29.4.25

Seja feliz !

Por isso eu quero que você tenha a Sabedoria de Fazer Escolhas.
Que você ame a vida sobre todas as coisas.
Que siga sempre o que lhe pede a Natureza, e deixe fluir a gostosura.
Que você tenha a coragem de sonhar — e a ousadia de realizar os sonhos.
Que tenha a compreensão racional por aqueles que hoje você ama, e um respeito absoluto pela própria liberdade.
Que mantenha o foco só naquilo que realmente vale a pena.
Que sinta arrepios de prazer toda vez que respirar...
Que tenha um perfeito domínio dos teus estados de espírito.
Que trabalhe um pouco menos, que seja sensível e amável, e que mantenha o entusiasmo em qualquer situação.

E quero que você conviva apenas com pessoas compreensivas, inteligentes, amorosas, sinceras, saudáveis, excitantes — e livres.

Eu quero que você seja feliz!




 


27.4.25

Minha maior conquista

Só que está morto não muda.


O domínio absoluto sobre os meus estados de espírito é a minha maior conquista como ser humano. Tenho independência emocional. Há mais de
vinte e oito anos que não perco a calma. Há mais de vinte e oito anos que não produzo adrenalina desnecessariamente. Não brigo, não xingo, não bato. Não sinto raiva nem ódio, nem ciúmes, nem rancor. Não me irrito por absolutamente nada. Nunca tive mau humor. Não tenho nem sequer aqueles nozinhos horrorosos na garganta. Não me descontrolo jamais! Não há motivos racionais que possam me abalar. Não discuto nada, a não ser filosofia. Filosofia e política. E arte. E sou amorosamente zen...


Como consigo tal façanha? — você pode perguntar.


É muito simples: Dou valor secundário às coisas secundárias. E considero secundário tudo aquilo que não é fundamental... Tudo aquilo que não tem poder de causar mudanças significativas no rumo da minha vida. Considero secundário tudo aquilo que não me traz felicidade.

É muito simples — e é uma delícia!


Experimente.



O livro Mude





O Comercial da Fiat

25.4.25

Não é fácil ser livre

A liberdade é perigosa.


A vida livre é muito arriscada.
A vida livre é uma delícia inesgotável,
mas é também muito insegura — e cheia de surpresas.
Cheia de danças perigosas, de buscas e mudanças,
de riscos e de voos, solavancos, desafios...

Só quem ama a liberdade sobre todas as coisas
é que pode ser livre de verdade.


Só quem dirige o próprio destino

é capaz de arriscar a vida para salvá-la.


Portanto, a liberdade não é pra qualquer um:
os covardes, os medrosos e os coitados,
os dependentes, os desanimados
e todos os que foram educados só pra obedecer
— estes jamais serão livres.

A liberdade é muito perigosa.


Escrito no Restaurante Pedra Baiana SV, em 31.01.2008.


Pedra Baiana19.04.2010, aniversário do meu Pai.


Hoje estou escrevendo sobre Jesus.
.

24.4.25

Mu.Ca.Ne.Ho.

Quando você estiver minerando ouro (*) e descobrir uma pepita enorme, ou o início de um veio gigantesco, nunca saia gritando a descoberta do tesouro aos quatro ventos.

Porque sempre pode ter alguém à espreita.



.
Guarujá. Perequê.

(*) O ouro a que aqui me refiro é uma metáfora. Pode ser qualquer coisa boa que a Vida tem.

22.4.25

Os loucos que me inspiram

Eu não me encanto com quem se diz normal. Acabo confiando mais nos loucos, esses que são loucos pra viver e pra dançar, para amar ou escrever. Loucos para serem salvos ou perdidos — tanto faz. São loucos por metáforas. Livres, fascinantes, criativos, desgovernados e parabólicos, querem tudo e querem nada ao mesmo tempo. Esses loucos explodem de alegria, e nunca desanimam nem dizem coisas tediosas. São loucos que nos excitam, elevam, inspiram, e queimam feito velas coloridas fabulosas acesas por relâmpagos em meio a flores e estrelas. São passageiros, como eu, como você. Duram pouco, como Jack Kerouac. Mas brilham — e isso faz toda a diferença.



Texto que escrevi hoje de madrugada, inspirado no Sermão da Montanha e em Jack Kerouac. Entre flores e estrelas, café feito com água benta, pássaros cantando e o amor de minha Mãe no Jardim da Casa Azul


A propósito: não deixe de ver o filme Na Estrada: dirigido por Walter Salles. Baseado no livro On The Road, de Jack Kerouac. Se você ainda não leu esse livro, leia — antes que seja tarde demais.





20.4.25

O ciúme é uma delícia

Não só nesse livro, mas na minha própria vida, eu defendo a LIBERDADE. Por consequência, também defendo o amor livre. Entretanto, não sou inflexível: se algum dia alguém me convencer de que o amor preso é muito mais gostoso, mais interessante, e principalmente muito mais prazeroso do que o amor livre — mudarei de ideia, imediatamente. 


Se alguém me convencer de que o ciúme é uma delícia, tomarei todas as providências cabíveis para me tornar um ciumento.



19.4.25

Hoje aniversário do meu Pai

Meu Transquerido Pai.


Por mulheres já me apaixonei duzentas e trinta e quatro vezes de forma profunda. Por homem, esta é a primeira. O processo desse amor pode ter sido longo, mas a percepção que dele tenho se deu agora, amparada em inocências complementares. Vejo-o deitado de costas, um terno de linho antigo, azul escuro e sem gravata, olhos fechados, como a pensar nas coisas da vida.


E quando muda sua boca vai falando como antes: "No céu não há luta de classes". Questão pertinente. No fundo, ele é o socialista mais sentimental que eu conheço. Apesar de não ter estudado muito, virou um defensor da lógica. Seu raciocínio é quase perfeito. "Contradições, tenho-as, mas são todas não-antagônicas" — sempre me dizia. É noite na sala da nossa casa. Fico olhando para ele, e acho que o coitado não suportaria mesmo a santa austeridade celestial: nenhuma mulher pelada, só jejuns e orações, padres por todo lado, freiras, irmãs, cardeais...


Amanhece devagar, meio sem querer. "Melhor que teu sorriso, só o orgasmo da tua mãe" — ele continua me falando. Gosto da frase, mas Édipo detesta a comparação. E me lembro das duas ou três amantes que dizem que ele teve. Deu-me vontade de perguntar sobre aquela loira gostosa da Rua 15.

Eis que interrompem nosso diálogo mágico, atarraxam-se os parafusos da tampa, mas ainda há tempo de escorrer, pela fresta que se fez entre a tampa e o caixão, belíssima, sua frase mais marcante:

É sempre bom um pouco de ficção pra realçar a verdade.

Sufocam minha esperança, engasga-se a minha dor. Sinto falta de ar. Sinto-me derrubado por dentro. Que me dessem só mais um minuto, para só mais um abraço, para um beijo de amor, para um simples toque de mãos desesperadas... Mas, não! Levam-no — discreto e silencioso.

Definitivo.

Só me resta seguir o cortejo a pé, de braços dados com minha história. Foram 2616 passos até o portão do cemitério.

Meu mundo fica fora de foco, misturo a visão com memória, o chuvisqueiro, longo, enviesado, me bate suavemente na cara. Lembro-me do nosso último abraço, com força, com emoção. Um abraço compreensivo. E lembro-me daquelas abobrinhas verdes colhidas no barranco alheio, e da lição de honestidade. A charrete azul imaginária passa por mim outra vez, puxada por estrelas e ternuras. Uma cruz de cimento, fria, pálida e sem mãos, me acena com insistência.

Desnaturam-se os critérios, falseiam-se-me as perspectivas. O cemitério vira jardim. E ao meu lado, um Deus que se ajoelha.

Tento me afastar. Mas, de novo, a cruz me acena. Como fogo, ela me chama. Disfarço então a falta de coragem, abro caminho por entre as pessoas que estão perto, subo no túmulo ainda aberto — e deixo lá, crucificada em azul fraquinho de pincel atômico, minha última e trêmula mensagem de amor ao meu Pai:


— Pai, espero que você não vá para o céu!





Hoje é aniversário dele. Morreu aos 49 anos. Causa mortis: pressa. E veja bem, que tristeza: 49 anos e só duas ou três amantes! /// Claro que as pessoas que me viram escrever essa última frase na cruz sobre o túmulo ficaram horrorizadas. Mas agora, lendo o poema, talvez me entendam: ele detestaria o tédio celestial. "Uma chatice", ele dizia: "sem vinho, sem churrasco, sem cerveja... e sem mulher!". /// A cruz ainda existe lá, mas a inscrição já se apagou. Talvez um dia eu mande fazer uma nova, em bronze. O primeiro vídeo Mude foi dedicado a ele. Veja.




18.4.25

Quando me apaixono

Quando me apaixono por alguém não lhe peço a identidade. Não quero saber de onde veio, qual a cor da sua pele ou seu estado civil. Não me importa a sua idade, nem o CEP, nem as coisas que já fez. Sobrenome, CPF, pretensões — nada disso me interessa.


Não requeiro experiência.    Aliás, eu a dispenso...


Quando me apaixono por alguém, dou-lhe toda a minha alma, e não exijo recompensa. Não lhe peço nada em troca: não se trata de um negócio. Não lhe tiro coisa alguma — especialmente a liberdade. E a fidelidade, é uma questão que nem se põe. Eu me entrego inteiro, e do resto nem quero saber. O que importa é ser feliz.


Quando me apaixono por alguém, eu me apaixono — simplesmente.







17.4.25

Feliz aniversário

O presente de Aniversário que eu quero te dar
não pode ser comprado:
Não tem nas lojas, nos mercados, nem nas feiras ou balcões.
Não é feito de plástico, não é eletrônico, nem precisa de manual.
O presente de aniversário que eu quero te dar
já está dentro do teu próprio coração.

Basta que você agora o desperte para a vida:
É o amor pela liberdade absoluta.
É a admiração extrema pela Arte de Viver.
A defesa inabalável da ideia de justiça, de verdade e de prazer.
A coragem de sonhar transformações.
A busca cotidiana por tudo que é sublime,
e o doce desejo de sugar o açúcar de todas as coisas.

Feliz Aniversário!






15.4.25

Tem hora de voar

Tem hora de parar — e tem hora de partir. Tem hora de permanecer quieto e calado num canto, e tem hora de cantar e de voar. E agora não é hora de dobrar as asas, nem de catar gravetos para fazer o ninho. Não é hora de buscar consolo, nem de caiar o túmulo. Portanto, não envenene com teu medo a minha dança. Seja só uma testemunha desta vertigem. Porque agora, agora é hora de voar. É hora de abrir-me a todas as possibilidades. E saltar num voo livre e sem destino para dentro de mim mesmo.





Antonio Abujamra interpreta aqui o meu poema MUDE.

13.4.25

A nova Páscoa

Segundo a Bíblia, Jesus ressuscitou após três dias da sua morte biológica, num processo de religação do seu corpo à sua alma. E na Páscoa celebra-se exatamente isto: a volta de Jesus ao mundo matematerial, levantando-se do seu sepulcro, e ressurgindo perante Madalena, primeiramente (João 20:10-18). Esse retorno, essa passagem de volta a este mundo, essa ressurreição é comemorada na Páscoa.

Tal concepção de ressurreição está na Bíblia, explicitamente, e é assim entendida por todos os teólogos e cristãos nos últimos dois mil anos. Mas eu defendo uma tese diferente (*). Para mim, a verdadeira ressurreição de Jesus foi quando Ele morreu. Quando ele deixou esta vida e renasceu para a outra. Para aquela de onde ele supostamente veio.



Como Jesus foi o maior criador de metáforas, um mestre das parábolas, entro no jogo dele e crio uma nova. Quando se diz “ressuscitar”, isso, segundo aqui proponho, quer dizer “renascer para a outra vida” — não para esta. Não é o retorno a esta, mas o retorno à outra.

(...) 

A Bíblia relata dez casos de ressurreição: três no Antigo Testamento e sete no Novo. A Bíblia (em Mateus 28:5-6) diz claramente que Jesus ressuscitou dos mortos:

"Mas o anjo disse às mulheres: Não temais vós; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado. Não está aqui, porque ressurgiu. (...) Vinde, vede o lugar onde jazia."

Ou seja, segundo a Bíblia (**), o Corpo deixou o sepulcro e viveu novamente. E depois teria sido visto, andando, por muitas pessoas, incluindo Madalena e os apóstolos.





(*)  Aliás, eu tenho uma tese muito mais revolucionária ainda. A morte metafórica de Jesus, aos 33 anos de idade. Ou até mais cedo, quando Ele fugiu de casa... (conforme a biografia escrita por Paulo Leminski).


(**) Como filósofo, e respeitosamente, não posso acreditar nessa história de ressurreição biológica. Não tem fundamento científico. Mas, como expressão religiosa, é belíssima e muito interessante.


Em 20 de junho de 2008, escrevi um texto basilar sobre Jesus e seus ensinamentos. Leia AQUI.




Entretanto, eu acho belíssima a ideia de existir um Deus. Uma energia poderosíssima, radiante, capaz de criar mundos — e lhes dar sentido. Uma coisa tão maravilhosa assim não pode ficar nas mãos trêmulas de pastores fazendeiros ou vendedores de miçangas. Temos que nos apropriar dela. Nós, os poetas, os filósofos, os cientistas, as crianças, os artistas, os crentes verdadeiros e os ateus inteligentes — todas as pessoas sensíveis e amorosas — temos que nos juntar a Ele e dar-lhe as nossas mãos. Precisamos impedir que os aproveitadores arrendem sua imagem e pronunciem seu Santo Nome em vão.

Amar é permitir sempre

MEU CONCEITO DE AMOR


Eu te amo quando reconheço teu Direito de Fazer Escolhas.


Amar é permitir sempre. Amar é deixar que o outro vá – ou que fique, se assim o desejar. Amar é ter um respeito absoluto pela própria liberdade e pela liberdade do outro. Amar é compreender sempre. E isso não significa apenas entendimento racional, vai além, muito além: Amar é reconhecer afetuosamente o direito que o outro tem de fazer suas escolhas. Mesmo que essas escolhas eventualmente me excluam.


Mas, se amar significa "reconhecer afetuosamente o direito que o outro tem de fazer suas escolhas" — como eu sempre digo — será que nessa colocação pode estar implícito que devo aceitar as idéias do outro, todas, mesmo as absurdas, e incorporá-las como se fossem minhas, se ele assim o desejar?
Claro que não.
Isto seria uma violência.
Cada um de nós tem um sistema de valores.
Mesmo que seja em nome do amor, a submissão é um horror.

Portanto, amar não significa aceitar todas as escolhas que o outro fizer, mas sim apenas aquelas que não impliquem uma supressão da nossa liberdade pessoal. Porque falta de liberdade causa uma dor imensa. E se causa dor, não é amor. Portanto, se uma determinada escolha feita pelo outro, que diz me amar, contraditoriamente cerceia minha liberdade, ou violenta minha dignidade, me sufoca ou atormenta — então essa escolha me faz mal, e deve ser rechaçada imediatamente, com determinação. Jamais devemos compactuar com quem nos fere ou nos amputa. Sem essa de beijar o carrasco em nome do amor...

Sem liberdade a vida morre.

Amar de verdade é jamais ter ciúmes, nem medo de perder. Amar é não forçar nada, nem sequer um beijo. Amar é não fazer perguntas desnecessárias ou indiscretas — muito menos na hora errada. Amar é deixar fluir a relação em todos os sentidos. É incentivar o voo livre que o outro possa estar querendo, e às vezes até mesmo empurrá-lo com ternura para o abismo gostoso do desconhecido profundo. Amar é respeitar com devoção e aplaudir com entusiasmo esse desejo louco de saltar que o outro às vezes tem. (...)


Eu defendo a tese de que o amor deve ser livre. Se não for livre, chame-o de qualquer outro nome — menos de amor. Aliás, é bom perguntar: se o amor não for livre, como será ele, então? Amor preso? Encarcerado? Acorrentado? Será que alguém, com um mínimo de respeito à vida, pode ser contra o amor livre? Sei que esse é um tema complexo, impossível de ser debatido em meia página de um blog. Mas gosto de supor que sinto-me amado, realmente, quando a pessoa que diz me amar pode olhar-me nos olhos e também dizer, do fundo do coração:

Eu te amo quando não preciso mais dizer te amo.
Eu te amo quando reconheço teu Direito de Fazer Escolhas.
Eu te amo quando respeito tua própria liberdade tanto quanto a minha.
Eu te amo quando compreendo tua vontade de às vezes ficar só.
Eu te amo quando não te sufoco com chiliques ou pressões.
Eu te amo quando ponho afeto entre as nossas distâncias.
Eu te amo quando aplaudo os teus desejos de voar.
Eu te amo quando me convenço de que o ciúme é algo a superar.
Eu te amo quando te ajudo a ser mais livre do que eras quando eu te conheci.
Eu te amo quando a recíproca a tudo isso também é verdadeira.


11.4.25

Hugh Hefner e o direito de amar



Após ter lido uma crítica injusta ao Hugh Hefner e sua extravagante filosofia de vida, resolvi escrever o esboço de um breve Manifesto em Defesa do Amor Livre para todas as idades cronológicas. Click na imagem para ler um texto em que defendo, basicamente, o direito que os velhos têm de manter relacionamentos amorosos autênticos com pessoas de qualquer idade. Pelo menos os velhos ousados, carinhosos, inteligentes e saudáveis...rs!



Texto originalmente escrito em Janeiro de 2012.


Feliz da vida, aos 73 anos.


9.4.25

Nem todos podem saltar

É preciso que eu hoje faça uma ressalva. Tenho dito que você deveria libertar-se das amarras, saltar profundo e viver a vida. Acontece que isso é uma proposta retórica. Não estou pregando que você deva realmente abandonar tudo e sair correndo agora mesmo. Simplesmente porque não há profundidade suficiente para todos saltarem, ao mesmo tempo. Aliás, se todos saltassem perderíamos as referências. Se todos saltassem — saltar passaria a ser uma coisa banal, comum. Se todos largassem tudo, a vida viraria uma bagunça...


Seria o caos.


E se tem uma coisa pior do que a ordem absoluta, é a desordem absoluta. Portanto, é preciso que quase todos permaneçam exatamente como estão, atolados nessa desgraçada rotina quotidiana — e cuidando das engrenagens do mundo — para que apenas uns poucos, pouquíssimos, saltem profundos.



Saltar profundo não é pra todo mundo.





7.4.25

Solidão ou Solitude

Quero ressaltar o duplo sentido da expressão Solidão a Mil. Não me refiro à tristeza de uma solidão multiplicada, lamentável, quando nos sentimos completamente sozinhos, mesmo em meio a muitos. Eu me refiro à alegria profunda de quem vive a própria solidão a toda velocidade: a mil. Também discuto, e muito, a diferença crucial entre solidão e solitude. Nesse livro, de quatrocentas páginas, eu misturo amor e liberdade, ficção e biografia. É uma nova forma de escrever. E também uma nova forma de se ler.


Tomando sol e decisões em frente à Ilha Porchat.



Sou apenas um poeta. Mas estou profundamente envolvido em alcançar uma concepção de arte e de literatura que se transforme numa emocionante Filosofia de Vida.


4.4.25

Algumas Perguntas

‎211. Aceitar o inevitável é uma sábia decisão.


Parque da Aclimação. SP.
Foto feita por mim em 2021.


212. O auge de uma paixão está sempre no começo dela.
213. Não espere a graça do cisne no pescoço de um pato.
214. Em vez de salvar a relação, eu prefiro salvar o meu Amor.
215. Só tem uma coisa pior do que morrer: é viver pouco.
216. Sempre danço conforme a música. Mas, antes, escrevo a partitura.
217. Toda emoção é produto de um raciocínio.
218. Quem jura amor eterno deveria ser processado por estelionato emocional.
219. Toda musa já traz uma víbora dentro de si. É só uma questão de tempo.
220. Dispenso a compreensão daqueles que não conseguem me compreender.
221. Se, numa relação de amor, a verdade entristece — minta com alegria.
222. Prazer não sentido é prazer perdido. Irrecuperavelmente perdido.
223. Se o amor não pode ser livre, não deve ser nada.
224. Ceder uma vez só é muito mais difícil do que ceder nunca.
225. É um desperdício imperdoável ter um grande coração, e deixar nele um único amor.
226. A capacidade de questionar as próprias convicções é um atributo dos seres mais elevados.
227. Eu não vejo o cotidiano: eu vejo a eternidade.
228. A melhor realidade é aquela que nasce de um sonho.


3.4.25

As faces da Lua

Acabo de ver a nova lua aqui no céu do Paraná. Envolta em nuvens, como que protegida por elas — ou aprisionada por elas, talvez. Entretanto, sabemos que a lua não precisa de proteção nem se deixa aprisionar. A lua é que nem o meu amor: livre, está muito acima das nuvens. As nuvens são todas passageiras — mas a lua permanece a mesma. Aliás, a lua também muda, mas não a sua essência. Ela gira sobre a Terra, numa dança espiralada, um frenesi a milhares de quilômetros por hora. Enquanto dança, ela nos permite que lhe vejamos outras faces suas, nuas. Tem a face que parece minguar, tem a face que parece crescer, tem a renovada e a completa. Mas tem outras, tantas, que sequer imaginamos.

Contudo, seguindo o que lhe disse Jesus Cristo certa noite lá no sul da Galileia, quando lhe acariciamos a fase esquerda, ela nos mostra também a direita.

A lua sempre me fascina.

Quando olho pra ela, meu coração se ilumina.





2.4.25

Teoria do Acaso

001. Uma borboleta voa e você levanta a cabeça para segui-la. Tenta acompanhá-la com olhares, não somente pela graça do seu voo, mas por seu significado poético. A borboleta é o símbolo mais perfeito do ócio artístico e da liberdade criadora. Fascina porque é bela e livre. As borboletas são independentes. Não existe ciúme entre elas, nenhuma controla o voo da outra, não existe desenho prévio para o tipo de voo que vão voar quando saem a passeio, ou em busca de néctar. Não fazem planos para os voos do dia seguinte, não acumulam coisas, não carregam nada nas costas, não se casam nem se prometem coisas absurdas. Por isso as borboletas fascinam. Por isso as pessoas querem seguir as borboletas. Voar como elas. Ser como elas.


002. Coivaras são restos ou pilhas de ramagens não totalmente atingidas pela queimada, na roça à qual se deitou fogo a fim de limpar o terreno para uma lavoura. Mais ainda, coivaras são em verdade, no dicionário da minha lembrança pura, aqueles troncos e galhos negrecidos, quase um carvão, que ficam abandonados e caídos depois da queimada. Ontem o Pai do menino, em sucessivas viagens demoradas de uma carroça velha, trouxe coivaras para que sirvam como lenha, e fez delas uma pilha lá no canto do quintal, atrás do ranchinho de sapé, ao lado da horta. Vai arrumar um encerado velho para cobri-las da chuva que costuma cair no Paraná nesses meses de verão.

(...)

Estes são os dois primeiros capítulos do meu livro Teoria do Acaso.





1.4.25

É o fim... Levante-se!

Não é preciso que você respeite muito o que eu te digo agora nem que me venere tanto assim. Só não quero falar para caídos. Levante-se, portanto, e me ouça. Mas me ouça com atenção, porque não vou durar para sempre, nem ficar aqui repetindo meus textos e rezas pelo resto da vida.

Pense no que estou te dizendo neste momento, neste insistante momento em que o Tempo passa e pulsa como um coração desesperado — mais desesperado do que o teu.

Porém não pare aí nem pare aqui: pense bem, pense fundo, profundo, vá mais longe, vá até o fim...


Se é que te pedir raciocínio não é te pedir demais. Entre no meu pensamento, mergulhe nele — e me ultrapasse. Se não, você não vai compreender.


É preciso que você arranque o resto de trilhos que tem essa estrada curva em que você patina, essa estrada sinuosa em que você às vezes encalha.

É preciso que você encha teu peito de alegria e de aventura. É preciso que você suba nas minhas verdades, trepe no que eu falo, dance em minha língua.

É preciso que você cavalgue os meus poemas todo dia. Em pelo, e com alegria.

Porque sou poeta bailarino.


(Por enquanto.)




30.3.25

Inteligência racional

As grandes inteligências conseguem considerar duas ou mais visões diferentes, opostas, contrastantes ou até mesmo contraditórias de uma mesma questão, analisá-las ambas ou todas em conjunto, racionalmente, metodicamente, e às vezes simultaneamente, e não preferir nenhuma delas até que alguma conclusão logicamente satisfatória se apresente.




Com as minhas atitudes (quase sempre racionais e com base na lógica) eu não busco a priori aprovação alheia, nem quero aplausos fáceis. O apoio dos normais não me interessa. Eu quero apenas provocar intelectualmente as pessoas criativas, como suponho você é. No fundo, eu quero questionar todas as "verdades", e esmagar todas as convicções. Inclusive as tuas, mas principalmente as minhas. Para que possamos trocar experiências fascinantes — e talvez criar alguma coisa verdadeiramente nova.



Ontem, na Casa Azul, eu fiz esse omelete de queijo e cebola, com tomate cereja e pimenta comari.

29.3.25

O teu último dia

AVENTURA

Quero agora te propor uma aventura:

Faça tudo o que você mais gostaria de fazer hoje — antes de morrer. Dê um pouco de atenção àquilo que realmente importa. Desfaça-se de tudo que não presta. Jogue fora todas as quinquilharias. Desapegue-se das bugigangas. Despreocupe-se. Olhe bem as tuas coisas, avalie calmamente os teus sonhos e projetos, sobrevoe o teu mundo. Despeça-se (mentalmente, se for o caso) dos teus amigos e dos teus amores preferidos. Em seguida, escolha os maiores prazeres que você puder imaginar — e sinta-os, em todos os Sentidos. Procure cometer até mesmo aquelas pequenas loucuras que você vem sempre adiando — por medo, por vergonha ou por preguiça.



E lembre-se: só hoje é hoje.

Por isso é que HOJE tem que ser um dia inesquecível!



O piso que eu ajudei a construir.

28.3.25

Visão do mundo

Não existem verdades definitivas, inquestionáveis. O que existe são interpretações elaboradas sobre determinados aspectos da realidade — comprováveis ou não — mas necessariamente condicionadas pelo ponto de vista, pelos interesses pessoais, pela visão do mundo, e pela capacidade intelectual de quem as propõe.




27.3.25

Elogios e críticas

ELOGIOS E CRÍTICAS

Algumas considerações sobre os meus pontos de vista



Como toda pessoa com posições seriamente democráticas — no sentido grego da expressão — eu aceito tanto as críticas positivas quanto as negativas a respeito do que sou, do que penso, e do que faço. Todas elas são, por definição, simples manifestações de opinião — e todas, por isso mesmo, igualmente passíveis de serem verdadeiras ou falsas. Com base nessa premissa tão elementar eu concluo que seria irracional privilegiar umas em detrimento das outras.


Embora (como para todo mundo, suponho) certos elogios me sejam mais agradáveis do que as críticas negativas, costumo ver nestas um sinal — e acabo valorizando-as até mesmo um pouco acima daqueles. Primeiro, e só para efeitos de raciocínio, suponho-as desinteresseiras e com algum valor de verdade. Procuro entendê-las no contexto, racionalmente, a partir de uma certa e segura distância brechtiana. Se ocorre não concordar com algumas delas, mas se também consigo refutá-las com sucesso — ainda que apenas mentalmente — deixo-as de lado, e sigo em frente no que faço, no que sou e no que penso, livremente.


Decididamente.



Porém, se tais críticas são bem formuladas e tocam meu coração de alguma forma; se perdura em mim uma certa sensação de que as mereço realmente — não as desprezo, não as esqueço, nem tento desqualificá-las de modo algum. Então, nesse caso, a partir delas e sensatamente, procuro tomar providências, mudar concepções, aprimorar o que faço e melhorar o que sou — como ser humano, como filho, amigo, amor, amante ou companheiro de jornada.


O mesmo raciocínio vale para os meus textos e poemas. Para as
paredes que eu desenho, as fotos que eu faço, as relações que mantenho, os projetos que apresento, os pratos que eu cozinho, as idéias que proponho, as atitudes que tomo, e os livros que eu escrevo.


Claro que vale também para
essas múltiplas gostosuras que vivo compartilhando com todos os meus amores principais.



Essa abertura poética na cabeça dançante é que torna minha vida uma
aventura inesquecível.


Extraordinária.


E finalizo com um breve texto que escrevi em 1984 — inspirado por Nietzsche — logo após terminar minha primeira leitura do seu genial livro Assim Falava Zaratustra:


Não existem verdades definitivas, inquestionáveis. O que existe são interpretações elaboradas sobre determinados aspectos da realidade — comprováveis ou não — mas necessariamente condicionadas pelo ponto de vista, pelos interesses, pela visão do mundo, e pela capacidade intelectual de quem as propõe.








Imagine que hoje é teu último dia de vida.

25.3.25

Tudo é experimental

Esta minha página é experimental, no mais amplo sentido que tal palavra possa ter. Aqui não procuro defender nenhuma posição conservadora nem contemporizo com adeptos da normalidade absoluta ou radical.

Também não busco ser compreendido, nem pretendo apenas te agradar.


Contra ou a favor ao que proponho — não importa.

Mas, pensar.


Reflita-me.




24.3.25

Marina

Marina vai tirando sua blusinha — e eu, indeciso, assustado, perdido entre botões, não sei o que fazer. Seus peitinhos inexistem, os mamilos nacarados desabrocham numa cor indefinida que ainda nem conheço. Ela tem oitenta e nove anos de idade e sabe de coisas que certamente não sei. Marina me conquista com seus olhinhos de mistério — e nas suas pupilas excitadas eu vejo um Mestre absoluto. Ela fala, desenvolta, ela sussurra docemente. Embora eu saiba que ela me ama de verdade, a mim só me resta tremer de emoção. A cena vai se compondo, o palco é deserto, só Deus nos observa. Então ela me conduz com alegria, e eu me entrego inteiro aos abraços do amor.

(...)

Não sei nem como chamar isso que hoje fizemos. O que eu senti ainda é e será sempre inesquecível. Depois, Marina calmamente veste a sua blusinha, e me olha com seus olhos inocentes, cândidos, amantes. Não há palavras que descrevam o que Deus nos oferece. Há uma certa religião na sacanagem, somos ambos cúmplices de Safo.

Marina, como já disse, tinha oitenta e nove anos.

Aconteceu na cidade onde eu nasci — uma só vez — e eu jamais esquecerei.


Por onde será que anda hoje esse meu primeiro grande amor?


Eu, seis anos antes desse dia maravilhoso.

23.3.25

Experimente-me

 

Novo livro meu a ser lançado em Dezembro de 2025.



O que eu escrevo é para ser lido sem pressa. O que eu escrevo é para se ler no ônibus, no metrô, no táxi, no avião, na Rodoviária. No banheiro... No hotel. Na cama. No café da manhã. Na rede. Na casa da Mãe. Na praia, no parque, no quintal. No colo amoroso de um grande amor. O que eu escrevo é para ser lido num domingo à noite. É para ser lido na viagem. O que eu escrevo é para ser lido na Vida. Calmamente. Sem pressa.


Experimente-me.
Click acima para ler o poema Mude.



21.3.25

O que é a inveja

Hoje quero escrever um breve texto sobre essa coisa horrorosa chamada inveja. Vou começar alterando uma frase genial de José Ingenieros, para deixá-la mais ou menos assim:


A inveja é o modo mais aberrante de prestar homenagem à superioridade alheia.


Escrevi algo sobre as invejas sublimada, neurótica e perversa. Contudo, ainda estou refinando o texto, pois passei a considerar desnecessária tal classificação. No fundo, toda inveja é perversa. Essencialmente perversa. Está prevista e condenada nos Dez Mandamentos, e expressa entre os Sete Pecados Capitais. Ou seja: imperdoável até mesmo por Deus! Ela também é condenada em todos os livros e códigos que tratam da ética nos relacionamentos humanos. Até Shakespeare acabou colocando-a no rodapé da moral. A inveja é condenável, em si — e em todos os sentidos!



Roedores da glória alheia, os invejosos são simplesmente abomináveis.


"O coração tranqüilo é a vida da carne; a inveja, porém, é a podridão dos ossos."
Bíblia. Provérbios 14:30


20.3.25

Olhe para os lados

Agora mesmo, onde você estiver, olhe para os lados. Ajuste a consciência, apure a sensibilidade, abra seu coração, respire fundo, olhe para os lados outra vez, e responda-me sinceramente:


São?!

Porque, se assim não forem, responda-me:


(...)


Mas a pergunta pode ficar ainda mais radical:

— Você manteria relacionamento com uma pessoa que não é amorosa, ou não é compreensiva, ou não é inteligente, ou não é excitante, ou não é audaciosa, ou não é livre, ou não é saudável, ou não é brilhante, ou não é honesta, ou não é sensível, ou não é delicada, ou não é independente, ou não tem entusiasmo algum pela vida?






19.3.25

Meu Pai e os Girassóis


Meu pai era racional demais, disciplinado demais, e ético demais. Dominava o cálculo, era íntimo dos números, ensinou-me a tabuada do 13 quando eu tinha sete anos. Quem não sabe a tabuada não vai longe, ele me dizia. Nasceu para o comando. Era dono de uma violência verbal impressionante — e nunca deixava pra depois as broncas necessárias que pudesse dar. Exagerado, tinha seus momentos de loucura: de vez em quando mandava fazer almoços festivos para crianças pobres. Era comum se reunirem duzentas ou trezentas em nosso restaurante. Absteve-se do jogo, não fumava, mas bebia um pouco mais do que eu supunha o certo. Com duas exceções, nunca o vi de fogo. Ele nunca nos disse que gostava de poesia, mas certa vez mandou que plantassem trezentos e sessenta pés de girassol no fundo do quintal da nossa casa. Depois que as plantas cresceram, ele ficava toda tarde um tempão lá no fundo, sentado num banquinho improvisado de madeira, sorrindo, encantado, tomando vinho vermelho — e olhando os girassóis girarem... Meu pai, portanto — e no fundo — talvez não fosse apenas um simples comerciante atarracado e ex-delegado de polícia. Talvez fosse um poeta. Pena que não teve tempo de ficar completamente louco: morreu aos 49, por erro de um médico que tinha a morte até no nome.


Mas o vinho hoje é feito de agulhas, e meu copo um dedal. Costuro à mão pedaços da infância — e com eles faço um lençol. Peço à Loreena que me cante cantigas de natal da Idade Média, e ouço a Singer rangendo seus pedais no meu CD.  Minha mãe também costurava com linhas de cor, pregava remendos bonitos, trocava meus botões, lavava roupas de amor. Vejo até sabão de cinzas no fogo forte que tanto me arde agora no rio do peito, espumas de lembranças incendiadas.




Além das suas recomendações sobre sempre respeitar a propriedade alheia — e nunca usar sapatos velhos — há outras dele das quais agora me lembro:



2. Não carregue pacotes.
4. Seja dono do teu próprio negócio.
5. Beba pouco.
6. Estude bastante.
7. Não fume.
8. Não transe com as empregadas.
9. Não minta — exceto se for para salvar a vida.





18.3.25

Sou existencialista

Eu era um marxista empedernido. Queria salvar a classe operária, mal sabendo que classe que não tem classe não se salva. Se afunda.

Eu li o Livro Vermelho aos doze anos de idade. Li "O Capital" inteiro e (depois, na USP) escrevi uma tese sobre Lênin. Tive que apoiar até mesmo o realismo socialista que chegava de Moscou. Virei comunista, fui preso pela ditadura militar, sofri um bom bocado. E, como todo bom comunista então, achava Freud dispensável, e considerava a psicanálise apenas uma "técnica de manipulação pequeno-burguesa".

Mas eis que o Acaso na esquina da vida em forma de vaso caiu-me por sobre. E o meu grande amigo Gaiarsa me virou a cabeça. Apaixonei-me por ele e pelas coisas que dizia. Coisas óbvias, mas que eu nem percebia.


Mudei.


Conheci Moreno e Reich. Deitei-me com Jung e Cioran. E depois fui jogado nos braços de Osho ao lado de uma cachoeira escandalosa em São Francisco.

Desabei-me sobre mim num balaio de flores e estrelas. Vi ruírem todas as minhas estruturas intelectuais. Vi que a seriedade era risível. Agarrei-me ao Livro Orange.


Destruí as minhas convicções.


Rasguei minhas gravatas, desfiz os meus laços, descasei-me em baciada. Aquilo que sempre desprezei passou a ser fundamental, de uma hora para outra.

Nietzsche, de quem eu mantinha enorme distância política, passou a ser meu sócio nas loucuras mais gostosas.

Comecei a dançar a vida com Roger Garaudy. Tirei a máscara e mostrei meu rosto.

Existenciei-me.

Transei com Sartre, e beijei Henry Miller na boca.


Meu Deus! Acordei para sempre.


E o próprio tempo passou a ser meu.

Enfim, assumi o comando do meu destino.

E agora estou aqui, te olhando nos olhos e pensando loucuras...

Pensando em te convidar para saltar comigo.


Para saltar profundo como eu saltei.