André era um menino de sete anos que eu conheci certa vez num sítio em Pedra Branca, SP. Ele tartamudeava e era extremamente tímido, talvez por isso mesmo. Filho único de um casal de caipiras, quase mudos, muito pobres. André queria falar. Quando lhe perguntávamos alguma coisa ele tentava responder, mas só saíam palavras trêmulas, ininteligíveis. O que ele saiba bem era reproduzir o som das galinhas, do porco, do cavalo e dos passarinhos. Ele imitava bem os animais e as aves. O jacu, o bem-te-vi, a sabiá... Então, olhando firme nos olhos dele — como se olhasse nos olhos do seu irmão — eu lhe prometi, numa tarde de domingo em Pedra Branca, eu lhe prometi que lhe daria um rádio. Para que pudesse ouvir vozes humanas e aprendesse também a reproduzi-las. Um rádio de pilhas, porque lá no ranchinho deles não tinha luz elétrica. Mas até hoje eu não voltei a Pedra Branca. Tenho que cumprir logo essa promessa. Deus não esquece nunca das promessas que a gente faz.
E você, tem promessas em aberto — ainda não cumpridas?
E você, tem promessas em aberto — ainda não cumpridas?