2.1.23

Mãe

Eu visito a minha Mãe todos os dias — de manhãzinha. Passo lá no jardim do Paulo meu irmão, peço licença a Deus para colher o espírito da rosa mais bonita, e em seguida vou ao quarto dela, em silêncio. Então, sem acordá-la, cubro-a delicadamente com o espírito da flor e a luz do grande Amor que trago em mim. 


Todos os dias. Religiosamente...



Há cerca de trinta anos o poeta marxista que eu era seria incapaz de escrever um texto assim, como esse de hoje. Do alto da minha então respeitável sabedoria filosófica materialista dialética, eu me recusava, logicamente, a ver mais longe... Eu não acreditava na existência do Espírito. O ferramental teórico de que eu então me servia não deixava brechas para o inexplicável.


Mas, eu mudei.