7.6.12

Com estrelas a bombordo

Eu abro caminho com estrelas a bombordo e com flores no infinito. Na vida, eu sempre me ligo a certas coisas e me desligo de outras. Fico cheio de tantas, e vazio de muitas. Um Mar Vermelho inteiro acaba de se abrir aqui agora mesmo à minha frente. E eu respiro como se ondas azuis inflassem de Deus o meu espírito em repouso. Tudo agora é muito claro para mim. Até o Céu se esclarece. E o próprio dia se transforma numa eterna madrugada. Tudo enfim é descoberto por uma doce neblina de gostosuras libertárias, incertezas tão profundas. Tudo quente — e tudo frio ao mesmo tempo. Deus me cutuca, e meu espírito se torna então atômico, inspirado, feminino, e dança no meu corpo bailarino. Meu parceiro luminoso, divino, brilhante, colorido e mais sensível, me seduz como paixão e me conduz como destino. Ou, talvez, me seduz como se amante e me conduz como se acaso. Se vou para o Norte ou se vou para o Sul — nunca mais saberei. Porque não é preciso mais saber, nos dois sentidos de saber e de preciso. Nada agora é mais urgente do que o próprio Agora. Pois rasguei os meus mapas, quebrei meu relógio e joguei minha bússola... Mas, apesar de tudo isso — ou devido mesmo a isso tudo — acabei de me encontrar. E abracei meu coração.

Apaixonei-me por Mim...