14.9.18

Salmão ao molho de Alegria

Preparar o Espírito para um Ato de Amor.

Lembrar-se de que esta é tua única Vida — e sorrir para todas as coisas belas e boas que agora te envolvem. Fazer silêncio absoluto, porque Deus em Pessoa acaba de chegar à tua casa. A cozinha vira um Templo. O fogão e a pia — são os altares. E teu peito será o púlpito.

Você vai fazer um... Salmão poético ao molho de Alegria.

Preparar uma panela de vidro, delicadamente, forrando-a com rodelas de tomates vermelhos.

Deitar em cima do tomate as postas de salmão, arrumando-as com cuidado.

Derramar o conteúdo de uns dois ou três vidros de molho de tomate à Pescatora (ou algo semelhante) por sobre o peixe. Acrescentar mais temperos e sal a seu gosto, pimentões verdes e vermelhos — e mais tomates e cebolas em fatias, desde que o salmão fique totalmente imerso neste molho escandaloso e colorido. Meio copo de vinho branco seria bom, uma colher de azeite, dois ou três dentes de alho e quatro ramos de salsinha.

Se preciso, acrescentar um pouquinho de água quente — e abençoada.

Deixar em descanso por um tempo, marinando
— de preferência ao som de Beethoven, Vangelis, Paganini, Jon Bon Jovi
, Tonico e Tinoco, ou qualquer outro que te agrade.

Levar ao fogo brando. Não mexer. Deixar que ferva por cerca de quinze minutos.

Enquanto isso, preparar o arroz. Temperos e sal a seu gosto. Arrisque. Meia colher de açafrão em pó, se quiser. Mexer um pouco, com delicadeza e muito tato. Seguir as instruções de sua mãe, ou o feeling do mestre da cozinha. Fazer arroz é muito fácil...

Enquanto o fogo do fogão faz a parte dele, leia uma poesia de amor. Ou escreva uma.

Depois de cozido, colocar o arroz numa travessa bonita e enfeitá-lo com ternura, com seu toque pessoal, inconfundível.

Servir o salmão na própria panela em que foi cozido. Usar colher de pau.

Abrir um vinho branco — com amor — suspirar fundo, agradecer aos deuses, encher o peito de alegria e preparar-se para o Ato. Se for noite, acender as velas no candelabro — ou uma só no castiçal.

Que você não tenha pressa alguma e nem mesmo lembranças te perturbem.

Que a música seja leve e que o ambiente se transforme em catedral.

Então, comer delicadamente, como se estivesse rezando — e falando apenas com os olhos. E com Deus.




(*) A panela não precisa ser de vidro. E, se não tiver salmão, pode ser qualquer outro peixe que você preferir, cortado em postas. Ainda estou aprimorando esta receita. Se você tiver alguma sugestão, avise-me.





E aqui tem uma outra receita para um outro jantar romântico: 
Em princípio, só para mulheres.