Ao ver agora a flor que desabrocha eu me pergunto onde está o botão que aqui havia ontem. E sei que amanhã, ao voltar, verei um fruto novo — belíssimo — e também perguntarei onde estará a flor que aqui havia hoje.
E no dia seguinte, inspirado em Hegel, domarei a minha fome de amor beijando as formas lógicas resultantes do novo fruto da poesia nova.
Mas não é nada, não: é só Deus me alimentando de flores e botões. E filosofia. E arte. E amor.
Tem gente que vê dois hibiscos sensuais se oferecendo, tem gente que vê uma dúzia de botões e uma canção desesperada, tem gente que vê um portão azul miraculoso que se abre para o mundo, e tem gente que vê apenas uma folha seca de bananeira do brejo.
Assim é a vida.