27.12.11

funcionario do bradesco

Um funcionário subalterno do Bradesco veio aqui me orientar sobre as melhores horas para se fazer filosofia e escrever poesia. Segundo ele, eu tenho escrito em horas impróprias... Além do mais, o tema liberdade não lhe agrada muito. Pudera: o coitado casou na marra há 25 anos, e permanece casado até hoje. Diz ter vontade de separar-se, mas lhe falta uma coisa elementar: coragem. Ou seja, esse contador nas horas vagas é livre só até certo ponto. Tem três filhos e quatro razões para ter medo. Sei que nunca leu Platão, mas supõe ter condições de indicar-me as boas horas pra fazer filosofia. Não sabe sequer o nome de García Lorca(*), e já quer orientar-me sobre a hora mais propícia de escrever poesia. Ainda não lhe respondi, mas talvez eu o transforme num personagem do livro Teoria do Acaso.
(*) Federico del Sagrado Corazón de Jesús García Lorca.