27.3.22

Deus

Ensinar a uma criança que Deus existe — e que isso é uma verdade inquestionável — deveria ser considerado um grave crime de abuso intelectual.

A linha básica desse meu raciocínio é a seguinte:

O cérebro, desde a mais tenra infância, ou habitua-se a realizar processos mentais complexos, questionantes — ou a agir passivamente, aceitando de modo acrítico as informações que recebe.

Quanto mais intensiva e duradoura essa forma de proceder, mais cristalizada será a capacidade — ou incapacidade — que o cérebro terá de tomar decisões com algum fundamento.

A partir disso é fácil concluir que um cérebro que adota crenças inverificáveis como verdades absolutas (como, por exemplo, a crença em Deus) será um cérebro que, paulatinamente, ficará incapaz de questionar, tornando-se deficiente.

Logo, incutir crenças no cérebro de uma criança causa-lhe enormes malefícios, para o resto da vida.

Se os pais soubessem disso, deveriam fazer tudo para que seus filhos jamais aceitem meras crenças como verdades inquestionáveis.

Aliás, deveriam ensinar às crianças que uma das funções mais importantes do cérebro é raciocinar.

Raciocínar.