todas as formas livres, bebendo de todos os vinhos, rezando a todos os deuses... A vida será uma festa interminável! Viveremos dançando todas as danças, ouvindo todas as músicas, escrevendo poesias de amor, plantando flores e colhendo estrelas, tomando sol, sorrindo e gargalhando.

E transando com a própria Vida — todo dia, o dia todo.


Plantando flores hoje.


12.6.24

Dia dos Namorados



Neste Dia dos Namorados eu quero que você faça esta profunda Declaração de Amor ao teu Amor.

E que ouça dele a mesma coisa, talvez em outros termos — mas com a mesma gostosura:


Eu te amo quando não preciso mais dizer te amo.

Eu te amo quando reconheço teu Direito de Fazer Escolhas.
Eu te amo quando respeito tua própria liberdade tanto quanto a minha.
Eu te amo quando compreendo tua vontade de às vezes ficar só.
Eu te amo quando não te sufoco com chiliques ou pressões.
Eu te amo quando ponho afeto entre as nossas distâncias.
Eu te amo quando aplaudo os teus desejos de voar.
Eu te amo quando me convenço de que o ciúme é algo a superar.
Eu te amo quando te ajudo a ser mais livre do que eras quando eu te conheci.
E eu me amo quando a recíproca a tudo isso também é verdadeira.

Eu Me Amo!