25.2.14

amar pouco x amar muito

Algumas pessoas, que geralmente só têm um relacionamento amoroso, gostam de dizer que são assim porque valorizam "mais a qualidade do que a quantidade". Incapazes de amar muito e livremente, acham que amar pouco é a melhor maneira de amar — senão a única. Acham que, se amarem uma só pessoa, essa condição transforma o objeto do seu "amor", automaticamente, em coisa maravilhosa. Enaltecem a própria deficiência em abrir seu coração. Claro que, via de regra, não são assim por burrice ou por maldade: são apenas portadores de preconceitos. Foram educados a ser contidos. A cultura em que nasceram lhes indica caminhos tortuosos, torturantes. Colocam em sua cabeça que o prazer é pecado, cobrem-lhes as almas com culpas ancestrais. Portanto, com base em seus tolos preconceitos, tais pessoas acabam valorizando a própria incapacidade de amar muito e tanto. Claro que, ao defender tais posições, demonstram nada entender de lógica. Sofismam sem cerimônia alguma. Arriscam sua credibilidade à toa.

E, com essa sua postura, são indelicados para com aqueles que somos capazes de amar livremente — muito e tanto — pois não nos consideram competentes, nem capazes de fazer boas escolhas. Insinuam que somos vulgares porque amamos muito e muitos.

Radicalizando no seu próprio "raciocínio", se é que falam mesmo a verdade, e se agem mesmo dessa forma — devem ter apenas um amigo. Pois tê-los muitos significaria que todos esses amigos são de baixa qualidade...


Se fôssemos levar a sério essa sua filosofia de jegue, chegaríamos a um absurdo, pois essas pessoas afirmam mais ou menos o seguinte: Se eu amo só Maria, então Maria é uma deusa. Ponto final. Mas se eu, além de Maria, amo Vera — então Maria deixa de ser deusa e fica pior do que é. E se, além de Vera e Maria, eu amar Alessandra, Joyce, Beatriz, Paloma e mais algumas — todas viram umas vacas... Ou seja, quem, sobre o assunto e com tal intenção, diz que "prefere a qualidade à quantidade", comporta-se como um boçal. Claro que Maria não fica pior pelo simples fato de eu amá-la e amar outras ao mesmo tempo. Assim como Maria pode muito bem amar José e Pedro e Marcos e Lucas e eu, tudo ao mesmo tempo — sem que nos tornemos jacarés. Será que é muito difícil entender isso? Será que essa coisa tão primária está realmente além da compreensão desses coitados, desses pobres infelizes?

Ainda não finalizei o texto. Mais tarde darei continuidade a esse tema.