Eu morava numa casa deslumbrante. Tinha até cachoeira na piscina e palmeiras no quintal. Meus amigos ficavam perplexos com tanta beleza, e eu lhes dizia:
— Não se impressionem: a casa não é minha.
Depois — ou antes, já nem me lembro — eu morava num ranchinho de sapé lá no sul do Paraná. Ao lado de um riozinho, meia-água, três cômodos, as roupas penduradas em barbantes, chovia dentro, banheiro fora... Meus amigos ficavam perplexos com tanta pobreza, e eu também lhes dizia:
— Não se impressionem: a casa não é minha.
Hoje, descoberto e sem destino, como um solitário e amoroso cãozinho zen, eu moro à luz da Lua — e continuo dizendo aos meus amigos:
— Não se impressionem: a Lua não é minha.
— Não se impressionem: a casa não é minha.
Depois — ou antes, já nem me lembro — eu morava num ranchinho de sapé lá no sul do Paraná. Ao lado de um riozinho, meia-água, três cômodos, as roupas penduradas em barbantes, chovia dentro, banheiro fora... Meus amigos ficavam perplexos com tanta pobreza, e eu também lhes dizia:
— Não se impressionem: a casa não é minha.
Hoje, descoberto e sem destino, como um solitário e amoroso cãozinho zen, eu moro à luz da Lua — e continuo dizendo aos meus amigos:
— Não se impressionem: a Lua não é minha.