Os lírios também morrem. Título para um poema, talvez um livro. Pensei agora, sentado na varanda, ao lado do vasinho que já foi jardim. O perfume dos lírios me envolve de uma forma impressionante. Dois estão morrendo, mas um monte de outros florescendo. Lembro-me de Patricia e de Suzana — e do brilho cintilante que elas tinham. Ia dizer que hoje não tem pássaros aqui, mas acabo de ouvir um. Passa voando, amarelinho, bem-te-vi. Me concentro bem-te-vejo ainda mais e ouço outros, muitos, tantos, até uma sabiá. Tomo mais um gole delicioso de café, que ofereço em silêncio à minha Mãe, faço um brinde ao sol que se levanta, lembro-me de Deus e de Montaigne — e sinto que hoje é hoje, nada mais.