Ontem fui à casa dela e encontrei seu pai, um homem simples, quieto e simpático, que tratou-me com respeito absoluto. Ele tem uma barbearia. E um jaleco branco, imaculado. Chama-se Nestor. Conversou comigo, sorriu pra mim, parecendo até agradecido nem sei por quê. Mas se ele soubesse dessas coisas proibidas que estamos fazendo, eu e sua filha — provavelmente me expulsaria de lá. Talvez até me matasse a navalhadas, num acesso inexplicável de fúria paternal.
Mas, no fundo, se ele soubesse, realmente, o que eu e Elaine estamos fazendo há mais de uma semana; se ele pudesse entender, mesmo, o tamanho do amor puro que eu sinto por essa lolita; se soubesse o quanto sua filha é respeitada por mim, em todos os sentidos possíveis, ele certamente me agradeceria mil vezes por segundo — e de joelhos.
Se esse pobre homem soubesse, por exemplo, que a vida sensual da sua filha era um deserto antes de mim; que ela ainda não havia sido amada por ninguém de forma alguma, e que sou eu que a transformo de menina em mulher e de mulher em musa, delicadamente; se ele soubesse quem sou, realmente, e o que penso sobre a Vida, esse homem bom, honesto, responsável, religioso e trabalhador — esse homem cheio de fé e candura — me recomendaria a Deus, com louvor. E talvez até colocasse uma pequena estátua minha lá no oratório do seu quarto, entre Nossa Senhora Aparecida e São Jorge — só para venerar-me toda noite ao se deitar. Todo santo dia...
Santo Edson!