20.9.21

Meus dias

Eu sonho tão alto que o próprio barulho ousado do sonho me acorda.

Já me acordo com Deus perto.

E me desperto dançando e perguntando se há no mundo melhor coisa que ser feliz e ser saudável. Vejo estrelas no meu teto, repito a oração como se reza, e me espreguiço felino, suave, amoroso, sorrindo — e gostoso!

Mas me levanto só depois que gargalho. Se por acaso não acho motivos pra gargalhar, também não os acharei pra levantar...

Enquanto isso, faço contas complicadas de cabeça, abraço a Vênus de Milo que eu tenho no peito, calculo logaritmos a olho, traduzo algumas frases do chinês e do latim, reconstruo mentalmente um ranchinho de sapé, imagino cúpulas geodésicas no quintal da minha Mãe, visualizo meus próximos prazeres — tudo sem destino e sem pudor.

Acordo já fazendo ginástica com meu cérebro, pois não quero teias de aranha nos meus neurônios. Quero distância do AD, e desconheço a depressão. Porque sinapses, só as brilhantes me excitam. Então, potencializo-as, a cada instante, com lógica e amor.


Acordo e me levanto, deslumbrado e respirando, já cheio portanto de luz — iluminado, de novo — e de mim.



Meus dias começam sempre assim..