Hoje seria aniversário do meu irmão Paulo. Que morreu. E que ficou cego porque via demais... Bebia — mas era um louco por metáforas e céus azuis enluarados. Assim como na história de Jesus, todos os irmãos, com duas exceções, o detestavam. Criativo, montava estruturas geodésicas já aos cinco anos de idade. Às vezes, quando criança, transformava bujões de gás em lança-chamas. Peralta como um saci. Jogava xadrez. Era bom de cálculo: aos dezessete, passou direto no vestibular de Engenharia da Poli-USP. Mas não fez o curso porque sentia-se responsável pelas próprias razões... Ou por outras, talvez.