Adoro ovo frito. Mas tem que ser recém-botado por galinha nova criada solta. Esta frase eu a escrevi domingo no Pedra Baiana, um restaurante onde, há três anos, escrevi muitas frases soltas, inclusive esta: Minha mãe até hoje não entende muito bem por que, no dia em que eu nasci, chegaram à nossa casa aqueles três desconhecidos trazendo ouro, incenso e mirra. Essas 36 frases eu as escrevi no dia em que estava lendo Vida, de Leminski, ao lado de um chardonnay argentino. Caso você as leia, considere estas ressalvas: Eu respeito e amo Jesus, incondicionalmente. É o mais belo poeta revolucionário de todas as mitologias. E também respeito quem o vê como o Filho do Deus Criador. O Jesus que fez o Sermão da Montanha deve ser louvado todo dia por todo mundo. Mas, lembrem-se: estou escrevendo um livro chamado "The Master of Jesus". E algumas das frases são falas de um personagem. Ou de vários personagens. Esse livro pode virar uma peça, que será talvez levada ao teatro por Antonio Abujamra. Quem sabe, um filme. Além do mais, como escritor, devo manter a liberdade de criação. E essa liberdade é sacratíssima, em todos os sentidos. Que poeta eu seria se uma ideia qualquer me viesse à cabeça e ao coração e eu tivesse que escondê-la (ou sufocá-la) só porque poderia, talvez, ferir suscetibilidades de algumas pessoas? Que poeta eu seria se condicionasse minha inspiração aos preconceitos, crenças ou visões do mundo de outras pessoas? Já pensou se eu não pudesse defender o amor livre porque muita gente é contra? Se eu não pudesse falar do Buda porque o cristão é contra? Se eu não pudesse amar Jesus porque os judeus o negam? Se eu não pudesse escrever sobre Zeus só porque ele é um Deus que nasceu antes de Jesus, ou de Alá, ou Maomé? Se eu não pudesse amar a rosa ou a margarida só porque o lírio as quer todas para si? Seria muito difícil viver assim... Pautar nossa vida exclusivamente pelas opiniões alheias deve ser um horror! Por isso, eu me exponho inteiro no balcão das alegrias. Eu abro as minhas entranhas sem medo de mostrar os meus avessos... Escancaro meu coração porque creio na Vida!