Não é preciso que você respeite muito o que eu te digo agora nem que me venere tanto. Só não quero falar para caídos. Levante-se, portanto, e me ouça. Mas me ouça com atenção, porque não vou durar para sempre, nem ficar aqui repetindo meus textos e rezas pelo resto da vida.
Pense no que estou te dizendo neste momento, neste insistante momento em que o tempo passa e pulsa como um coração desesperado — mais desesperado do que o teu.
Porém não pare aí nem pare aqui: pense bem, pense fundo, profundo, vá até o fim...
Se é que te pedir raciocínio não é te pedir demais. Entre no meu pensamento, mergulhe nele — e me ultrapasse. Se não, você não vai compreender.
É preciso que você arranque o resto de trilhos que tem essa estrada curva em que você patina, essa estrada sinuosa em que você às vezes encalha.
É preciso que você encha teu peito de alegria e de aventura. É preciso que você suba nas minhas verdades, trepe no que eu falo, dance em minha língua.
É preciso que você cavalgue os meus poemas todo dia. Em pelo, e com alegria.
Porque sou poeta bailarino.
Por enquanto.