27.11.22

As cascas das relações

Eu falo certas coisas tão óbvias, que às vezes rio de mim mesmo. Não pelo que eu digo, mas pelo poder que essas minhas obviedades têm de chocar certas pessoas. Ninguém deveria se espantar com essas coisas que eu escrevo. Eu apenas reproduzo o que, no fundo, é natural. Eu tiro as cascas que me parecem horrorosas dessas relações fechadas que eu vejo por aí — e mostro-as abertas. Exatamente o que todos deveriam fazer. Por exemplo, ontem, numa entrevista, eu disse que o homem casado, via de regra, não consegue satisfazer a sua esposa porque seu repertório de novidades é geralmente minúsculo. Falta-lhe criatividade. Acontece que nem mesmo um Einstein seria capaz de criar tantas novidades, todo dia, para suportar um casamento em alto nível. O homem casado jamais será um amante brilhante da sua própria esposa. O coitado vê num filme que pétalas de rosas vermelhas jogadas num lençol de cetim é uma coisa excitante. Abrir um champagne ao lado de um pratinho de morangos, colocar música romântica, essas coisas. Acontece que a criatividade do infeliz não vai além disso. O fato de ter casado já é uma pequena prova da sua baixa criatividade... Experimente repetir essa cena maravilhosa trinta dias consecutivos — com a mesma mulher — e veja o resultado. Claro que depois de quatro ou cinco dias ela vai ficar desesperada. Com o saco cheio de tanto morango, enjoada de champagne para o resto da vida e com o coraçãozinho entupido de pétalas vermelhas... Você vai ser ridicularizado, e virar um fracasso. Agora, repita essa mesma operação com trinta mulheres diferentes — uma por dia. Você fará trinta sucessos!