14.5.23

Dia da Mãe

Era um dia de duplas esperanças. Era uma noite de luar azul escandaloso. Era um sábado de alelúias, era hora de metáforas e loucuras. Era uma casinha de madeira e primavera ao lado de uma roseira branca, no finzinho de uma rua principal. Como toda menina inocente, minha Mãe havia sido deflorada por um delicado Inspírito Santo chamado Luiz. Era madrugada e ela estava sozinha outra vez. Foi então que essa Mulher me deu a Luz. Era o começo de uma história de Amor. Ou mais.

Antes do leite, antes do açúcar, antes do arroz com feijão — eu queria mesmo era o Amor que ela me dava. Este, portanto, foi meu primeiro e mais querido alimento: o Amor. Como se pode notar, eu sempre me alimento de Amor e de Mãe, de risco e paixão, de glória e loucura, flores, estrelas, matemática, poesia, lógica e mulher. E liberdade — é claro.

Ela jamais quebrou as lanças da minha ousadia, e nunca pensou em cortar-me as asas de pássaro livre. Ela me apoia com entusiasmo, incentiva os meus saltos profundos e me aplaude todas as conquistas. Compreende os meus gestos, mesmo quando parados no ar. Ela me aceita como eu sou, inteiramente. E me faz acreditar, cada vez mais, que o verdadeiro amor é a união delicada de duas espontaneidades, a fusão poética de dois devaneios. Ou mais.


Até hoje é assim a minha Mãe. Simpática, amorosa e cheia de alegria... Hoje eu tomei café da manhã com Ela


No restaurante que Ela, eu e meu Pai criamos em 1970.