28.7.22

Poema Mude

 Mude

Mas comece devagar,
porque a direção é mais importante
que a velocidade.

Sente-se em outra cadeira,
no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair,
procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas,
calmamente,
observando com atenção
os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira
para passear livremente na praia,
ou no parque,
e ouvir o canto dos passarinhos.

Veja o mundo de outras perspectivas.

Abra e feche as gavetas
e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama.
Depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de tv,
compre outros jornais,
leia outros livros,
Viva outros romances!

Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia
numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos,
escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores,
novas delícias.
Tente o novo todo dia.O novo lado,
o novo método,
o novo sabor,
o novo jeito,
o novo prazer,
o novo amor.

A nova vida.
Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.
Almoce em outros locais,
vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida
compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo,
jante mais tarde, ou vice-versa.
Escolha outro mercado,
outra marca de sabonete,
outro creme dental.
Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito,
cada vez mais,
de modos diferentes.

Troque de bolsa,
de carteira,
de malas.
Troque de carro.
Compre novos óculos,
escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios,
quebre delicadamente
esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas,
outros cabeleireiros,
outros teatros,
visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
Arrume um outro emprego,
uma nova ocupação,
um trabalho mais light,
mais prazeroso,
mais digno,
mais humano.

Se você não encontrar razões para ser livre,
invente-as.


Seja criativo.

E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa, se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores,
mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança,
o movimento,
o dinamismo,
a energia.

Só o que está morto não muda!

Edson Marques.



Fundação Biblioteca Nacional do Ministério da Cultura
Poema MUDE - Registro: 294.507 - Livro: 534 - Folha: 167




 
Eis o Comercial da Fiat - feito pela agência Leo Burnet e veiculado na Globo, SBT, etc. 




Livro MUDE- publicado pela Pandabooks, com prefácio de Antonio Abujamra. 
À venda na Siciliano, FNac, Cultura, Saraiva, Submarino, Americanas etc. E também na Amazon.



Editora Pandabooks - 90 páginas - 2005.



Ou compre na Amazon.







Click na imagem para ver outros livros. 



 

Neste vídeo o genial Abujama interpreta Mude. 




 

Aqui Simone Spoladore declama o poema no CD Filtro Solar, do Pedro Bial. 




Paulo Coelho também PLAGIOU meu poema Mude. Durante oito anos. 

Dê um click na imagem para ver detalhes:





Click acima para ver o vídeo.




Mas o caso mais estranho é o de Paulo Gurgel Valente, filho da própria Clarice Lispector. Esse senhor (cujo fone é 21.3204-1717) VENDEU meu poema Mude para a agência Leo Burnet, por 40.000 dólares. Embolsou esse dinheiro, e até agora (07/12/2020) continua recusando-se a discutir o assunto. 



Matéria da Revista Veja, em julho de 2003, restabelece minha autoria do poema Mude.


Mesmo assim, em 07.12.2020, Ana Cristina Rosa, colunista da Folha de SP, na página A2, por um descuido quase imperdoável, atribui a Clarice Lispector a autoria desse meu poema. (In) Justamente na semana em que Clarice completaria 100 anos. Vide abaixo:

Eu gostaria que Ana Cristina citasse a fonte...



A Folha publicou duas notas a respeito:


Isso não basta. Veremos o que fazer.









 
Veja como era o meu bisavô Luiz Marques, na interpretação do grande Abujamra. 

Meu bisavô, aos sessenta e dois anos de idade, na década de trinta do século passado, abandonou tudo e apareceu por aqui trazendo no colo uma adolescente chamada Loucura. Um despropósito, disseram todos. Mas o verdadeiro rebelde não hesita entre viver e morrer. O velho Luiz Marques, atolado numa estabilidade massacrante, não havia desistido de procurar aquela coisa que atende pelo singelo nome de felicidade. 
(...)