Certas pessoas (como filósofos, cientistas, psicólogos, astrônomos, biólogos, físicos, químicos, teólogos, etc.) criam sistemas, compostos de teorias pretensamente bem estruturadas, visando descobrir ou explicar, dentro de cada um desses respectivos sistemas filosóficos ou científicos, as causas, o funcionamento e as eventuais conseqüências de alguns fenômenos da natureza. Da natureza, do espírito ou do corpo humano, tanto faz. Vale para uma galáxia, e vale para um átomo. Sempre foi assim e sempre será assim. Não há outra forma racional de propor explicações que não seja por meio de uma estrutura verbal composta de palavras e fórmulas. Foi o que fez Einstein ao criar a Teoria da Relatividade Geral, foi o que fez Platão ao escrever o Mito da Caverna para explicar como percebemos a realidade, foi o que fez Newton ao descobrir a Lei da Gravitação Universal. Cada um escreve como supõe que o fato ocorre, como acha que a coisa é. Isso vale para explicar a função dos elétrons na Mecânica Quântica, o comportamento de uma célula cardíaca, a fecundação de um jasmim, um beijo delicioso no céu da tua boca, e até mesmo a criação do Mundo. E este é o principal ponto que quero aqui discutir. Quero não explicar, mas entender o fundamento das teorias, respeitando-lhes as abrangências e os limites. Ou seja, eu quero entender como é que as teorias são construídas, e depois como é que se sustentam. E quero também entender como é que uma relação de amor se estrutura...
Quando a teoria não atende certos requisitos formais (físicos, filosóficos, ou matemáticos) ela requer pequenos (ou grandes) ajustes. As teorias que explicam o mundo, quando analisadas de mais perto e com rigor, apresentam problemas. A estrutura formal tem problemas. Tanto na cosmologia (Big Bang), quanto na cosmogonia (Gênesis). Certas coisas não se encaixam. Para os cientistas a solução é mais fácil: basta encontrar uma nova teoria com base em novos dados, obtidos por medições, telescópios ou sondas espaciais. Já os teólogos não têm essa estrutura toda. Enquanto os cientistas estão sempre em busca de novas informações, que corroborem, refinem ou ajustem suas teorias, os teólogos, por outro lado, não podem refinar, revisar ou questionar o que defendem. O que está dito é tomado como sendo absoluta verdade, inquestionável. As "teses" teológicas não comportam evolução.
Vamos aos fatos.
Enquanto a Cosmogonia é a mesma desde sempre, e suas explicações não evoluem, a Cosmologia foi se refinando ao longo dos séculos. Primeiro, a Terra era o centro do Universo. Escrevem teorias e teorias sobre isso. Milhares. Depois, descobriu-se que era o Sol o centro do Universo. Copérnico. Então, os cientistas reformulam tudo, para adequar suas explicações às novas descobertas. E teorizaram incansavelmente sobre os novos dados. Com o passar do tempo, descobriu-se que o sol também não era o centro do universo. Então, os cientistas refizeram todas as suas teorias. Um cientista que hoje defenda que a teoria de que Terra ou o Sol seja o centro do Universo seria ridicularizado. Dessa forma a ciência progride. Utiliza os novos dados observacionais disponíveis. Enquanto isso, a Cosmogonia nem se mexe. Faz de conta que isso tudo não lhe importa. E continua exatamente a mesma. Tanto a cosmogonia dos hindus, quando a dos cristãos. Tanto a dos muçulmanos, quanto à dos índios tupinambás. A explicação religiosa não permite alterações. (Aliás, eu suponho que a Bíblia era para ter sido apenas uma Grande Enciclopédia, mas perdeu a chance, por causa dos interesses econômicos envolvidos na hierarquia da Igreja — que chegou ao ponto de criar até a Inquisição.)
Enquanto a teologia não permite produção teórica revisora de conceitos, e sua produção intelectual é pífia, a comunidade científica se ajuda. Por isso a ciência descobre vacinas, constrói computadores, inventa remédios, manda sondas à Lua ou Júpiter. Portanto, nesse sentido, para a humanidade, a ciência é muito mais importante que a religião.
Esse texto é apenas um esboço para um artigo que logo mais escreverei, e que será incorporado ao meu livro Teoria do Acaso.
Quando a teoria não atende certos requisitos formais (físicos, filosóficos, ou matemáticos) ela requer pequenos (ou grandes) ajustes. As teorias que explicam o mundo, quando analisadas de mais perto e com rigor, apresentam problemas. A estrutura formal tem problemas. Tanto na cosmologia (Big Bang), quanto na cosmogonia (Gênesis). Certas coisas não se encaixam. Para os cientistas a solução é mais fácil: basta encontrar uma nova teoria com base em novos dados, obtidos por medições, telescópios ou sondas espaciais. Já os teólogos não têm essa estrutura toda. Enquanto os cientistas estão sempre em busca de novas informações, que corroborem, refinem ou ajustem suas teorias, os teólogos, por outro lado, não podem refinar, revisar ou questionar o que defendem. O que está dito é tomado como sendo absoluta verdade, inquestionável. As "teses" teológicas não comportam evolução.
Vamos aos fatos.
Enquanto a Cosmogonia é a mesma desde sempre, e suas explicações não evoluem, a Cosmologia foi se refinando ao longo dos séculos. Primeiro, a Terra era o centro do Universo. Escrevem teorias e teorias sobre isso. Milhares. Depois, descobriu-se que era o Sol o centro do Universo. Copérnico. Então, os cientistas reformulam tudo, para adequar suas explicações às novas descobertas. E teorizaram incansavelmente sobre os novos dados. Com o passar do tempo, descobriu-se que o sol também não era o centro do universo. Então, os cientistas refizeram todas as suas teorias. Um cientista que hoje defenda que a teoria de que Terra ou o Sol seja o centro do Universo seria ridicularizado. Dessa forma a ciência progride. Utiliza os novos dados observacionais disponíveis. Enquanto isso, a Cosmogonia nem se mexe. Faz de conta que isso tudo não lhe importa. E continua exatamente a mesma. Tanto a cosmogonia dos hindus, quando a dos cristãos. Tanto a dos muçulmanos, quanto à dos índios tupinambás. A explicação religiosa não permite alterações. (Aliás, eu suponho que a Bíblia era para ter sido apenas uma Grande Enciclopédia, mas perdeu a chance, por causa dos interesses econômicos envolvidos na hierarquia da Igreja — que chegou ao ponto de criar até a Inquisição.)
Enquanto a teologia não permite produção teórica revisora de conceitos, e sua produção intelectual é pífia, a comunidade científica se ajuda. Por isso a ciência descobre vacinas, constrói computadores, inventa remédios, manda sondas à Lua ou Júpiter. Portanto, nesse sentido, para a humanidade, a ciência é muito mais importante que a religião.
Esse texto é apenas um esboço para um artigo que logo mais escreverei, e que será incorporado ao meu livro Teoria do Acaso.