11.8.13

meu pai

Meu pai era racional demais, disciplinado demais, e ético demais. Dominava o cálculo, era íntimo dos números, me ensinou a tabuada do 13 quando eu tinha sete anos. Nasceu para o comando. Órfão desde cedo, foi lavador de garrafas, ajudante de tropeiro, guarda-livros, delegado de polícia, jogador, comerciante, e alcoólatra — não necessariamente nesta ordem. Porém, sempre foi respeitável e honesto. Gostava de girassóis e de vinho com coca-cola. E em todas as galileias que estouraram em nosso mundo, ele foi lá, resolver a parada.

Recomendações que ele me dava quando eu era criança:
1. Respeite a tua Mãe.
2. Não carregue pacotes.
3. Não economize na comida.
4. Seja dono do teu próprio negócio.
5. Beba pouco.
6. Estude bastante.
7. Não fume.
8. Não transe com as empregadas.
9. Não minta — exceto se for para salvar a vida.

No dia em que mudei-me para São Paulo ele chorou escondido. E morreu do coração aos 49.