2.2.22

Jupiter, meu Pai

Sou verdadeiro quando falo de flores, e mais ainda quando falo de amores. Eu me esparramo delicioso nas almofadas azuis, como se Sempre fosse Agora. Cibele me abraça — e as outras Musas me olham de soslaio, sorridentes. O velho Sileno, bêbado, nu e deslumbrado, pisca pra mim enquanto abre mais um vinho vermelho. Rufam os tambores do meu peito, enluarados. Então, antes mesmo que Jupiter grite "Avante, meu filho!", assumo as rédeas da carruagem que é puxada por dois tigres alegres, e parto entusiasmado a conquistar as Índias — e as Outras.

Só quem salta inteiro no belo azul profundo da vida é que pode ser Baco.



Texto escrito no Guarujá, em 26.06.2013. 
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