14.11.22

Minha cartilha é um livro

Meu livro é uma cartilha, que ajuda o leitor a ter sucesso. Não sucesso em arranjar um emprego, mas em perder o emprego...

Sucesso relativo, portanto.

Porque eu o ajudo a libertar-se ainda mais. Faço com que ame a liberdade acima de todas as coisas. Se for corajoso, salta comigo — e dançamos juntos no espaço infinito que criamos ao saltar. Mas, se não for tão corajoso assim, se já estiver abraçado ao poste horroroso das crenças insensatas, pelo menos fica sabendo que na hora certa não se salta: tem que ser na hora incerta. E não importa a idade que ele tenha: acaba sabendo quanto tempo de vida já perdeu — mas que ainda pode saltar antes que morra.

O exemplo é meu bisavô, que só saltou aos 62 anos de idade. Que foi quando se apaixonou por Vitalina e largou tudo por causa de um grande amor. Mas se o leitor é do tipo que não salta de jeito nenhum, que prefere até morrer antes mesmo de viver, tudo bem: eu dou-lhe uma dose mortal de compreensão.

Como se vê, meu livro é uma cartilha...