Quando eu tinha onze anos de idade meu pai mandou o dono da loja — Tito Klocker — trazer-me um rádio de ondas curtas. Presente de aniversário. Meses depois, deu-me uma assinatura anual do jornal Estadão. Esses dois presentes foram fundamentais na determinação do meu futuro.
Obrigado, Pai!
Obrigado, Pai!
Eu adorava o rádio. Durante o dia, muitas notícias, e o programa do Hélio Ribeiro. À noite, as transmissões em ondas curtas da Voz da América, da Rádio Central de Moscou, da BBC, da Rádio El Mundo, de Buenos Aires, da Rádio Pequim, da Radio Sofia, da Bulgária, e assim por diante. Geralmente, em espanhol. Eu preferia o espanhol visando aprender a língua. Depois de dois anos, o espanhol passou a ser minha segunda língua. Essas transmissões também me ajudaram a aprender que os fatos podem ter várias versões. Mas quando a pilha estava acabando, eu tinha que encostar o ouvido no rádio. Dormia com ele ligado, na cama, ao lado do travesseiro. Aprendendo espanhol — e viajando pelo mundo...