Aqui no jardim da minha mãe eu caminho com estrelas no meu peito e com flores na cabeça. Nesta tarde de alegria, logo depois de ter tomado suco de araçá com pitanga, eu me lembro de Paganini. Meu espírito inspirado pela música sobe à flor da minha pele. Meu coração luminoso, colorido — me seduz e me conduz. Enquanto o suco de pitanga cai direto lá no céu na minha boca, o universo inteiro entra em foco, o beija-flor sobrevoa outra vez um copo de leite, e a vida me convida pra dançar... E me lembro de Paganini porque Núbia é violinista. Ela então acomoda seus dezesseis anos todos numa cadeira branca — e começa a tocar para essa platéia entusiasmada de ninfas, duendes e fadas que habitam o jardim. Ela toca para o beijo e para as flores, ela toca para a vida, ela toca para o sol, ela toca para Deus.
Ela toca para mim.
Ela toca para mim.