23.12.18

Anadores

Só me procure se você não precisar de mim... Se você estiver doente, carente, ou à beira da morte, nem venha me ler. Esqueça-me, carinhosamente. Nesta casa de tolerância poética não tenho remédios. Não tenho aspirina, novalgina, dipirona ou anadores. Aqui só tenho estrelas, palavras e flores, abraços, tesão e loucura; vinho, dança e amores!

Ressalva:


O texto acima — "Só me procure se você não precisar de mim" — pode suscitar críticas. Como se eu, maldosamente, repelisse os que sofrem. Nada disso! Eu apenas questiono se a doença é real. E também me inspiro em Roberto Freire e no seu belíssimo poema de amor, aquele que termina mais ou menos assim: "Porque te amo, tu não precisas de mim. Porque tu me amas, eu não preciso de ti. No amor, jamais nos deixamos completar. Somos, um para o outro, deliciosamente desnecessários."


E você sabe como é bom sermos deliciosamente desnecessários, não é mesmo?!

Portanto, se você gosta de estrelas, palavras e flores, abraços, tesão e loucura; vinho, dança e amores — venha! Que eu cairei nos teus braços...