Eu escrevo todo santo dia. Meu único princípio é não ter fim. Tenho que libertar os meus neurônios de uma prisão chamada fé. E as palavras então se oferecem, prostitutas, para mim. Caem no meu colo, lúbricas, doces, inocentes. Caem na minha boca, dançam na minha língua — e em todas as outras. Se derretem por mim quando preciso delas quentes para falar de amor, e vêm geladas e cortantes se preciso contar tristeza. As palavras, todas, se oferecem para mim, obscenas e santíssimas ao mesmo tempo. Divinas e profanas — como falo. Então as escrevo, profundas, belas, insensatas, radicais, libertadoras.
Por isso há tanto lirismo na minha obscenidade.
— Tanta realidade na minha ficção.
E tanto amor nos meus amores...
Por isso há tanto lirismo na minha obscenidade.
— Tanta realidade na minha ficção.
E tanto amor nos meus amores...