9.12.22

Talvez eu esteja certo

Eu não perco nenhuma oportunidade de ajudar alguém. Esta frase me ocorreu a propósito de uma cena presenciada ontem por mim. Um conhecido meu — crente em Deus, devoto sincero — ao ver um maltrapilho pedindo um pratinho de comida, recusou-se a ajudar, sob a alegação de que "Deus sabe o que faz", e que, se aquele ser humano está passando fome (ou sede, ou frio, ou dor), é porque merece esse "castigo". Já minha visão do fato é outra. Minha leitura da mesma cena é radicalmente diferente. Embora eu também possa considerar que "Deus sabe o que faz", suponho que Deus (*) colocou aquele mendigo no meu caminho exatamente para que eu participe da cena — e o ajude. No fundo, é uma chance que Deus me concede para que ajude alguém. Portanto, eu jamais iria desperdiçar uma chance de servir a Deus. Além do mais, pode ser que Deus me apresenta essas coisas todas só para ver se estou atento ao sofrimento alheio... Vai saber.



E essa forma fria, cruel e econômica que esse sujeito frio escolheu para encarar tal questão me parece desumana e meio contraditória, pois elimina qualquer possibilidade de ajuda humanitária, apoio amoroso, justiça social e até mesmo caridade. Desumaniza as relações. Inclusive, vai contra o que pregava Jesus Cristo. Entretanto, ressalvo que também eu, neste específico caso, talvez esteja errado — e Deus realmente pode não estar ligando nem um pouquinho para o sofrimento humano... 

Vai saber!



(*) Como filósofo, necessariamente, sou ateu. Como poeta, gosto da ideia.