Claro que alterei o Salmo 77: tenho licença poética para ser hiperbólico. Na madrugada de anteontem, Janaína e Adriana me vestiram mesmo com suas peles e ternuras. O Restaurante Deus Me Deu existe realmente, e fica lá no Perequê. Joyce Ann é mesmo a minha musa principal, e nos separamos em 2007, no Pico da relação. Paritosh Keval escreveu mesmo o livro "The Master of Jesus". Minha vó era mesmo a Vitalina. Abujamra esteve mesmo aqui comigo mês passado. O catador de papéis com quem comi pizza e tomei vinho sentado na rua esta noite existe de verdade: chama-se Antonio, e é manco. Até pensei em levá-lo à pizzaria, mas onde deixaríamos o velho carrinho com suas tranqueiras queridas? E Ana, a doce menina dos mamilos cor-de-rosa, estuda mesmo ali naquela escola, no terceiro colegial. Essas coisas não são apenas produto da minha imaginação.
Tudo que aqui escrevo é baseado em fatos reais.
Mas eu acho que as pessoas, quando lêem os meus textos, e me vêem falando só de amores e aventuras, meus demônios e alegrias, minhas flores e estrelas — talvez pensem que é tudo mera ficção. Talvez até digam: Ah: o Edson é um poeta criativo: ele inventa essas histórias.
Mas, como já disse, não invento nada disso.
Aliás, nem conto tudo.
Porque, se eu contasse tudo que faço e vivo; se contasse todos os meus amores e saltos profundos, todas as minhas danças e loucuras — até eu mesmo duvidaria de mim...