30.9.09

filhos jamais

Não tenho filhos — e jamais os terei. Decisão tomada quando eu tinha doze anos. Foi com essa idade que eu concluí que jamais seria um "chefe de família". Concluí que ser pai e amante da liberdade ao mesmo tempo, são coisas incompatíveis. Hoje penso que ter filho é um risco desnecessário. Entretanto, se por desventura mudar de ideia ou se por acidente tiver um — sei que vou preferir um filho criativo a um filho bem-comportado.

Porque não dá pra ser as duas coisas ao mesmo tempo.


Adoro crianças! Tenho verdadeira paixão por elas, e parece que tal sentimento é recíproco. Trato-as com profundo respeito, e sempre ensino-lhes coisas novas. Até chego a dar-lhes algumas dicas sobre como enganar os papais autoritários e as mamães superprotetoras. Minha relação com as crianças — todas as crianças que não sejam birrentas — é fundada na compreensão, no ensino gostoso da lógica, no deslinde dos mistérios, na cumplicidade, na alegria de buscar coisas novas e na quebra de tabus. E na tabuada. E no chute às normas castradoras. Todas as crianças eu as trato como grandes artistas, gênios indomáveis, pequeninos deuses. Por isso elas também me adoram.

Como já disse, adoro crianças — mas não preciso ter uma exclusiva, aqui na minha casa o tempo todo. Não tenho esse sentimento de posse. Não tenho essa necessidade. E não sou pedagogo. Prefiro amá-las a produzi-las. Não quero ter a responsabilidade de fazê-las.


Alguém as faz por mim.