Minha Vó Vitalina olhava para a flor de laranjeira ou para o arame farpado da cerca e já sabia ver se vinha chuva ou não. Ela sabia LER os sinais. Até no circo da lua ela sabia ver se a chuva vinha. Quando certa vez lhe sugeriram que se casasse de novo ela disse não. Quando apareceu um pastor pedindo que fôssemos à igreja domingo ela não foi. Ela sabia SER os sinais. No dia em que vieram lhe dizer que carne de porco fazia mal à saúde ela me deu um pratinho de torresmo com virado de feijão. Ela sabia TER os sinais. Ela nunca perdeu a calma. Ela gostava de manteiga Aviação. Ela gostava de tomar café olhando as nuvens. Ela sabia VER os sinais... E quando eu lhe contei que queria ser poeta, ela disse sim. Ela gostava de LER os sinais.
Eu deitado no colo da Vó Vitalina.