7.3.11

olhos de amante

Quando meus olhos de amigo descobrem a bela mulher que vive em você, sinto por cima dos meus ombros o amante à espera de uma chance. À primeira vacilada, o amante que mora em mim ataca. Com delicadeza, mas ataca. Por isso, menina, não ligue quando pouso minhas mãos em tuas pernas: hoje eu não quero mais nada. Mas o amante em mim, à espreita, te observa, te foca. O amante profeta que sou antecipa futuros — e te lambe com a língua do sonho e te vê com olhos da alma. E aguarda o momento, o mágico momento em que, felino, vai lançar-se sobre ti e tocar o teu corpo com poesia e tesão. E depois pintá-lo como Dali em noite de gala.