Março de 2001, Guarujá. Noite alta. Releio a belíssima biografia de James Joyce, escrita por Richard Ellmann. A então musa Joyce Ann lá fora no terraço vendo a lua, e Paritosh deitado aqui no chão, entretido com a história de Abraão puxando a faca para seu filho Isaac, contada de várias formas por Kierkegaard. Aliás, o Alcorão diz que foi Ismael, e não Isaac, o filho que Abraão levou à Montanha de Morija para ser sacrificado.
Lembro-me de um grande amor que tive um dia, e que depois sumiu. Edna Mattos Gurgel. “Quase todos morrem...” — Vou à cozinha pensando em tomar um vinho, porém trago dois copos de leite.
Ofereço-lhe um, como se fosse uma flor.
— Paritosh, vou colocar um poema teu no livro Solidão a Mil?
Ele interrompe a leitura, atencioso para comigo.
— Qual?
(...)