20.9.23

Flores e estrelas

Primeiro eu plantei as flores...





"As flores são mesmo ingratas:" a gente as ganha para que sejam eternas, mas então elas desistem no meio do caminho. Murcham, secam, e depois morrem, assim sem mais, nem menos, "como se entre nós nunca tivesse havido... Vênus".

E morrem talvez por desespero — talvez até por amor não respondido — antes que a gente mesmo as abandone, amorosamente, ao seu próprio perfume imortal que se acabou. 

As flores — quando colhidas — são mesmo ingratas...


Por isso, jamais eu colho essas flores que encontro nos jardins da minha vida. Quando vejo algumas, lindas, ofereço-as aos meus amores, delicadamente, mas deixo-as onde estão: no próprio caule da plantinha inocente que lhes deu origem.

E então eu fico assim — distribuindo flores e estrelas, todo dia, o dia todo...


(*) As duas frases entre aspas, lá em cima, são do Leminski.


Um novo projeto em fase de criação.



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