Estou morando numa casa que tem tramela, uma corruíra canta ali na laranjeira e a tampa da chaleira de alumínio começa a tremer lá dentro, no fogão de lenha. Nenhum barulho que não seja agradável. Um tiziu aveludado toma a decisão de me encantar, saltando vertical no palanque do portão. Se a gente não nasceu num lugar assim como esse, bucólico, meio oriental, pode ainda ter a sorte de renascer num parecido. Sinto-me hoje um Herman Hesse cultivando rosas e alfaces, tocando clavicímbalos e deitado eternamente no meio de um jardim.
Na verdade, é bom dizer, minha casa não tem tramela. E minha casa não é minha. Mas eu toco clavicímbalos, cultivo rosas e alfaces, e vivo num jardim...
Na verdade, é bom dizer, minha casa não tem tramela. E minha casa não é minha. Mas eu toco clavicímbalos, cultivo rosas e alfaces, e vivo num jardim...