A loucura obtida através da Dor é uma.
A Loucura que se consegue por meio do Prazer — é outra.
São completamente diferentes.
Com relação a tal assunto, eu hoje penso exatamente assim: a loucura derivada do sofrimento é muito mais fácil de ser obtida, mas não tem graça. É feia. Acarreta esquizofrenia, neurose ou depressão, e requer tratamento. Pode acabar em internação sanatorial, ou em tragédias. No mínimo, acaba em tristeza.
A Loucura que eu amo — e considero indispensável — é aquela que se obtém por meio do Prazer escandaloso, contagiante, duradouro e sem maldade. A Loucura que eu amo nasce no coração da Poesia.
Eu escrevo para amantes e sensatos, ciumentos e malucos, depressivos e poetas... Tento a todos incendiá-los com meu verbo ensolarado. Invento-lhes metáforas alegres, e dou-lhes chaves e faíscas com que abram suas portas. Certos dias dou-lhes minha luz escandalosa e minha mão cheia de creme, mas em outros só pretendo inundá-los de profunda escuridão. Alguns dias dou-lhes uma dúzia de tijolos e um pouco de cimento, mas em outros só lhes trago duas rosas vermelhas e um vasinho de lírios. Às vezes, acabo revelando-lhes certas senhas que resolveriam com amor os seus enigmas — e talvez por isso mesmo é que alguns fogem de mim, apavorados.