29.4.23

Pedido de desculpas

Ao ser levado a pedir desculpas por um erro cometido, o cérebro entende tal procedimento como um reconhecimento tardio de que cometeu um raciocínio mal feito. Esse raciocínio mal feito — que agora exige reparação, exige um pedido de desculpas — pode ter gerado uma opinião sem fundamento a respeito de coisas ou pessoas, ou até mesmo um julgamento em forma de ofensa. Então, o cérebro, ao voltar atrás num juízo emitido, registra que errou.

Se isso for eventual, o cérebro pode até compreender que certamente aconteceu apenas uma confusão momentânea. Porém, se a ocorrência de erros cometidos é exagerada, o cérebro vai registrando todas essas ocorrências — e acabará concluindo não ser capaz de tomar decisões apropriadas sequer sobre coisas elementares. E vai depreciar-se, inapelavelmente. Quanto mais pedidos de desculpas, maior será a autodepreciação. Entretanto, suprimir simplesmente o pedido de desculpas — após a consciência do erro e seu reconhecimento — não adianta nada. Seria uma supressão da conseqüência e não da causa. E nesse caso, agindo assim, tentando falsear a situação, além da depreciação inescapável pelos erros que comete, o cérebro também se sentirá um causador direto de injustiças. Ainda se sentirá responsável pela culpa gerada pelo gesto eticamente mal feito e não reparado. Ou seja, uma lástima.

(...)

Esse texto acima é parte de uma tese que pretendo escrever sobre o vício de julgar sem precisão. Que deriva de raciocínios falhos e pode acarretar tomada de atitudes arbitrárias — com possível arrependimento posterior e eventual necessidade de pedir desculpas pela suposta besteira cometida.

Atualizo AQUI.