31.8.22

Meu maior Amor

Muitas mulheres marcam deliciosamente a minha vida. Todas são especiais; nove são musas. Mas uma delas se destaca... Uma mulher que jamais quebrou as lanças da minha ousadia, e nunca pensou em cortar-me as asas de pássaro livre. Uma mulher que me apóia com entusiasmo, incentiva os meus saltos profundos e me aplaude em todas as conquistas. Ela compreende os meus gestos, mesmo quando parados no ar. Ela me aceita como sou, inteiramente. E me faz acreditar, cada vez mais, que o verdadeiro amor é a união gostosa de duas espontaneidades, a fusão poética de dois devaneios.

Essa mulher é minha mãe.


Ela hoje (31/10/2007) está meio doente e mais de mil quilômetros nos separam. Mil quilômetros e uma crueldade impressionante: não posso nem falar com ela para dizer-lhe a minha dor. Não me deixam nem sequer telefonar pra ela. Então, só me resta chorar por ela. E me lembrar das canções de ninar que ela cantava para que eu não dormisse. Do Kyrie Eleison ao Noel Rosa.

E me lembrar do dia em que eu nasci.

Era um dia de duplas esperanças. Era uma noite de luar azul escandaloso. Era um sábado de aleluias, era hora de metáforas e loucuras. Era uma casinha de madeira e Primavera ao lado de uma bela roseira branca no finzinho de uma rua principal. Como toda mulher inocente, minha mãe havia sido deflorada por um delicado Inspírito Santo. Era madrugada e ela estava sozinha outra vez. Foi então que a Mulher me deu a Luz.

Era o começo de uma história de Amor.





Essa crueldade impressionante nada mais é que a tentativa maldosa de alguns outros filhos de minha mãe, no sentido de, pela primeira vez na história, colocá-la contra mim. Trocaram o telefone dela e não me deram o novo número só para que ela pudesse talvez dizer: "O Edson não tem ligado mais pra mim..." /// Coitadinha da minha Mãe: longe de mim, e rodeada de gente capaz de agir com tamanha maldade! /// Mas isso tudo, três meses depois, foi de certo modo resolvido. E já voltei a falar com ela. Religiosamente, todo domingo ao meio-dia.

E os injustos arrependidos ficam agora sorrindo amarelo...

Essa CENSURA ridícula e maldosa durou até 12/12/2007. Foi quando um dos meus irmãos (Beto, então ainda saudável) me deu o novo número. Até hoje não consigo entender por que fizeram isso comigo. Alguns deles, entre um Rivotril e outro, já começaram a se desculpar. Mas não é preciso. Jamais esquecerei. Essas pessoas já tomaram tantas decisões erradas em suas vidas, que esta foi apenas mais uma. /// Impedir alguém de fazer aquilo que a Lei permite é crime. /// Entretanto, acabo só me lembrando de Sócrates: "Quando um asno te dá um coice, não adianta fazer um B.O."


Mas tudo isso também serviu para que eu criasse um poema...

Edson. Guarujá. 24.12.2007



Atualizando a expressão dos meus sentimentos:

Ter um irmão como eu não deve ser fácil: há mais de vinte anos que não perco a calma, não reclamo da Vida, dou valor secundário às coisas secundárias, e sou um poeta zen, feliz e alegre. O único solteiro entre os irmãos. E não fico doente! Há mais de vinte anos que não tomo nem aspirina... Isso talvez possa causar um certo desconforto espiritual naqueles que se supõem iguais por terem nascido, supostamente, da mesma Mãe. Mal sabem eles que a Mãe de um primogênito é sempre diferente da Mãe dos demais filhos. Tudo muda. E talvez essa injusta medida tomada por eles, no caso da censura ao telefone, foi só uma vã tentativa de arrastar-me para o mundo escuro dos conceitos mal elaborados. Jamais conseguirão.

Eu sempre os compreendi.

Eles jamais me compreenderão.

Com a ajuda do Tempo, e da Biologia, tudo se resolverá.

Bom ressaltar ainda que, nossa convivência sempre foi amorosíssima, em todos os sentidos, em todas as circunstâncias. Até que eles começaram a tomar antidepressivos...

Edson. Flat Palladium. 09.01.2008.