Musa com algema no dedo anular vira esposa. Com o tempo, desencanta. Por isso, não desperdice a musa: não queira casar com ela. Formalizar as aventuras é o mesmo que contratar o Desespero. O casamento pode ser o túmulo do Amor. É um risco enorme... Valerá talvez a pena ser corrido? Não sei. Mas não queira engaiolar a exuberância. Não engarrafe as emoções. Não sufoque a liberdade. A menos que você já tenha feito a opção por repetir as relações antigas, e tornar-se apenas um reprodutor da espécie… Claro que reproduzir a espécie também é uma tarefa digna, e pode ser até gratificante, em certos casos. Mas não tem nada a ver com Aventura e Liberdade.
O casamento é o cemitério das Paixões!
Ora, Edson — você pode me dizer — se teu pai e tua mãe não tivessem se casado, você não teria nem nascido. Concordo, é verdade: eu nem existiria. Entretanto, por mais que eu hoje os agradeça, por mais que mil anjos os agradeçam de joelhos todo dia em meu nome — nada vai trazer de volta as aventuras gloriosas que meu pai e minha mãe deixaram de viver por causa do casamento. Nada! E se minha mãe, aos dezenove anos de idade, tivesse encontrado um poeta louco e libertário como eu, certamente não teria se casado. E eu não estaria aqui, agora, conversando com você…
Como se vê, a Vida é um mistério delicioso!
Mas é preciso lembrar que eu mesmo já me casei cinco ou seis vezes, com seis ou sete mulheres amorosíssimas. E todas foram experiências maravilhosas. Talvez porque o projeto nunca foi geração de prole, nem de contribuir para nenhuma estatística. Sabíamo-nos passageiros e assim nos comportávamos. Sempre houve um respeito absoluto pela própria liberdade e pela liberdade do outro. E, em cada um deles, nos separamos no pico da relação. Talvez isso tenha feito toda a diferença. A paixão nunca chegou a esfriar!