Minha formação religiosa foi determinada basicamente por um conselho, dado com amor por Dona Iracy, minha mãe, quando eu estava de saída para a cerimônia da primeira comunhão e lhe falei sobre o medo que eu tinha de confessar meus pecados — aqueles mortais, veniais, fatais, sexuais, etc. e tais. Então ela me disse, sorrindo e piscando um olho: "Conte só os pequenininhos. Os grandes eu já os confessei por você — e Deus já perdoou." Dessa forma carinhosa, minha mãe acabou salvando-me a alma do inferno cristão, só para depois jogá-la, também com amor e ternura, na socrática fogueira da poesia e da loucura. Mas hoje eu não cometo mais pecados. A menos que sejam muito gostosos e se tornem inevitáveis…