12.2.25

Nova Teoria do Acaso

 




Se ele, fazendeiro que era em Minas Gerais, não tivesse raptado amorosamente a Vitalina, nada disso estaria acontecendo. Se o meu corajoso e culto bisavô Luiz Marques não tivesse decidido morar no Sul (talvez no Uruguay) com sua amada adolescente (treze anos de idade!), ele, vindo do norte de Minas, não teria passado por Itararé, numa noite enluarada de 1905, onde seria preciso trocar de trem, da Estrada de Ferro Sorocabana para o da Rede Paraná Santa Catarina. Não teria, portanto, e por acaso, conhecido o Sr Tonico Adolfo, que o convenceu a comprar umas terras por aqui, inclusive a propriedade onde ficam hoje a Casa Azul e a Churrascaria dos Gaúchos. Não fosse por isso (por esse maravilhoso conjunto de acasos), Luiz Marques e Vitalina teriam seguido viagem para o Sul. E Maria, a primeira filha de Vitalina e mãe do meu Pai, não teria nascido aqui. Nem teria conhecido o Joaquim dos Santos, obviamente. E meu Pai, portanto, não seria concebido por esse casal. Nem por outro. E nem eu nem meus irmãos existiríamos. Minha Mãe teria existido, é claro, posto que viera do Salto, mas seus eventuais filhos seriam outros. Logo, como se pode facilmente concluir, se não fosse o ACASO, se não fosse a coragem do apaixonado Luiz Marques (nem o dinheiro e os oito livros que ele trazia na mala), nada disso teria acontecido. Nada disso. E eu não estaria aqui, agora, ouvindo pássaros na Casa Azul.

Nem você estaria lendo essa minha história.

Aliás, eu tenho a impressão de que teu pai e tua mãe também se conheceram por acaso... Assim como os teus quatro avós.

Pense nisso.

12.02.25.

A história ainda vai continuar.

(...)


E eu fico aqui pensando sobre esse ousado fazendeiro, que teve a coragem sexagenária de abandonar a própria esposa e mais de mil cabeças de gado, só para seguir um grande amor...


O mestre Antonio Abujamra interpreta aqui, no vídeo acima, um breve texto que escrevi sobre meu bisavô.