6.7.10

amanhece

Amanheço em mim como se amanhecesse só.
Mas amanheço muito.
Bolinhas de lembrança na boca que se abre me trazem o gosto do vinho que bebemos noite que passou. Minhas pálpebras vacilam, meus olhos piscam incessantes, como se aplaudissem o sol que se levanta, sangüíneo, entre nós três. Outra vez, distendo meus músculos de revolução poética, e me atiro de novo em seus braços — como se fosse um fuzil. Me atiro como se fosse pólvora.