Aos 22 anos eu montei minha segunda empresa. Uma confecção. O nome era K-misster, e ficava na Avenida Nacionalista, número 100, Itaquera, SP. Aluguei um galpão, comprei doze máquinas na rua São Caetano, montei um bom estoque de tecidos, que comprei na 25 de março, contratei dezessete costureiras e soltei o meu barquinho em alto mar. Eu também desenhava os modelos. Cheguei a vender, entre outros, vários lotes para as Lojas Piter, que ficavam ao lado do Teatro Municipal. Mas a fábrica era muito longe, e eu queria curtir a vida e estudar filosofia... Depois de quatro meses larguei tudo. Dei as máquinas para as costureiras, comprei um carro conversível — e saí pelo mundo. Viver novas experiências.
Deu certo.
Deu certo.
Minha ideia 972.
Quando me perguntam o que sou e o que faço digo apenas que sou um Criador. Tenho ideias, muitas, sobre vários temas, todo dia. Projetos, sonhos, invenções. Planos loucos, inclinados, geniais. Alguns são colocados em pedaços de papel, outros vivem no meu próprio coração. Muitos viram poemas, livros, amores, empresas, relações. Meu primeiro amor foi Marina, aos sete anos. Mas meu primeiro empreendimento foi na área de calçados, também aos sete anos. Depois, a AJAN — Aliança Juvenil dos Amantes da Natureza — foi considerada subversiva pelos militares, que a fecharam. O meu time de futebol durou só dois anos, pois concluí que era melhor ser o craque do time do que ser apenas o dono. O Restaurante, aos dezesseis, em cuja construção aprendi com meu pai a beleza do piso cerâmico em diagonal, continua funcionando até hoje. O terceiro projeto comercial, aos 22 anos, virou minha primeira empresa — que abandonei de modo romântico e poético como se pode ler dando um click na imagem acima. O quarto projeto, criado em 1994, chamado Liberdata, uma empresa de sistemas, ainda está no ar, criando sites, etc. Em 1996 fundei a OfficeAll, um escritório diferenciado de consultoria, que funciona na Avenida Francisco Matarazzo, SP. Entre 1999 e 2002 fui consultor intelectual em Cooperativas de Trabalho (na Reunidas fui Diretor de Estratégias e na CooperÚnica, Diretor-Presidente). A Máquina de Vendas, criada em 2002, vai de vento em popa. A UCB, uma construtora voltada para revestimentos cerâmicos Portobello, foi criada em 2006 com minha consultoria. Em 2010, comecei a montar o projeto de uma nova construtora — PCB — que só em Dezembro de 2013 vai ter seu início formal. Um pouco antes disso, eu e Joyce Ann abriremos a Portobellissimo. Atualmente, estou montando uma empresa-conceito, que ainda não tem registro na Junta Comercial, mas que chamo de Ideia 152. Em maio de 2013 criei (e já está funcionando a pleno vapor) a Calçadas do Brasil. Também criei e (juntamente com dois sócios) estou abrindo (Dezembro 2013) uma empresa de Apoio Operacional em SP. Até o final deste ano formalizarei mais uns três ou quatro projetos, sendo que o mais ousado deles (e o mais criativo, do meu ponto de vista) é a Ideia 205. A propósito: já estou na ideia 299. No meio disso tudo, casei-me cinco ou seis vezes, mas continuo solteiro, sem filhos — e completamente livre. Entrei na USP quatro vezes, publiquei sete ou oito livros e estou escrevendo outros tantos. Também escrevi o texto para o Comercial da Fiat, feito pela Leo Burnett. E edito o blog Mude, onde escrevo alguma coisa todo dia. Além disso, gosto de vinho, sei cozinhar, salto profundo e faço café...
Empregos formais eu só tive dois em toda minha vida. O primeiro, aos dezoito, como Auxiliar de Custos, na Protin, em SP. Um emprego ao qual concorri e ganhei mediante aposta que envolvia matemática, e que depois relutei em aceitar, pois já estava na Filosofia da USP. Seis meses depois, entretanto, fui promovido a Programador de Computadores, e depois Gerente de Processamento de Dados. Fiquei quatro anos... Saí para aprender cinema na Revela, pois tinha entrado na ECA-USP. Em seguida, e por acaso, fui ser Gerente de Informática na ITEL, empresa da família Mascheretti, cujos três irmãos (Gian, Renato e Marco) me influenciaram profundamente com seu estilo de vida e com sua inteligência brilhante — e a quem devo muito do que agora sou. Entre outras coisas, foram eles que me ajudaram a criar a Liberdata.
Afinal, eu já escrevi um poema chamado Mude, e já vendi serviços especiais para a Scania do Brasil e para a SKF. Já inventei um apito, criei algumas empresas e desenhei uma casa (que ainda nem fiz). Já escrevi sistemas em Assembler e Cobol, e já marquei gol de bicicleta. E já conquistei o coraçãozinho palpitante de uma menina delicada, inocente, duplamente maravilhosa, que se chama Joyce Ann. Como se pode concluir — eu não tenho limites... Sou capaz de qualquer coisa.
Mas eu às vezes me defino como um Analista de Circunstâncias. Um Vendedor de Ideias. Ou, melhor: um Vendedor de Imaginação...
Na Filosofia e na faculdade de Direito (três anos no Largo São Francisco) eu sempre me defini como indefinível. Porém, depois, ao estudar computação e me tornar um analista de sistemas, senti que essa expressão também me era imprópria, pois meu universo se expandiu, e comecei a supor que eu era um "analista de circunstâncias". Com o tempo, virei um Criador de Conceitos — e era exatamente isso que dizia o meu cartão de visitas. Acontece que eu sempre mudo. Aliás, como diz o meu poema: Só o que está morto não muda. Então, e por isso mesmo, eu hoje passo a definir-me como um Descobridor de Competências. Mais tarde eu volto aqui para explicar esse conceito.
Certas pessoas (filósofos, cientistas, astrônomos, biólogos, físicos, químicos, teólogos, etc.) criam sistemas, compostos de teorias pretensamente bem elaboradas e bem estruturadas, visando descobrir ou explicar, dentro de cada um desses respectivos sistemas filosóficos ou científicos, as causas, o funcionamento e as eventuais conseqüências de alguns fenômenos da natureza. Da natureza, do espírito ou do corpo humano, tanto faz. Vale para uma galáxia, e vale para um átomo. Sempre foi assim e sempre será assim. Não há outra forma racional de propor explicações que não seja por meio de uma estrutura verbal composta de palavras e fórmulas. Foi o que fez Einstein ao criar a Teoria da Relatividade Geral, foi o que fez Platão ao escrever o Mito da Caverna para explicar como percebemos a realidade, foi o que fez Newton ao descobrir a Lei da Gravitação Universal. Cada um escreve como supõe que o fato ocorre, como acha que a coisa é. Isso vale para explicar a função dos elétrons na Mecânica Quântica, o comportamento de uma célula cardíaca, a fecundação de um jasmim, e até mesmo a criação do Mundo. E este é o ponto que quero aqui discutir. Quero não explicar, mas entender as respectivas teorias, respeitando-lhes as abrangências e os limites. Ou seja, eu quero entender como é que as teorias são construídas, e como é que se sustentam.
Vamos, por exemplo, à criação do Mundo. Só há duas formas de montarmos uma explicação: por meio de uma Cosmologia, ou por meio de uma Cosmogonia. Ambas pretendem explicar como as coisas se deram no início. Tanto os físicos quanto os pastores, por exemplo, a partir desse princípio e nesta perspectiva, são filósofos. Tanto os cientistas quanto os teólogos usam da Filosofia para criar suas teorias, ou para defender seus pontos de vista. Quanto mais criteriosa e rigorosa for a explicação, mais respeitável será a respectiva teoria.
Preciso ainda ampliar essa questão e definir a linha que vou dar a esse texto.
Edson. Madrugada Neon de 03.11.13. 03h48. PNMMENJA. São Paulo.