18.9.13

sou

Sou o autor da minha vida e o próprio personagem. A dança e o bailarino, a música, o regente, o compositor. A ternura mais vermelha e delicada, o lóbulo da orelha do meu amor. O beijo e o orgasmo, a delícia e o licor; o êxtase, e todas as auroras brilhantes que ainda vão chegar. Sou o céu estrelado, a língua do horizonte e a voz do mais além. Sagrado e profano, sou profundo e supérfluo. A origem da tragédia, a Luz e o pó... Sou mínimo e tanto, pouco em princípio, paixão e excesso, glória, desejo, emoção. Sou infinito no meu coração entusiasmado, e a última labareda de uma espécie de fogo em extinção.
Ou seja — nada!
(...)
Este texto é longo, e continua para muito além daqui. O original completo estava no meu livro Solidão a Mil, primeira edição, volume 1, de 1998. Excluí das edições posteriores.