"As flores são mesmo ingratas:" a gente as ganha para que sejam eternas, mas então elas desistem no meio do caminho. Murcham, secam, e depois morrem, assim sem mais, nem menos, "como se entre nós nunca tivesse havido... Vênus".
E morrem talvez por desespero — talvez até por amor não respondido — antes que a gente mesmo as abandone, amorosamente, ao seu próprio perfume imortal que se acabou.
As flores — quando colhidas — são mesmo ingratas...
Por isso, jamais eu colho essas flores que encontro nos jardins da minha vida. Quando vejo algumas, lindas, ofereço-as aos meus amores, delicadamente, mas deixo-as onde estão: no próprio caule da plantinha inocente que lhes deu origem.
E então eu fico assim — distribuindo flores e estrelas, todo dia, o dia todo...
(*) As duas frases entre aspas, lá em cima, são do Leminski.
Um novo projeto em fase de criação.