13.9.23

O Amor é uma (boa) hipótese

Você acredita piamente que Deus criou o universo. Mas se algum dia for provado o contrário, você não mais terá em que se apoiar. Você ficará meio perdido. Eu, por outro lado, acredito na hipótese científica do Big Bang inicial, e se algum dia, em sua constante pesquisa, os cientistas descobrirem outra hipótese mais viável, passarei então a acreditar nela, sem traumas. Por exemplo, passarei a acreditar no Bog Bung em vez de no Big Bang — e não precisarei me apavorar por ter uma crença desfeita. Se alguém diz que teu Deus Criador de Tudo não existe, você fica indignado, mas, se alguém me disser que o Bog Bung passou igualmente a ser uma falsa hipótese, eu nem me abalo. Simplesmente posso perguntar qual é a nova hipótese mais plausível, pois assim poderei talvez acreditar nela, por algum tempo.


Da mesma forma o amor eterno. Você, quando começa a amar, acha que será para o resto da vida. Essa é a tua fé, essa a tua esperança, esse o teu erro. Quando o amor começa a se acabar, você teima em esticá-lo até além do fim, para tentar confirmar a tua absurda hipótese inicial (abortada, desmentida) sobre a duração dele. Você não quer ver de novo a tua fé invalidada pelos fatos.


Eu, ao contrário, quando um grande amor começa a se acabar, jamais me desespero, pois nunca acreditei na sua suposta eternidade. Então, simplesmente dou-lhe um delicado e elegante golpe de misericórdia. E começo a viver um novo amor, outra vez como passageiro e breve, mesmo que enorme. Uma hipótese que a vida vai confirmando (ou não), sempre e sempre. Ao contrário do que você pensa, o amor é sempre uma hipótese.