12.10.14

dedos tecendo ternuras

Enquanto teus dedos tecem com ternura e ousadia a trama do tecido que descobre a minha pele — e com ela se confunde — minhas bêbadas e rútilas pupilas procuram resgatar o teu gesto cheio de surpresa, e que perdura. O vermelho prazer das tuas unhas costura com a linha do horizonte do meu corpo a essência mesma da carícia mais profunda, e eu sinto teus cabelos derramados como trigo por sobre o silêncio do meu corpo absoluto. Busco então, com a mais perplexa emoção, aquele ponto único que faz de mim um deus entusiasmado com sua própria criatura. E, por fim, o meu cansaço, protegido pela dulce carne dos teus lábios nacarados, se converte em desejo novamente. É a Vida, ávida e pulsante, breve, sanguínea, transitória e delirante. Que prossegue, com suspiros, com certeza — e com paixão.