31.1.12

subir ao mundo

Aquilo que planejamos não nos surpreende. O que é planejado nunca emociona, não tem encanto. Toda aventura tem que ser imprevisível. Se você não subir ao mundo, o mundo é que acaba caindo, desabando sobre você — e te esmaga sem dó. Se você não saltar profundo, não saberá o que é viver.

Eu escrevo e fico pensando no que escrevi. Claro que aquilo que planejamos não nos surpreende, realmente. Porém, ainda preciso questionar um pouco mais a frase seguinte, sobre a falta de encanto daquilo que é planejado. Talvez possa, sim, nos encantar e emocionar. Pensarei melhor a respeito. Mas, quanto a subir ao Mundo, à gostosura de subir ao mundo — não tenho dúvidas! A propósito:

Dizem que havia uma colônia de vermezinhos sonolentos e graciosos no fundo de um lodaçal. De vez em quando, alguns subiam à superfície e nunca mais voltavam. Isso deixava perplexos aqueles que não se arriscavam a subir. "O que será que tem lá em cima? Que tipo de perigos pode haver?" — se perguntavam. Até que certo dia um deles acordou, pôs as duas mãos no próprio coração e prometeu sinceramente aos seus irmãos: "Vou subir e depois volto para contar a vocês como é o Mundo lá em cima". Preparou-se muito bem, leu Osho e Henry Miller, armou-se de inocência e de coragem, aguou suas plantinhas, despediu-se dos amores, atualizou o blog, desfez as suas malas — e subiu.

Ele tinha mesmo a real intenção de voltar ao fundo. Mas, assim que chegou à superfície, viu Luz, transformou-se numa libélula, abriu as duas asas — entusiasmou-se! — e voou livre para o azul do céu profundo... Por isso, agora já não pode mais voltar. Morreria se voltasse.

Certas promessas jamais serão cumpridas.